Richard Gasquet – Nick Kyrgios (Wimbledon)
Depois do tradicional dia de descanso nada melhor que um grande encontro, com bom ténis, emotividade e animação garantida. Gasquet não esconde que chega com ideias de vingar a eliminação neste mesmo torneio, no ano passado. Mas Kyrgios, bem ao seu estilo, vai dizendo que está a jogar muito melhor que há um ano e pode mesmo vencer Wimbledon. Não tem medo de ninguém, acrescenta. Ah, a tresloucada bazófia da juventude!
Só por uma vez na sua carreira Richard Gasquet foi além da quarta ronda em Wimbledon. Foi em 2007 e nessa edição chegou até à semifinal. Não que não tenha um excelente jogo em relva, o seu virtuosismo dá-lhe recursos muito variados. Mas o problema sempre foi a fragilidade física. Há muito tempo, anos mesmo, que não víamos o pequeno francês jogar tão desanuviado, tão solto, provavelmente porque não tem sentido a ameaça de quebrar à próxima pancada.
Gasquet ainda não cedeu um set nas três etapas anteriores. Ultrapassou Luke Saville (6-3, 6-2, 6-2), Kenny de Schepper (6-0, 6-3, 6-3) e Grigor Dimitrov (6-3, 6-4, 6-4) em parciais diretos e não esteve mais de cinco horas em competição nos courts do All England Tennis Club, se juntarmos as três partidas. Mesmo contra o búlgaro, sem dúvida o adversário mais cotado e dotado dos três não o encontro não chegou aos cento e vinte minutos.
Agora terá a oportunidade de vingar – e ele não teve medo de usar a expressão – o duro afastamento na segunda ronda do Major Britânico, há um ano. O número vinte mundial dispôs de nove match points e desaproveito-os todos, dando a Kyrgios o seu primeiro momento debaixo dos holofotes mediáticos (3-6, 6-7, 6-4, 7-5, 10-8). A maior parte das pessoas só se lembra do carismático australiano a eliminar Rafa Nadal, mas já antes tinha mostrado que vinha para fazer estragos.
Gasquet foi muito lúcido quando afirmou que a dita má educação de Nick Kyrgios não o incomodava nada e que ele se comportava de forma respeitosa com os colegas quando estava fora do court, isso é que importa. Disse mesmo que parece ser boa pessoa, conversador e divertido. E que a atitude em campo só acrescenta à experiência do público. Também demonstrou estar bem ciente dos pontos fortes do adversário e mesmo não tendo podido acompanhar o seu embate com Raonic sabe que só havia uma forma de bater o canadiano, servir a um nível estratosférico.
Ao nível das estatísticas das suas prestações nas rondas anteriores Gasquet e Kyrgios estão praticamente equiparados. Grande eficácia no primeiro serviço, vencendo uma média de oitenta por cento dos pontos com ele, percentagens de segundo serviço razoáveis – cinquenta e dois para o francês; sessenta para o australiano – e muito poucos erros não forçados. A distinção está no número de ases de Kyrgios: cinquenta só nas duas últimas partidas. Gasquet faz serviços muito colocados que dificultam bastante a resposta mas, em geral, tem que trabalhar mais os pontos.
Kyrgios bateu Diego Schwartzman (6-0, 6-2, 7-6), Juan Mónaco (7-6, 6-3, 6-4) e Milos Raonic (5-7, 7-5, 7-6, 6-3). Se o australiano fosse apenas a personagem petulante e displicente que por vezes passa em court não seria um verdadeiro perigo. Mas se há coisa que se nota é que Nick faz o trabalho de casa, sobretudo nos grandes momentos ou contra adversários que o venceram no passado. E Gasquet roubou-lhe a possibilidade de conquistar o seu primeiro título ATP, ainda há poucos meses, na final do Millennium Estoril Open. Isto promete e não vou querer perder pitada. Mesmo com as fitas à mistura.
2015 | Estoril | Gasquet | 2 | 6 | 6 | F | ||||
Kyrgios | 0 | 3 | 2 | |||||||
2014 | Wimbledon | Kyrgios | 3 | 3 | 6 | 6 | 7 | 10 | 2R | |
Gasquet | 2 | 6 | 7 | 4 | 5 | 8 | ||||
2014 | Taça Davis | Gasquet | 3 | 7 | 6 | 6 | ||||
Kyrgios | 0 | 6 | 2 | 2 |
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