Finalmente, à quarta tentativa, tivemos um vislumbre do que a terra batida devia ser. À exceção da dupla suíça, os grandes nomes não defraudaram no Masters de Roma. Se Wawrinka desperdiça as oportunidades, outros há que as aproveitam. Milos Raonic e Grigor Dimitrov, provavelmente a próxima vaga de talentos, atacaram os favoritos e não caíram sem luta. E, admito, já sentia a falta de uma final Nadal versus Djokovic. Pode parecer estranho, depois do que têm sido os últimos anos do ténis mundial, mas é verdade. O Grand Slam de Paris começa dentro de seis dias, a preparação entra nos acertos de última hora. Os cabeças-de-série já devem estar a aterrar na capital francesa para fazer alguma recuperação física e se ambientarem aos courts. Pelo meio ainda há Nice e Dusseldorf, torneios ATP para treinar em ambiente competitivo.

Nadal está (quase) de volta

Rafa Nadal perdeu pela quarta vez consecutiva frente a Novak Djokovic, e pode perder o seu lugar no topo do ranking já no Open de Paris. O espanhol ainda anda em busca de uma nova maneira de ser dominante no ténis mas, em Roma, vimos ressurgir o Rafa combativo e resistente que tanto admiramos. O encontro dos quartos-de-final, diante de Andy Murray, foi uma batalha campal, ao velho estilo da terra batida. O ténis não foi perfeito, mas a exigência e entrega aos pontos foi tremenda. E foi, talvez, a melhor coisa que podia ter acontecido a Nadal neste momento. Um grande embate, contra um adversário de peso, muito inteligente em court, do qual o maiorquino conseguiu emergir vencedor, recuperando de uma derrota esmagadora no primeiro set (1-6, 6-3, 7-5). Dessa partida, o espanhol tirou pelo menos uma grande ilação, não pode entrar em campo tão expectante, tem que ser mais agressivo desde o primeiro momento. E não voltou a cometer esse erro, não com Dimitrov e muito menos com Djokovic.

No fim do torneio, Nadal queixou-se da falta de força nas pernas, o que em parte é verdade. Parecia desgastado fisicamente. Mas, em última análise o problema do número um mundial, está no serviço. Diante de Nole, Rafa teve 75% de primeiros serviços ao longo de todo o encontro. Mas olharmos para a percentagem de pontos ganhos, converteu apenas 54%. E então se analisarmos os pontos ganhos com o segundo serviço, percebemos onde o espanhol perder a partida. 75% no primeiro parcial, até aqui tudo bem, e a justificar o parcial de 6-1. Mas logo em seguida baixa para 29, para terminar o terceiro set com uns miseráveis 25 por cento. E isto não aconteceu apenas com o sérvio, a diferença é que Novak não perdoa tamanha quebra.

Pulso forte

Novak Djokovic

Nole festeja a vitória

Novak Djokovic venceu o troféu em Roma derrotando o campeão em título. Com toda a justiça, já que no conjunto da partida foi simplesmente melhor: o serviço, na agressividade, na abertura dos ângulos, na resposta. Ao longo do torneio, à medida que foi percebendo que o pulso não se ressentia, Nole foi ganhando confiança, confiança suficiente para abrir o livro e começar a utilizar o seu arsenal. Nenhum dos encontros que disputou, em Roma, foi fácil. Todos precisaram de um terceiro parcial para o sérvio selar a vitória e seguir em frente. Os quartos-de-final, foram particularmente exigentes para Djokovic, do ponto de vista físico. Ferrer, no seu estilo aguerrido e enérgico, deu muito que fazer ao sérvio que esteve três semanas sem competir.

Sangue novo

Uma última referência a Dimitrov e Raonic, provavelmente os senhores que se seguem a atingir o top-5 ATP. Prestações memoráveis. O búlgaro atingiu pela primeira vez as meias-finais de um Masters, o canadiano pela segunda vez. Ficaram-se por aí, mas os adversários eram apenas o n.º2 e n.º 1 mundial, respetivamente. Para Grigor Dimitrov foi o aproximar do Top-10 (é agora décimo segundo); para Raonic foi o regresso ao nono lugar do ranking. Motivação extra e otimismo, agora que o Major de Paris está prestes a começar. Sserá este o momento de afirmação destes dois jovens talentos?

Boas Apostas!