Depois de quatro ou cinco anos de domínio absoluto do top-4 não é fácil reformatar a máquina de previsões. Criámos o hábito de ver como estão Rafa e Nole, depois Federer e Murray. Os outros eram os outros, era só questão de avaliar quem poderia dar mais ou menos luta. Agora não só temos que introduzir elementos nesta equação, como ainda considerá-los, nesta fase, potenciais favoritos. Se tal não bastasse, é também necessário contar com a imprevisibilidade, coisa que não fazia parte do circuito ATP desde há muito.
Todos a bordo
Faltam duas semanas para o arranque da prova maior da temporada de terra batida. Roma será o último grande teste competitivo antes do Grand Slam e é mais que tempo dos cabeças de série entrarem nessa fase final de preparação. Pode não ter sido da forma como gostaria, mas Nadal acaba de vencer o seu vigésimo terceiro Masters 1000, Federer regressa depois de uma ausência curta para assistir ao nascimento dos filhos e até Djokovic diz presente. Parece que não falta ninguém, dos eternos candidatos ao troféu. Embora, um dos outsiders mais promissores da época – vencedor de Barcelona, finalista de Madrid e, desde hoje, número nove mundial – Kei Nishikori seja já uma baixa confirmada, devido a um problema na anca. Ferrer e Gulbis devem estar aliviados.
Rafa conta mais um
Rafa Nadal venceu o Open de Madrid mas esteve longe de convencer, sobretudo a ele mesmo. Se pudesse escolher, estou certa que o espanhol não teria ganho desta maneira, com a desistência de Nishikori por absoluta incapacidade física. O japonês esmagou o número um do ranking no primeiro parcial, e Nadal só começou a dar a volta no segundo set quando o adversário já se apresentava visivelmente debilitado com dores na anca que lhe prendiam os movimentos. O Nadal confiante a que nos habituamos entra em court, principalmente na terra batida, para dominar. Ultimamente, o seu jogo está hesitante, as bolas saem muitas vezes curtas, fica pregado ao chão e raramente assume o controlo dos pontos. Tenho curiosidade em ver o maiorquino disputar encontros à melhor de cinco, vê-lo corrigir o seu jogo, vê-lo perder concentração e recuperá-la no ponto ou set seguinte, talvez seja isso que ele precisa para calar de vez as dúvidas que lhe ocupam a cabeça.
Estará Nole a 100%?
Novak Djokovic já chegou à capital italiana. Continua a ser questionável a real dimensão da lesão. O sérvio começou por desvalorizar a problema. Que seria menos sério do que inicialmente se anteviu, que não seria necessário operar. Mas a verdade é que a previsão de duas semanas de descanso para a recuperação também se revelou largamente otimista. Madrid ainda foi equacionado, mas retirou o seu nome à última hora. Resta saber se aqui será diferente. Embora a competição seja vantajosa, seria disparatado arriscar agora e falhar Paris porque o pulso se ressentiu.
Vaga para um suíço
Roger Federer fez uma curta pausa no ténis para quebrar mais um recorde, o da paternidade. Agora que os filhos nasceram, o suíço pode-se concentrar em retomar a boa forma exibida desde o início da temporada. Federer foi a quatro finais, em 2014. Venceu uma, no Dubai, e perdeu as restantes, o que à primeira vista até pode parecer pouco. Mas chegar a essas finais é muito positivo para o antigo número um, depois da época passada. Agora só lhe falta entrar nos encontros decisivos com aquela determinação de os resolver desde o primeiro momento. Stanislas Wawrinka ficou pouco tempo por Madrid, caindo à primeira oportunidade, diante do austríaco Dominic Thiem, depois de uma vitória esmagadora no primeiro set (1-6, 6-2, 6-4). Apesar desse deslize momentâneo, o número três do ranking ATP, está em grande forma, a jogar ténis de elevada qualidade, e tem os olhos postos na janela de oportunidade para arrebatar mais alguns troféus importantes. Esta é a altura ideal para ganhar balanço para o Open de Paris, e não há melhor maneira de o fazer do que ganhar o Masters de Roma. Boas Apostas!