À beira do início da Taça das Nações Africanas 2015, uma coisa podemos ter por certa: o vencedor da última edição não se repetirá. Isto porque a Nigéria, campeã em 2013 e presente no Mundial de 2014, não foi capaz de superar as equipas da África do Sul e do Congo no seu grupo de qualificação.

A representação lusófona nesta prova está, desta vez, limitada à equipa de Cabo Verde, já que Angola e Moçambique ficaram longe de poder sonhar com o apuramento. Outra das equipas que primam pela ausência são o Egito, a pagar um elevado preço pelas interrupções da competição no seu país, e Marrocos, que estava destinado a ser o país organizador mas que recusou levar adiante o evento devido a preocupações sanitárias com a crise do ébola.

Finalmente, a Guiné Equatorial surgiu como opção para organizar a prova uma vez mais, salvando a Confederação Africana de Futebol de ficar sem o seu ganha-pão. Olhamos para os grupos A e B desta prova, em busca da emoção, dos craques e das surpresas que a “CAN” habitualmente nos reserva.

Burkina Faso tenta uma vez mais

Aubameyang Gabão

Aubameyang lidera equipa orientada por Jorge Costa

Com um plantel mais experiente do que há dois anos, o Burkina Faso quer fazer, no mínimo, igual, alcançando a final da prova. Paul Put venceu as dúvidas organizando a equipa com uma defesa bem sólida, dando espaço para que, ofensivamente, os burquineses aproveitem todo o talento de Jonathan Pitroipa. Atualmente no Al Jazira dos Emirados Árabes Unidos, o fantástico extremo conta com a companhia de dezasseis jogadores que atuam em campeonatos europeus, o que costuma ser um forte indicador de sucesso nesta Taça. Jorge Costa e o “alemão” Aubameyang parecem ser os mais capazes candidatos a desmentir o favoritismo do Burkina. O técnico português conseguiu impor a disciplina numa equipa que beneficia de uma geração de qualidade e com experiência europeia. Chegar longe nesta prova é uma ambição real.

As outras duas equipas do grupo podem apenas ambicionar a ser surpresas. No entanto, o Congo chega com provas dadas, já que esteve no grupo onde a Nigéria acabou eliminada. Claude Le Roy é um velho conhecido no continente e a sua experiência poderá causar bastantes problemas às equipas mais fortes do seu grupo. Já a Guiné Equatorial, apesar de jogar em casa, não parece reunir as condições para ser um candidato. O futebol deste país vive marcado pela desorganização – é bom lembrar que foi afastado da qualificação para esta prova por uma inscrição ilegal de um jogador – e o seu treinador foi escolhido há poucos dias para liderar a equipa, ainda que Esteban Becker já conheça o país por ter liderado a equipa feminina.

Cabo Verde num grupo exigente

Ryan Mendes Cabo Verde

Ryan Mendes é craque nos Tubarões Azuis

Os Tubarões Azuis foram a boa surpresa da prova há dois anos, mas precisam de ir mais além se querem repetir a graça, agora sob o comando de Rui Águas. Muita coisa mudou para a seleção de Cabo Verde, que é agora uma equipa considerada suspeita de alcançar bons resultados. Ryan Mendes e Odair Fortes brilham no campeonato francês, enquanto Garry Rodrigues se estabeleceu em Espanha, com o plantel escolhido pelo técnico português a ter apenas dois elementos a atuar em África, ambos no Progresso, de Angola. Esse facto poderá permitir uma boa organização defensiva à equipa, que não se pode gabar da sorte no grupo que tem de enfrentar.

A Tunísia é um candidato recorrente ao título, ainda que se apresente algo fragilizada este ano, devido a problemas físicos em alguns dos seus melhores jogadores. Para além disso, as equipas árabes costumam sempre ter alguns problemas quando têm que jogar na África subsariana. Caso Georges Leekens conseguir ultrapassar essas limitações, a organização defensiva e o talento técnico dos seus jogadores poderão ajudá-lo a sobreviver à concorrência. A Zâmbia não chegou a dar o salto que se esperava com a conquista do título em 2011, tendo falhado a presença no Mundial e não tendo encontrado nos seus melhores jogadores quem pudesse afirmar-se no futebol europeu. Não podendo contar como uma surpresa, a verdade é que a experiência competitiva de há três anos, num Mundial que também foi, em parte, disputado na Guiné Equatorial, poderá voltar a despertar o futebol zambiano para escrever uma nova página da sua história. Finalmente, a República Democrática do Congo conta com os “ingleses” Bolasie e Mulumbu para tentar criar problemas aos seus adversários, mas, enquanto não a podemos riscar do grupo de possíveis candidatos aos quartos-de-final, parece ser a equipa que parte mais atrás neste Grupo B.