Grigor Dimitrov – Richard Gasquet (Wimbledon)

Não é fácil antecipar o desfecho deste duelo da segunda ronda de Wombledon, mas uma coisa é certa. Para os amantes da modalidade será servido um petisco na relva britânica. Frente a frente dois tenistas capazes de produzir um ténis variado, tecnicista e com elevada nota artística.

2015 tem ficado aquém para Grigor Dimitrov, depois dos excelentes resultados de 2014. Há pouco mais de um ano o búlgaro conquistava o seu quarto título de carreira – terceiro da temporada – em Queen’s, superiorizando-se a Aleksandr Dolgopolov, Stan Wawrinka e Feliciano López, só para referir os adversários das derradeiras etapas. Desta feita não foi além dos oitavos de final no torneio de preparação britânico, eliminado em sets diretos por Gilles Muller (6-4, 7-6). Há doze meses, Dimitrov atingia pela primeira vez na sua carreira uma meia-final de um evento do Grand Slam, precisamente na relva do All England Tennis Club. Numa caminhada impressionante, o jovem búlgaro bateu Dolgopolov, mais uma vez, Leonardo Mayer e Andy Murray, antes de esbarrar com Novak Djokovic. Mas vendeu cara a passagem, vencendo o segundo set e obrigando o número um mundial a discutir os dois últimos parciais no tie break (6-4, 3-6, 7-6. 7-6).

Veremos como corre, nesta edição, a sua passagem por Wimbledon. É certo que a época não lhe está a correr de feição. A temporada de terra batida, em particular ficou uns furos abaixo do esperado e ainda não conquistou qualquer troféu. Mas, sendo que o problema é psicológico, ao nível da confiança e até de certa forma de identidade – reconhecia há dias que a colagem a (“baby”) Federer – e não físico, a qualquer momento, desde que os resultados comecem a aparecer, pode haver um ressurgimento.

Na primeira ronda de Wimbledon, Dimitrov desembaraçou-se de Federico Delbonis (6-3, 6-0, 6-4) e na eliminatória seguinte afastou Steve Johnson. Embora a partida tenha ficado pelos três parciais, o búlgaro foi obrigado a decidir dois deles já em tie break.

Richard Gasquet também têm uma alcunha – “Petit Mozárt” – mas não consta que se sinta incomodado com isso. Chamam-lhe assim em virtude do seu virtuosismo, desde tenra idade. E essa elegância extrema do seu ténis, aliada a movimentos e pancadas que só estão ao alcance de poucos, também lhe valeu uma colagem ao veterano suíço. Isso e o facto de Gasquet, ainda um adolescente de dezanove anos, ter quebrado uma série impressionante de vitórias de Federer, eliminando-o nos quartos de final de Monte Carlo 2005, no primeiro confronto entre ambos.

O francês também já foi semifinalista em Wimbledon, em 2007. Desde estão as prestações não têm sido brilhantes mas a verdade é que o problema de Richard Gasquet foram as lesões nas costas – ele tem um problema crónico de hérnia de disco – e há anos que não o víamos tão confortável em court, sem essa ameaça palpável.

Gasquet voltou a competir no Millennium Estoril Open, depois de mais seis semanas de tratamento e recuperação, e venceu o torneiro português. Ter conseguido bater um portento físico como o jovem Kyrgios (6-3, 6-2), ter sentido condições para o fazer, deve ter sido muito importante para a confiança do ainda convalescente francês. Desde então só perdeu encontros com quatro homens do top-10: Tomas Berdych, David Ferrer, Novak Djokovic e Milos Raonic.

Nas primeiras rondas do Major Britânico ultrapassou o australiano Luke Saville (6-3, 6-2, 6-2) e o compatriota Kenny de Schepper (6-0, 6-3, 6-3), sem ter sido obrigado a mais que os três sets da praxe.

O francês venceu todos os quatro confrontos que tiveram mas o último foi já há dois anos, ainda o búlgaro mal tinha despontado no circuito, ao mais alto nível. A relva é a única superfície em que ainda não mediram forças.

2013	Roma	Gasquet	2		6	6				2R
		Dimitrov	0		4	4
2012	Bangkok	Gasquet	2		5	7	6			R16
		Dimitrov	1		7	5	4
2012	Roland Garros	Gasquet	3		5	7	6	6		2R
		Dimitrov	1		7	5	2	3
2011	Dubai	Gasquet	2		6	6				1R
		Dimitrov	0		2	4

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