Com as equipas da Liga NOS a chegarem à Taça de Portugal, na 3ª eliminatória da prova, voltamos a ouvir falar de eventuais tomba-gigantes numa festa que promove o encontro entre conjuntos de escalões e realidades muito diferentes. No entanto, neste momento, uma boa parte da festa a que teremos acesso é aquela que se adapta à televisão. Será que a vida dos grandes é mesmo mais complicada neste formato?
O gigante impõe a televisão
No atual formato do sorteio, com os conjuntos da Liga NOS a serem obrigados a atuar fora de casa nesta eliminatória, cria-se a expetativa de ver algum dos grandes a passar por aquelas dificuldades históricas de jogar em campos pequenos, apertados pelo público bem perto da linha lateral, num ambiente mais próprio a campeonatos amadores. No entanto, essa realidade tornou-se quase impossível tendo em conta as necessidades das transmissões televisivas. SL Benfica e FC Porto, que jogam frente a equipas do Campeonato de Portugal Prio, levaram à alteração da morada dos encontros para terrenos com reconhecimento da UEFA, transformando o pequeno campo do 1º de Dezembro no António Coimbra da Mota, no Estoril, e levando o Gafanha a chamar “casa” ao Municipal de Aveiro.
Assim, dos três grandes, o único que atuará realmente no terreno do seu adversário é o Sporting, que em Famalicão terá um terreno de jogo que já conhece, tendo ali passado em encontros da 1ª Divisão e também na Taça de Portugal. Os famalicenses mudaram de treinador esta semana, focando as suas atenções no percurso a fazer na Segunda Liga, mas de certa forma garante-se algum perfume de Taça de Portugal nesta ronda, ainda que numa descaracterizada noite de quinta-feira. Ainda no capítulo dos jogos televisionados, o Académica – Belenenses de domingo ao fim da tarde será aquele que melhor cumprirá o imaginário de uma Taça, promovendo o encontro de históricos e, apesar de em divisões diferentes, capazes de demonstrar uma partida equilibrada.
Atualização histórica de uma competição mítica
Será, assim, na promoção de alguns encontros históricos que a 3ª eliminatória da Taça de Portugal se torna mais interessante de seguir. No que toca à recuperação de antigos jogos de 1ª Divisão, o União de Leiria – Boavista marca pontos. Há não tanto tempo assim, estas duas equipas estiveram no topo do futebol português, a representar o país na Europa, pelo que voltar a vê-las frente-a-frente terá algo de mágico. Mesmo que o União de Leiria, agora no terceiro escalão, tenho começado mal no campeonato e o Boavista acabe de perder o seu treinador.
Um encontro para ter todas as razões para ser acompanhado é o Santa Clara – Rio Ave, com os açorianos a viverem um ano de constante mudança de treinador (mas por razões positivas, dois dos seus técnicos receberam convites para a Liga NOS), mas a constituírem um adversário de peso para um dos primodivisionários que ambicionam chegar ao Jamor. Um dos jogos mais interessantes vai ser o dérbi local entre o Vizela e o Moreirense, duas equipas que vivem a menos de três quilómetros de distância.
Finalmente, olhando para alguns duelos históricos, destacamos um Oriental a receber o Barreirense, duas equipas do Campeonato de Portugal Prio que já atuaram ao mais alto nível do futebol nacional e conjugam sempre o apoio de muitos adeptos. Outro jogo que cria curiosidade é a receção do Torreense ao Académico de Viseu. As duas equipas disputaram uma subida de divisão, em 1991, decidida nos descontos e, desde então, alimentam uma saudável rivalidade.