“Organização” é o conceito. Independentemente do que aconteça nos quartos-de-final, a Polónia já fez história em solo gaulês. Conquistou a primeira vitória na fase final de um campeonato da Europa, impôs um empate à campeã do mundo, ultrapassou a fase de grupos pela primeira vez na sua história e está entre os oito finalistas da competição. Debelada a Suíça, Portugal é o adversário que se segue no caminho das “águias brancas”, que querem continuar a voar bem alto.
Um dos principais méritos do seleccionador Adam Nawalka reside no facto de ter subordinado o conjunto polaco a uma ideia de forte compromisso, propícia a uma evolução notória do ponto de vista coletivo. Atualmente, a Polónia é uma equipa capaz de interpretar e de se ajustar a cada momento do jogo, demonstrando que está totalmente identificada com o modelo proposto por Nawalka. Em termos individuais, cada jogador está ciente do papel que desempenha em campo, tendo sempre por diretriz não comprometer o equilíbrio coletivo.
Madura e disciplinada do ponto de vista táctico, a consistência que exibe permitiu terminar a fase de grupos sem qualquer golo consentido – Irlanda do Norte (1-0), Alemanha (0-0) e Ucrânia (1-0). Já nos oitavos-de-final, frente à Suíça, Fabianski não teve capacidade para suster o remate acrobático de Shaqiri, que igualou a contenda e adiou a decisão. Nas grandes penalidades, a frieza da formação polaca permitiu seguir em frente. O sistema defensivo polaco teve um bom desafio no encontro com a Alemanha e o resultado, em termos práticos, foi francamente positivo. A capacidade de aproximar os setores e o critério na pressão exercida sobre o adversário foram dois fatores que permitiram anular, em certa medida, o ataque furtivo dos alemães.

Foto: “Getty Images”
Adam Nawalka testou várias soluções durante a fase de qualificação, mas é num 4x4x2 clássico que a equipa polaca se sente mais confortável, viabilizando a presença da dupla Lewandowski-Milik na frente de ataque. A estabilidade que carateriza esta seleção constrói-se a partir de trás. O eixo defensivo é habitualmente composto por Pazdan e Glik, dupla perfeitamente entrosada que pauta pela solidez, pela rigidez em termos posicionais e exibe elevada taxa de eficácia nas respetivas ações. Kamil Glik, mais dotado para sair a jogar, atuou no Torino ao longo da última temporada e vai reforçar o Mónaco. Apesar de também poder jogar no meio-campo, Pazdan tem sido utilizado na defesa e oferece um registo diferente, mais impetuoso e de processos mais rudimentares comparativamente a Glik. Pelas laterais, o grande destaque vai para Pisczek, lateral que surge nas costas de Kuba, à semelhança do que já tinha acontecido no Euro 2012. A dupla que outrora partilhou o balneário do Westfalenstadion, casa do Borussia Dortmund, alinha pela ala direita e a propensão ofensiva do experiente Pisczek é um dos grandes perigos desta seleção polaca. Pelo flanco contrário, Artur Jerdrzejczyk surge no lugar do lesionado Rybus e tem conseguido cumprir, de tal modo que é um dos totalistas desta equipa. No meio-campo, Adam Nawalka tem incitado Krychowiak a assumir a batuta, num registo diferente daquilo que costuma apresentar em Sevilha. Talhado para tarefas mais defensivas no emblema do sul de Espanha, com a camisola da Polónia está obrigado a assumir mais o jogo, atuando mais subido no terreno e apresentando-se como um dos responsáveis por garantir fluidez ao jogo polaco – no jogo com a Suíça, apresentou uma taxa de eficácia no passe de 92 por cento. Não tem a visão nem a capacidade de criação de um “10”, mas é garantia de equilíbrio no centro do terreno – ganhou 77 por cento das “divididas” nos jogos que já disputou neste campeonato da Europa. Com o dorsal 5, o interior Maczynski complementa o trabalho de Krychowiak, colocando intensidade no jogo e desempenhando um papel importante sem bola. No banco, os promissores Zielinski e Kapustka também dão garantias a Nawalka.
Pelas alas, há Jakub “Kuba” Blaszcykowski, autor dos golos polacos frente as seleções da Ucrânia e da Suíça. Pouco utilizado por Paulo Sousa na Fiorentina, Kuba tem conseguido impor o seu futebol de vertigem pela ala direita do ataque, aparecendo frequentemente em zona de decisão através de movimentos rápidos. Embora seja mais frequente vê-lo a atuar pela direita no Rennes, Kamil Grosicki tem sido escolha habitual de Nawalka para o lado direito, jogador que tal como “Kuba” também tem capacidade de desequilibrar, embora o facto de ser destro faça com que explore em diagonal, surgindo num apoio mais direto a Lewandowski e Milik, dupla que esteve em bom plano na fase de qualificação e atemoriza qualquer defesa. Lewandowski ainda não se estreou a marcar nesta fase final do campeonato da Europa, mas o sentido de oportunidade de um dos melhores jogadores de área da atualidade pode revelar-se fatal a qualquer instante. A seu lado, Milik procura dinamitar espaços, de remate fácil, que presta um apoio importante à referência Lewandowski.
Boas Apostas!