Vítor Oliveira voltou a fazer das suas. O treinador de sessenta e dois anos levou mais um clube para a primeira divisão portuguesa. É o quarto ano consecutivo em que o faz, sempre com clubes diferentes. O desportivo de Chaves fica entregue e o mestre das subidas parte para outra. Ainda não se sabe qual mas a Académica está a precisar dos seus serviços especializados. A fama já chegou ao país vizinho e o produto vende-se sozinho. Se quer subir já, ligue ao Oliveira.

O senhor de Matosinhos

Vítor Oliveira encontrou o seu nicho de mercado: ajudar uma equipa a subir ao primeiro escalão.

Vítor Oliveira encontrou o seu nicho de mercado: ajudar uma equipa a subir ao primeiro escalão.

Vítor Oliveira nasceu em Matosinhos há sessenta e dois anos e tem como clube do coração o seu Leixões. Foi um médio de respeito mas logo que abandonou a prática do futebol embarcou na carreira que lhe haveria de trazer fama, mais do que merecida. Com treinador já representou quase duas dezenas de clubes, o suficiente para fazer uma liga só dele. Tem sido uma vida de andar com a casa às costas mas de muito sucesso.

Ao contrário de muitos outros companheiros de profissão Vítor Manuel Oliveira não se deixou deslumbrar com a ambição de chegar sempre mais alto. Pelo contrário, encontrou o seu lugar no mundo do futebol. O experiente treinador tem um nicho, que coincide com aquilo que lhe dá mais gozo fazer. Oliveira é o especialista em promover uma equipa da II Liga ao escalão principal. Já o fez por nove vezes, o que em dezasseis tentativas lhe dá uma taxa de conversão superior a cinquenta e seis por cento.

Vitor Oliveira já disse várias vezes que não lhe interessam os clubes que lutam pela manutenção. Ele gosta é de ganhar e percebe que na segunda divisão nacional as suas hipóteses de vencer aumentam substancialmente. Subir com um clube, viver essa esperança coletiva, é ficar para sempre na memória dos adeptos. Essa componente emocional também pesa nas opções de carreira do treinador.

Se é para subir, liga ao Oliveira

No passado fim de semana o Desportivo de Chaves garantiu matematicamente a subida à Liga NOS, ao fim de dezassete anos de ausência. Foi o nono clube que o especialista em subidas ajudou a chegar à primeira divisão portuguesa. Nos últimos quatro anos é um feito que repete consecutivamente, sempre com emblemas diferentes. Outra particularidade é que Vítor Oliveira os leva até à primeira mas não fica. A história repetiu-se mais uma vez. O técnico já anunciou que declinou o convite para continuar em Chaves e parte para outra. Qual, ainda não se sabe, ainda que a Académica, clube que lhe diz muito, esteja desesperadamente a necessitar dos seus serviços especializados.

Esta especificidade do trabalho do treinador matosinhense arrancou em 1991, ano em que participou na ascensão do Paços de Ferreira à primeira divisão. Seguiram-se a Académica, União de Leiria, Belenenses, Leixões, Arouca, Moreirense, União da Madeira e agora o Chaves.

Não se pense que Vítor Oliveira nunca arriscou continuar com um clube, embarcando na aventura de disputar o campeonato nacional de topo. Fê-lo com os Pacenses, por exemplo, acabando a época num confortável décimo segundo lugar.

Segredos não tem

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Oliveira prefere partilhar a esperança coletiva de quem luta para subir e ficar para sempre na memória dos adeptos

Os feitos do treinador “elevador automático”, como lhe chamou o El País, já chegaram aqui ao lado. E o jornal espanhol promove-o como uma aposta segura se o objetivo de um determinado clube é subir de imediato. Vítor Oliveira reconheceu nunca ter tido uma proposta para fazer o mesmo em Espanha, o que lhe teria agradado porque considera ser um campeonato muito competitivo, com um futebol que o atrai. Mas também adianta, a quem lhe pergunta pelo segredo do seu sucesso, que não os tem. O que há é um conjunto de condições que aumentam essas possibilidades. E passa a enumerar: um bom plantel, mais importante que ter bons jogadores; uma estrutura sólida e organizada; uma administração que honra os compromissos, nomeadamente que pague aquilo que prometeu aos jogadores; muito trabalho e alguma sorte. Ao que eu acrescento, muito conhecimento das especificidades competitivas da II Liga.

 

Boas Apostas!