Os números relativos à fase de qualificação são taxativos. Na terceira passagem de Anghel Iordănescu pela seleção principal, o experiente técnico de 66 anos converteu o conjunto da “terra do Conde Drácula” numa autêntica muralha. A defesa menos batida da etapa de qualificação – dois golos sofridos em 10 jogos -, chega a França com a ambição de alcançar a fase a eliminar.
Timoneiro da “geração de ouro”
Terminou na “pole position” do grupo A com seis pontos, venceu a Argentina nos oitavos-de-final (3-2) , mas acabou derrotada pela Suécia nos quartos-de-final, na decisão através da marcação de grandes penalidades. A “geração de ouro” da Roménia brilhou no Mundial dos Estados Unidos, numa altura em que George Hagi se afirmava como o jogador mais talentoso do Leste Europeu. A experiência com Anghel Iordănescu no comando superou as expectativas, o técnico natural de Bucareste manteve-se no cargo e levou a Roménia às fases finais do Europeu 1996 em Inglaterra e do Mundial 1998 em França. No campeonato da Europa de 2000, já sob as ordens de Emerich Jenei, a Roménia alcançou os quartos-de-final e acabou eliminada pela Itália.
Após quatro anos de interregno, Iordănescu voltou a assumir as funções de seleccionador, mas não foi capaz de garantir a qualificação para Euro 2004 nem para o Mundial 2006, fracassos que levaram ao seu despedimento. Pôs fim à carreira de treinador em 2006, depois da experiência no Al Ain, até que o telefone voltou a tocar volvidos oito anos. Em Outubro de 2014, o “general” Iordănescu voltou à atividade para orientar a seleção romena a caminho do Euro 2016. Tal como em 1998, a Roménia regressa a França para disputar um campeonato da Europa sob as ordens de Iordănescu.
Qualificação sem mácula
A prestação da Roménia em termos defensivos foi decisiva para assegurar o apuramento para a fase final do campeonato da Europa. Em 10 jogos, a formação de Leste conquistou 20 pontos (5V; 5E), marcou 11 golos e sofreu dois. Além de ostentar o melhor registo defensivo da etapa de qualificação, foi uma das únicas quatro equipas que não sofreu qualquer derrota a caminho do campeonato da Europa. A título de curiosidade, a Irlanda do Norte, seleção que venceu o grupo com 21 pontos, não conseguiu marcar à seleção romena (0-0; 2-0).
A Roménia disputou os primeiros compromissos de preparação para o campeonato da Europa em março, com uma vitória frente à Lituânia (1-0), um empate sem golos frente à seleção espanhola. Já em maio, não começou da melhor forma ao empatar com a República Democrática do Congo (1-1) e perder com a Ucrânia (3-4), mas rubricou uma prestação arrebatadora no ensaio geral, com uma goleada (5-1) à Geórgia.
Disciplinados pelo General
A proposta de jogo de Anghel Iordănescu permitiu assegurar a qualificação para a fase final do campeonato da Europa, num grupo homogéneo quanto à qualidade das seleções que estiveram a concurso. Organizada e solidária em termos defensivos, foi na prestação do sector recuada que residiu a fórmula romena para vencer (ou suster) Irlanda do Norte, Hungria, Finlândia, Ilhas Faroé e Grécia. Durante a fase de qualificação, há duas vitórias com particular preponderância: Frente à Irlanda do Norte (2-0) e à Grécia (0-1), em Atenas, num encontro em que os romenos estiveram reduzidos a dez durante praticamente toda a segunda parte. A participação no grupo A da fase final obrigará a Roménia a defrontar pelo menos duas seleções que dispõem de argumentos superiores aos das equipas que defrontou durante a fase de qualificação.
Linha defensiva coordenada, compacta e disciplinada em termos tácticos. Defender com muitos e pressionar de forma inteligente. A Roménia apresenta uma postura muito segura do ponto de vista defensivo, contando com a experiência dos flanqueadores Razvan Rat ou Sapunaru e os centrais Chiriches e Grigore/Moti. Equipa de créditos firmados em termos defensivos, a situação não é transversal em termos ofensivos. As debilidades da formação de Leste no ataque não resultam da falta de qualidade individual. No meio-campo, o jovem Nicolae Stanciu encara a participação no campeonato da Europa como uma boa oportunidade para provar o potencial que lhe é reconhecido em solo romeno, convivendo de perto com atletas mais experientes como Lucian Sanmaerten, Andrei Prepelita, Bogdan Stancu ou Claudiu Keseru. Florin Andone, jogador que tem sido chamado à equipa titular, é outra das unidades que procura afirmar-se enquanto revelação no campeonato da Europa depois de uma temporada em que marcou 21 golos na Liga Adelante ao serviço do Córdoba. O modelo de Anghel Iordănescu apresenta tantas preocupações associadas ao momento defensivo que esta seleção romena peca pela falta de ideias em termos ofensivos, revelando algumas dificuldades logo na primeira fase de construção, fase do jogo que costuma solicitar o apoio de um duplo pivot composto por Pintilli e Hoban. Estamos perante um estilo de jogo que incita ao recurso à bola longa para tentar progredir no terreno e alcançar a área contrária. No plano ofensivo, a capacidade de criação da equipa está entregue essencialmente ao talento de jogadores como Stanciu ou Torje.
Lista de convocados:
Guarda-redes: Ciprian Tatarusanu, Costel Pantilimon e Silviu Lung;
Defesas: Cristian Sapunaru, Alexandru Matel, Vlad Chiriches, Valerica Gaman, Dragos Grigore, Cosmin Moti, Razvan Rat e Steliano Filip;
Médios: Mihai Pintilii, Ovidiu Hoban, Andrei Prepelita, Adrian Popa, Gabriel Torje, Alexandru Chipciu, Nicolae Stanciu e Lucian Sanmartean;
Avançados: Claudiu Keseru, Bogdan Stancu, Florin Andone e Denis Alibec
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