A presença do Sporting de Braga na Liga Europa representa, para a estrutura, uma oportunidade de se afirmar no exterior como uma das equipas referência do futebol português. Por isso mesmo, ano após ano, pressente-se a aposta de chegar o mais longe possível, com a célebre final de Dublin como ponto-guia. José Peseiro tem, esta temporada, um desafio exigente já na fase de grupos. Para começar, a curiosidade de enfrentar o seu antecessor, Paulo Fonseca, com o poderoso Shakhtar Donetsk. Depois, duas equipas que apresentam, cada uma à sua maneira, projetos que podem complicar as contas do Braga. O KAA Gent vindo dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, o Konyaspor do sempre exigente futebol turco.

Shakhtar do outro lado do espelho

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Taison é um dos craques canarinhos da equipa do Shakhtar

A equipa de Paulo Fonseca aborda a Liga Europa como um dos derrotados da Liga dos Campeões, mas isso não deverá retirar aos ucranianos o seu ímpeto competitivo. Na verdade, ao falarmos do anterior treinador do Braga, percebe-se que serão jogos de enorme competição, com duas equipas que se conhecerão bem uma à outra. Os jogadores do Braga verão no Shakhtar muitas das suas rotinas da temporada passada, o mesmo esquema tático, enquanto Paulo Fonseca procurará entender como José Peseiro vai lidando e fazendo evoluir a herança que lhe foi deixada. No que toca a resultados na Liga Ucraniana, o Shakhtar só sabe mesmo o que é ganhar.

Trata-se, também, de um conjunto com um nível de talento que está entre os mais elevados da competição. Taison, Marlos, Bernard e Fred (para além de Dentinho e Wellington Nem) constituem uma forte armada brasileira, com o recente reforço de Ferreyra, que traz mais golo a uma equipa que conta também com o croata Eduardo da Silva. A aposta no jovem Kovalenko demonstra, também, que Paulo Fonseca se preocupa em oferecer identidade local à sua equipa, com figuras como Stepanenko, Rakitskiy e Pyatov como outros jogadores nacionais. Srna, capitão e líder a partir da faixa direita da defesa, continua, também ele, a ser um elemento fundamental para o sucesso da equipa.

Gent renova identidade

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O dono do meio-campo do Gent, Renato Neto

Outra coisa não seria de esperar, depois do sucesso do ano passado na Liga dos Campeões, o KAA Gent perdeu três das suas principais referências, com as saídas do guarda-redes Matz Sels, do médio Sven Kums e do avançado Laurent Depoitre. Por isso mesmo, poderá dizer-se que o técnico Hein Vanhaezebrouck tem um trabalho de renovação que, para já, vai mantendo a equipa dentro dos limites das posições europeias. O sorteio do grupo coloca um nível muito elevado de exigência a esta equipa, mas não será possível retirar-lhe a capacidade de lutar por um dos dois primeiros lugares.

Com um modelo de jogo com três centrais, que nas competições europeias será acompanhado pela descida das linhas para ser, sobretudo fora de casa, uma equipa bastante remetida à sua defesa. O israelita Gershon é o líder do trio de centrais, onde também está o sérvio Mitrovic. No meio-campo manteve-se Renato Neto, jogador que fez parte da sua formação no Sporting, e que continua a crescer como uma referência que, tanto impõe o seu físico na disputa de duelos, como consegue sair a jogar com bola. Mais na frente do ataque, os nomes a ter em conta são o francês Jeremy Perbet e o maliano Kalifa Coulibaly, que com os seus quase dois metros, vai sendo levado a transformar-se no novo Depoitre do ataque do Gent.

A surpresa turca

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Rangelov é uma boa imagem da combatividade do Konyaspor

Depois de ter terminado em terceiro lugar na Liga Turca da temporada passada, o Konyaspor chega a este grupo como a grande incógnita do mesmo. Sem ser um dos conjuntos turcos que dispõe de capacidade de investimento em grandes estrelas, o seu campo de recrutamento vai-se limitando ao próprio campeonato turco, ou a ligas como a romena ou a dinamarquesa, onde contratou o ponta-de-lança Ioan Hora e o médio-defensivo Jens Jonsson (que ainda não se estreou com a camisola do clube).

Nos dois jogos realizados esta temporada, a equipa apresenta-se num 4-4-2, com Bajic e Rangelov como homens mais adiantados. O técnico Aykut Kocaman será uma das principais forças deste conjunto, com a sua experiência acumulada, podendo ser um elemento fundamental para adaptar a equipa às exigências europeias. Certo é que as equipas que se deslocarem à Büyükşehir Torku Arena, em Konya, terão vida difícil, com os adeptos locais a imporem a intensidade que se reconhece a este país.

Boas Apostas!