A Liga Europa é uma competição que divide os grandes clubes europeus. Para os de topo, o objetivo é claramente a Liga dos Campeões, é lá que estão os milhões e a glória. E demoram a ultrapassar a desilusão de se verem relegados a “segunda divisão”. A Juventus é um exemplo paradigmático. Apostar tudo na divisão de elite – apesar de não estar ao nível dos pesos pesados – e menosprezar a Liga Europa só pode dar este resultado. Há dezoito anos que não conquista qualquer título europeu. Este ano a Vecchia Signora tem uma motivação extra. A final da Liga Europa está marcada para o Juventus Stadium e os italianos estão entusiasmados com a possibilidade de triunfar no Velho Continente, diante do seu público. Eu sei que os jogos à quinta interferem com a preparação e objetivos dos jogos do fim-de-semana, mas ainda há prestígio a ganhar neste troféu que tantos insistem em desvalorizar.

Platini, Baggio e Zidane – de Turim para o mundo

Antonio Conte Zidane Juventus

Conte e Zidane nos tempos áureos

Para muitos a Juventus é o clube de futebol mais favorecido do mundo. Décadas a cultivar influências deram em “ajudas” mais ou menos flagrantes, tudo muito dentro do imaginário italiano. Mas, diga o que se disser deles, quando apanhados no escândalo de manipulação de resultados ninguém evitou que a equipa de Turim, na altura campeã italiana, fosse relegada para a Serie B e lhe visse retirados os dois últimos títulos conquistados. Para mim, a Juve estará sempre associada aos grandes talentos que povoam a história do futebol e será sempre a prova de que o futebol italiano foi muito mais do que “cínico”. Nos anos 80, pelas mãos de Giovanni Trapattoni, deu-nos Paolo Rossi e Michel Platini, não sei se reconhecem os nomes. Nos 90, Roberto Baggio, Gianluca Vialli e Zinedine Zidane. Convenhamos, o penteado de Baggio era pífio mas o seu futebol era puro charme. De Zidane nem vale a pena falar, a elegância do que fazia ainda está fresca nas nossas memórias. Na década seguinte, em parte devido ao “Calciopoli”, os centros de poder do mundo da bola deixaram de estar em Itália. Ainda assim, pelos Bianconeri passaram Trezeguet, Buffon, Nedved, Thuran, Cannavaro ou Ibrahimovic.

Ganhar é um hábito que se (re)aprende

Hoje, depois da travessia do deserto que foi a passagem pela Serie B, a Juventus está a regressar ao topo do futebol europeu. Para tal foi determinante o retorno da família Agnelli à presidência do clube, assim como a escolha do antigo jogador Antonio Conte para técnico principal. A estrutura renovada foi capaz de cativar jogadores experientesde grande nível – como Tévez e o inestimável Pirlo, a quem muitos já tinham anunciado a morte – e novos talentos, como Arturo Vidal ou a coqueluche Paul Pogba. Nas últimas três épocas a Juve tem sido rainha e senhora dentro das fronteiras italianas. Pode ser agora o momento de se afirmar também internacionalmente. A Liga dos Campeões parece estar ainda um pouco acima das suas possibilidades mas a Liga Europa está ao alcance da mão. E esse pode ser o título que falta para relançar a Vecchia Signora nos grandes palcos. Quando a porta dos campeões se fechou deixou aberta a janela da Liga Europa. Depois de eliminar o Trabzonspor e a Fiorentina, Leonardo Bonucci assegurou uma preciosa vantagem na deslocação a Lyon que pode valer o acesso às meias finais da competição. Se a Juve souber jogar bem as suas cartas pode dar aos “tiffosi” um momento único e mágico, capaz de galvanizar o clube para as temporadas seguintes.

Boas Apostas!