Liga Europa – Os três concorrentes portugueses na segunda prova das competições da UEFA têm tido um duro confronto com a realidade, com o Vitória de Guimarães a ser, no final da quarta jornada, a única equipa a depender apenas de si própria para seguir em frente. O Estoril Praia e o Paços de Ferreira seguem nos últimos lugares dos respetivos grupos, com os pacenses a estarem já eliminados da prova.

O que nos diz esta prestação acerca do nível geral do futebol português? É verdade que nos últimos anos nos habituamos a ver dois tipos bem diferentes de participações nestas provas. Enquanto Benfica e FC Porto, pelo seu orçamento e pela regularidade com que têm investido e participado na Liga dos Campeões, conseguem alguns resultados assinaláveis, mostrando-se competitivos com os mais fortes, Sporting e SC Braga conseguiram excelentes carreiras na Liga Europa, ainda que de uma forma algo irregular. Excetuando estas quatro equipas, dificilmente outra equipa portuguesa poderá ambicionar a ter sucesso na Europa.

Maazou Vit Guimaraes

Maazou ficou em branco

Por isso se poderá dizer que contar com três equipas na fase de grupos da Liga Europa nesta temporada se revelou, desde logo, uma surpresa. O Vitória de Guimarães, tirando a derrota caseira de ontem frente ao Bétis, tem sido a equipa que melhor consegue interpretar a presença na Europa. Num grupo onde defronta equipas bastante competitivas, com o Lyon, por exemplo, a ser um conjunto de fortes tradições na Europa, Rui Vitória tem optado por colocar em campo um Vitória mais recatado do que é normal ver na Liga Portuguesa. Pode até dizer-se que a equipa cresce em organização e combatividade nestes encontros, aproveitando bem o aumento de ritmo para ganhar calo. No entanto, ofensivamente, como se viu ontem, a equipa vimaranense sofre bastante, e sem Malonga ou Marco Matias as contas ficaram ainda mais complicadas. Mesmo assim, o apuramento está ainda nas mãos dos minhotos, precisando, para isso, de uma histórica vitória frente aos franceses.

Manter a filosofia ou não ter filosofia alguma

Luis Leal Estoril

Faltam golos ao Estoril europeu

Marco Silva deixou sempre bem claro que o Estoril Praia estaria na Liga Europa para ser exatamente aquilo que tem sido na Liga ZON Sagres: uma equipa de olhar no ataque e bola no chão. Os estorilistas têm cumprido com a questão filosófica, mas isso parece valer-lhes muito pouco no que toca a pontos. Com dois empates somados, ambos frente ao Freiburg, a equipa da Linha está perto de ficar eliminada da prova. A valia do Sevilla como adversário, e alguma frustração resultante de um grande primeiro jogo onde acabaram por perder, poderá pesar no plantel, mas a fragilidade competitiva revelada no jogo de Liberec, onde ficaram reduzidos a dez elementos muito cedo, poderá mesmo ter sido fatal para o Estoril.

Por outro lado, o Paços de Ferreira surge como um dos grandes casos de estudo da presente temporada. Carlos Barbosa, o presidente do clube, elaborou um manual com tudo o que não deve fazer depois de conseguir uma grande época no seu pequeno clube. O Paços de Ferreira pouco poderia fazer para evitar a debandada de treinador e dos seus principais jogadores, mas poderia ter gerido muito melhor o tempo dessa saídas, não prolongando novelas como a que rodeou Vítor. Por outro lado, perante a presença no playoff da Liga dos Campeões, a direção do Paços tentou uma mudança radical de filosofia, buscando um treinador e alguns jogadores que nada tinham em comum com o “espírito” de Paços. Resultado, uma equipa perdida em campo, com dificuldades em entender o seu lugar e, sobretudo, fortemente pressionada pelos seus adeptos. Ontem, frente ao Dnipro, e já com Henrique Calisto no banco, o Paços talvez tenha dado o primeiro passo para resgatar a sua essência. Mas essa pertence, claramente, à luta pela sobrevivência na Liga ZON Sagres. Por muito pouco que isso possa parecer depois do que fizeram com Paulo Fonseca no leme no ano passado.

Boas Apostas!