É a festa do futebol, diz-se.
A Taça de Portugal é a competição democrática por excelência. Todos podem jogar contra qualquer um. Claro que as equipas da Primeira Liga só entram na terceira eliminatória, mas é uma boa medida, que não afecta em nada a competição.
Altos orçamentos contra orçamentos ridículos. Grande salários contra pagamento de sanduíches ao lanche. Mas essas diferenças, que marcam e balizam os adversários em contenda, não chegam para definir vitórias ou derrotas. Os tomba-gigantes são, já, uma consequência da Taça de Portugal. E, ao contrário do que se poderia esperar, não são uma raridade e, todos os anos, teimam em aparecer e dar um ar de sua graça.
Para não variar, este ano os tomba-gigantes já andam por aí outra vez. E, ao lado deles, surge o Sporting CP, equipa de jovens portugueses que ousou ir ganhar, no Dragão, ao todo poderoso FC Porto espanholado, ao qual o seu treinador ainda não conseguiu dar rumo.
Não que o Sporting CP seja pequeno, mas porque foi ganhar, categoricamente, à casa de uma equipa que, normalmente, não perde no seu reduto.
Os que Tombaram
Depois da paragem que houve nos campeonatos por causa dos jogos das selecções, um fim-de-semana para a Taça de Portugal que se repartiu por 3 dias, Sexta-feira, Sábado e Domingo. Dias estes que foram suficientes para tramar a vida a alguns primo-divisionários que não se prepararam como deviam para o confronto com equipas de escalões secundários. Arrogância ou displicência? A bem ver, vai dar no mesmo. Houve desastre.
No Sábado então, foi dia de mão cheia de Taça.

O Estoril-Praia, equipa que está na Liga Europa, não conseguiu derrotar o Varzim do CNS
O Estoril-Praia de José Couceiro, longe dos tempos de Marco Silva, actual treinador dos leões, e que tantas e tão boas memórias deixou aos amantes do futebol, e embora tenha conseguido, já este ano, ganhar um jogo da fase de grupos da Liga Europa, frente aos gregos do Panathinaikos, anda pelas ruas da amargura. Décimo quinto classificado, 2 pontos acima da linha-de-água, não são grande cartão de visita. No entanto, o Varzim era um simples representante do campeonato Nacional de Seniores, antiga 3ª divisão. E o que aconteceu, foi mesmo Taça. O Varzim, que outrora foi um pimo-divisionário, e que agora anda nas tristes divisões secundárias, surpreendeu o Estoril-Praia com uma vitória por 2 a 1.
O Varzim construiu esta vitória na primeira parte. Chegou à vantagem através de uma grande penalidade, marcada por um jogador que, na época passada estava, precisamente, no Estoril-Praia. Através da marcação de um livre, o Estoril chegou ao empate, mas foi sol de pouca dura porque, poucos minutos depois, também na marcação de outro livre, o Varzim voltou a adiantar-se no marcador, chegando ao intervalo com uma vantagem de 2 a 1. Na segunda parte, o Estoril-Praia bem tentou. Mas não conseguiu dar a volta a um marcador cujos golos foram todos marcados em lances de bola parada.
E para surpresa de José Couceiro, e de uma grande parte do Mundo do futebol, o Estoril-Praia, equipa que está na Liga Europa, foi eliminada da Taça de Portugal por uma equipa que joga no Campeonato Nacional de Seniores.
Nesse mesmo dia, outra equipa da Primeira Liga, o Boavista, foi eliminado pelo Desportivo das Aves, equipa da Segunda Liga. E este foi um resultado dilatado, já a roçar o escândalo: o Desportivo das Aves derrotou o Boavista por 4 a 1.
Mas o jogo até começou bem para a equipa do Porto. O Boavista entrou a ganhar, com um golo marcado logo aos 4′. E quando tudo indicava que o Boavista tinha ido em passeio à Vila das Aves, o Desportivo local meteu pés à obra e, ao intervalo, já ganhava por 2 a 1, com 2 golos de Platiny (assim escrito, que este não é francês), jogador brasileiro que chegou do SC Braga B, e que chegou para colocar o Boavista em sentido.

O Desportivo das Aves derrotou clamorosamente o Boavista por 4 a 1
Na segunda parte, tudo fazia crer que o Boavista viria a superiorizar-se perante o 18º classificado da Segunda Liga, com 4 pontos acima da linha-de-água, mas erro de quem pensou que fosse assim pois, na verdade, foi o Desportivo das Aves quem voltou das cabines com vontade em matar cedo, o jogo e, aos 55 minutos ampliava a vantagem e, aos 62′ fechava o marcador com uma goleada por 4 a 1, com 2 golos marcados de livre, que o Boavista nem viu chegar.
Mas ontem, Domingo, também houve um belo dia de Taça de Portugal, com a Académica a ser afastada da competição pelo Santa Maria, do Campeonato Nacional de Seniores, por 1 a 0, resultado conseguido na primeira parte, e mantido, pela equipa da casa, até ao final do encontro. O Santa Maria, equipa de Barcelos, marcou aos 21′ de grande penalidade e, até ao final do jogo, a equipa de Paulo Sérgio nunca conseguiu dar a volta a um resultado negativo, mas que se tornou impossível de ultrapassar pela defesa acérrima a que o Santa Maria se prestou sem, no entanto, se limitar unicamente à defesa.
Também o Belenenses teve trabalho a dobrar, tendo que continuar pelo prolongamento fora para conseguir afastar o AD Oliveirense, do Campeonato Nacional de Seniores, por 3 a 2, com muitas dificuldades, portanto.
De referir que, também ontem, o Tondela, da Segunda Liga, obrigou o Penafiel, da Primeira, a aplicar-se. Depois de um empate a 2 golos no tempo regulamentar, o Penafiel só conseguiu superiorizar-se nas grandes penalidades, ganhando, dificilmente, por 4 a 3.
E ainda o Serzedo, das Distritais, obrigou o SC Espinho, do Campeonato Nacional de Seniores, às grandes penalidades, depois de um empate a 1 golo no tempo regulamentar. Nos penaltys, o SC Espinho acabaria por ganhar por 7 a 6.
E os Outros
Mas para além desses casos, houve outros 2 jogos que deram muito que falar.
Um desses jogos foi o FC Porto – Sporting CP. O outro foi o SC Covilhã – SL Benfica.
No primeiro jogo, embora não tenha havido um tomba-gigantes, o facto é que, contra todas as expectativas e contra o historial do últimos anos, o Sporting CP foi ao Dragão ganhar, categoricamente, por 3 a 1.
Num jogo de resultado atípico, para o que têm sido os últimos anos, o Sporting CP adiantou-se no marcador logo aos 32′, numa auto-golo de Marcano. Jackson Martinez conseguiu repor a igualdade, logo 3 minutos depois, deixando acesa a esperança portista, esperança essa que durou apenas 4 minutos, o tempo que demorou até Nani recuperar, de novo, a vantagem para o Sporting CP.
Até ao final do jogo assistiu-se a um Sporting CP bem mais acutilante e incisivo que o FC Porto que continuava a fazer circular muito a bola, mas sem conseguir aproximar-se perigosamente da baliza de Rui Patrício. E, quando aos 83′, Carrillo marca o terceiro golo para o Sporting CP, o estádio do Dragão veio abaixo pelos pulmões dos 4 mil sportinguistas que calaram os 50 mil portistas que viam acontecer o impossível. O poderoso FC Porto, que se recheou de grandes talentos este ano, escolhidos a dedo pelo seu treinador espanhol, Julen Lopetegui, que teima em implementar um sistema de jogo e uma rotatividade que tardam em dar resultado, perdeu em casa com uma equipa muito mais barata, feita com muita prata da casa, e uma série de 7 jogadores portugueses, liderados por um jovem treinador, também português, Marco Silva. Portanto, não se trata de um tomba-gigantes, mas não deixa de ser um jogo atípico, com um resultado atípico e a colocar o treinador portista em maus lençóis no interior da própria estrutura, porque tem a equipa que quis e está a montá-la e a pô-la a jogar como quer. E não está a dar resultado.

Jonas evitou uma surpresa desagradável para o SL Benfica na Covilhã
No outro jogo, o SC Covilhã e SL Benfica, quase que se pôde falar em tomba-gigantes pois, se cedo o SL Benfica se adiantou no marcador, com um golo de Jonas, aos 2′, na marcação de uma grande penalidade, cedo ainda João Traquina repôs a igualdade, marcando golo para o SC Covilhã aos 9′. Mais complicadas as coisas ficaram com o segundo golo do SC Covilhã, marcado pelo brasileiro Erivelto Silva, 2′ antes do intervalo, levando a equipa da casa a ganhar para os balneários.
No recomeço do segundo tempo, o serranos mostraram que estavam dispostos a segurar a vantagem, e a fazer a vida negra ao SL Benfica, mas Jonas, em noite sim, voltou a empatar o jogo aos 54′. E como Jonas estava endiabrado, voltou a marcar golo, o do seu hat-trick, e da vitória benfiquista, ao minuto 71.
O SL Benfica acabou por levar de vencida um jogo que se mostrou muito difícil e que as alterações executadas por Jorge Jesus vieram agravar. Ainda bem que Jonas estava lá para salvar a honra do convento. Se não, a estas horas o SL Benfica estava a fazer companhia ao FC Porto, fora da segunda competição mais importante de Portugal.
E esperam-se mais novidades na próxima ronda da Taça de Portugal.
Boas Apostas!