A pouco e pouco, sinais de que a felicidade está a regressar a Dortmund.

No Signal Iduna Park – Westfalenstadion – já se respira com maior tranquilidade, embora ainda longe do cenário com lampejos de Conto de Fadas que outrora permitiu ao emblema do BVB reluzir com particular intensidade. Uma sequência de quatro vitórias consecutivas parece prometer que, embora já sem tempo para brilhantismos de maior, ainda haja oportunidade de minimizar os estragos de uma campanha que teve um início manifestamente desolador. Para o efeito, o acesso a uma prova europeia reveste-se de grande importância, tendo até em conta que é um objetivo aparentemente ao alcance para o que resta da Bundesliga.

A derrota começou a fazer parte da rotina de um conjunto que não estava habituado a lidar com o desaire. E quando se via a braços com uma situação problemática, sabia responder pela força de uma formação forte, tanto do ponto de vista coletivo, como individual.

Quando, na nova época, as nuvens negras começaram a cobrir o céu de Dortmund, os adeptos mantiveram-se firmes no apoio, tal como é apanágio. Aqui e ali, tímidas contestações ao técnico Jurgen Klopp, que teve a sorte de estar numa das poucas cadeiras em que uma situação destas não deu direito a despedimento.

Após a derrota caseira perante o Ausgburgo, a irracionalidade consumiu as bancadas do Westfalen. Os adeptos assobiaram a equipa (coisa rara!), sendo que Weidenfeller e Hummels se viram na obrigação de se dirigirem à bancada, no final do encontro, para tentar serenar os ânimos. Num topo onde outrora os adeptos exultavam com uma coreografia que deliciou a Europa, agora clamava-se, em tom de desespero, saturados pelas más prestações somadas: Echt Liebe – Verdadeiro amor que, no entanto, vivia momentos de incerteza, conhecia retrocesso e indefinição. A dor imposta pelos resultados redundou na tristeza de Klopp, com o consequente desaparecimento do generoso sorriso que já era quase que uma imagem de marca.

Coincidência ou não, desde que Weidenfeller e Hummels se acercaram da rede que separa os fiéis adeptos do terreno de jogo, o Borussia Dortmund não voltou a perder para o campeonato. A dor patente na expressão daqueles estranhos que partilham o símbolo que os atletas carregam ao peito serviu de inspiração para uma resposta, dada no compromisso seguinte frente ao Friburgo.

Este fim-de-semana, o Borussia Dortmund alcançou a quarta vitória consecutiva em jogos da Bundesliga.

As nuvens cinzentas desvanecem e dão lugar a um céu em tons mais azuis… Ou talvez seja melhor referir que o sol brilha e dá outro ar ao Westfalen, dado que o azul do Schalke é pouco simpático ao BVB.

A Vitória no Derby

Batman Robin

A alegria e a boa-disposição voltaram ao Westfalenstadion e ao universo do Borussia Dortmund

Esta jornada, foi precisamente com o rival Schalke 04 que o Borussia Dortmund mediu forças. Após triunfos frente a Friburgo, Mainz e Estugarda, o derby do Ruhr constituía uma excelente oportunidade para dar nova alegria aos adeptos, prolongar a fase positiva que a equipa atravessa e dar maior confiança à mesma. Os contornos da vitória tornaram-na, de resto, ainda mais significativa de um ponto de vista emocional. Perante uma equipa de Di Matteo expectante, sem iniciativa e cínica, bem ao estilo daquilo que o técnico havia instituído no Chelsea, o Borussia assumiu o jogo e sufocou os mineiros no último terço do campo. Wellenreuther foi impedindo insistentemente o golo do Dortmund.

A turma amarela encontrava-se a rubricar uma das melhores prestações da temporada, mas o golo tardava em surgir.

Só aos 78 minutos, Aubameyang foi capaz de se encontrar com as redes. Explosão amarela com direito a festejo sui generis: o internacional pelo Gabão substituiu a habitual máscara de Spiderman pela do Batman, relegando o papel de Robin para Marcos Reus. Estranho? Só o facto de Reus, que renovou ao longo da última semana com o Borussia em nova demonstração de fidelidade, se ter contentado com um papel secundário nesta celebração.

Quanto à esclarecedora vitória por 3-0, nestas lides da bola, parece pertinente citar Cristiano Ronaldo, tendo em conta o timing dos golos do BVB: foram “como o ketchup”.

A vitória por 3-0 coroou o regresso de um futebol agradável, vertical e mais criativo. Um excelente tónico para um conjunto à procura de se reencontrar a si mesmo em definitivo.

Se os fantasmas da descida assolavam os corredores do Westfalen, com a subida de produção que se tem registado, ambicionar ainda alcançar um posto que garanta o acesso às competições europeias da próxima época não é, de todo, descabido. Embora se encontre apenas cinco pontos acima da linha d’água, o sexto lugar também está apenas a sete pontos. Quanto à Champions, a eliminatória diante da Juventus também está em aberto.

Longe da realidade outrora vivida, o Borussia Dortmund consegue que, já que mais não seja, a felicidade volte a vestir de amarelo e preto, somando resultados mais condizentes com os desempenhos recentes que maravilharam a Europa do futebol.

Boas Apostas!