Atlético de Madrid – Bayern Munique (Liga dos Campeões)
Esta é a meia-final da Liga dos Campeões que ninguém vai querer perder. Diego Simeone, mestre da tática defensiva, anulou o ataque de exceção do Barcelona, nos quartos de final, mas agora terá pela frente o filósofo do futebol ofensivo, Pep Guardiola. O Bayern até pode chegar com estatuto de favorito a esta semifinal mas no Vicente Calderón o Atlético de Madrid é rei e senhor. Espera-nos uma quarta-feira europeia de futebol de elite: com muita cabeça, garra e pernas.
Aqueles que com ele já trabalharam dizem que Diego Simeone é um homem de convicções tão intensas que é capaz de contagiar com elas os seus homens. A mesma equipa que sofreu até ao fim para eliminar o PSV, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, afastou o superfavorito Barcelona na ronda seguinte, sem que ninguém questione o mérito desse desfecho. No jogo da primeira mão o Atlético de Madrid até foi o que abriu as hostilidades, com o golo de Fernando Torres aos vinte e cinco minutos. E até à expulsão do avançado, poucos minutos depois, os Colchoneros estavam por cima no Camp Nou. Se defrontar o Barça com onze já é um pau, com um homem a menos é um desespero. No segundo tempo, com uma dobradinha o uruguaio Luis Suárez deu a volta ao marcador (2-1). A frustração de sentir que estava a jogar também contra o árbitro, contra os poderes do futebol da UEFA, não ajudou o Atléti em Barcelona. Mas reverteu a seu favor no jogo em Madrid. Simeone não desperdiçou o poder do “nós contra o Mundo” para motivar os seus homens, ao qual aliou uma outra linha de argumentação. Onze contra onze estavam a ser melhores e em casa ninguém os ia impedir de acentuar essa nota. Apesar da eliminação jogadores como Piqué e Iniesta tiveram o desportivismo de reconhecer que os Colchoneros foram tremendos a anular o jogo dos catalães. O modelo de El Cholo é entregar a bola ao adversário mas retirar-lhe todos os espaços. As intrincadas coreografias que Guardiola define e estimula nas movimentações ofensivas têm o seu contraponto nas estratégias defensivas do argentino. Mas o Atlético não se limita a desgastar e desfazer, está sempre alerta para as oportunidades de contra-ataque.
Os Colchoneros só concederam cinco golos nesta edição (dez partidas) da Liga dos Campeões. Durante a fase de grupos só o Benfica (2-1 em Madrid e 1-2 na Luz) bateu Oblak e nas etapas a eliminar essa distinção só a conseguiu o Barcelona, com os dois golos de Suárez no Camp Nou. Querem outra estatística imponente? O Atlético venceu vinte e quatro dos últimos vinte e nove jogos europeus que disputou no Vicente Calderón.
Na Liga Espanhola o clube colchonero está em segundo lugar, em igualdade pontual com os Culé, perdendo apenas nos confrontos diretos.
Diego Godín juntou-se a Tiago no grupo dos indisponíveis por lesão. Mas José Giménez regressou de lesão no sábado passado, frente ao Málaga (1-0), e fez os noventa minutos sem incidentes. Veremos se será ele ou Stefan Savic a fazer dupla com o “menino” Lucas Hernández.
Onze Provável: Oblak – Juanfran, Savic, Hernández, Filipe Luis – Ñiguez, Koke, Gabi, Ferreira-Carrasco – Griezmann, Torres.
O Bayern Munique venceu este fim de semana o Hertha BSC (0-2), dando assim mais um passo em direção ao título germânico. Mas o Borussia Dortmund ganhou também a sua partida, adiando assim a festa por mais uma semana.
Pep Guardiola adoraria sair de Munique com o título europeu, a juntar ao do campeonato alemã que já não deve escapar. A participação dos Bávaros nesta edição da Liga dos Campeões não foi tão avassaladora como se esperava, pelo menos assim que chegou à fase a eliminar. É certo que enfrentou uma grande Juventus (2-2 em Itália, 4-2 no prolongamento na Allianz Arena) nos oitavos de final e que o Benfica (1-0 em Munique e 2-2 na Luz) está a jogar com uma cadência e confiança que lhe permitem jogar olhos nos olhos com as maiores potências europeias. Mas as dificuldades foram grandes, numa eliminatória e noutra.
É certo que as lesões sempre foram ensombrando o trabalho do treinador catalão ao comando dos Bávaros. Esta época não foi exceção. Jerôme Boateng tem feito muita falta na defesa do Bayern, o seu setor mais vulnerável e as ausências prolongadas ora de Frank Ribèry ora de Arjen Robben também não ajudaram. Não me entendam mal. O clube de Munique continua a ser uma potência atacante impressionante. Mas os Encarnados de Rui Vitória, por exemplo, foram muito capazes limitar seriamente a produção dos elementos mais adiantados do Bayern.
Se juntarmos a isto uma outra estatística, do sucesso ou falta dele da equipa nos jogos fora na competição europeia – o Bayern de Munique apenas venceu duas das últimas nove partidas fora do seu estádio – percebemos que há motivos para cautelas nesta ida a Madrid.
Boatêng, Badstuber e Robben são os lesionados. O jovem Kingsley Corman, Às voltas com queixas musculares na coxa, está em dúvida.
Onze Provável: Neuer – Lahm, Martínez, Alaba, Bernat – Vidal – Douglas Costa, Muller, Alcántara, Ribery – Lewandowski.
Bayern München
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4-0 |
Atlético Madrid
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TC 1973/74
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Bayern München
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1-1(a.p.) |
Atlético Madrid
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TC 1973/74
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Estranhamente, os dois clubes só por se defrontaram uma vez antes, na final da então designada Taça dos Campeões Europeus, há quarenta e dois anos. O encontro foi a prolongamento mas mesmo assim não ficou decidido e dois dias depois jogava-se o desempate, com o Bayern a sagrar-se campeão.