Arranca o Masters de Madrid, o primeiro evento obrigatório nesta que é a temporada de terra batida mais imprevisível da última década. A grande notícia, mesmo antes de arrancar o torneio, é a ausência do número dois mundial, Novak Djokovic, ainda a braços com uma persistente lesão no pulso. Nadal entra em campo para defender o título, esperando que Madrid seja essa viragem decisiva em que o maiorquino se reencontra com o seu melhor ténis. Mas há suíços à espreita, e provavelmente o mais perigoso nem sequer é Federer. Wawrinka afastou-se do Portugal Open precisamente porque percebeu que este pode ser o seu momento. Está tudo em aberto, é certamente a ideia na cabeça dos sessenta e quatro tenistas do quadro principal masculino.
Primar pela ausência
Depois da final de Monte Carlo, Nole comunicou que estava com um problema no pulso direito. Exames médicos subsequentes esclareceram que o problema era menos sério do que inicialmente antecipado. Não seria necessário passar por uma cirurgia, apenas descanso absoluto, pelo menos duas semanas fora dos courts. Nese momento o sérvio manifestou intenção e esperança de estar em condições de regressar em Madrid. “Peço desculpa ao torneio de Madrid e a todos os fans espanhóis por ter de me retirar do Mutua Madrid Open. Fiz todos os possíveis para poder jogar em Madrid, um dos maiores eventos do ano, mas infelizmente a lesão no meu braço direito voltou a manifestar-se”, disse Djokovic no seu comunicado. Assim sendo, Novak volta a dar descanso ao pulso, apontando agora para o Masters de Roma. O francês Paul-Henri Mathieu, ocupará a vaga do número dois mundial, o que significa que fica dispensado de disputar a primeira ronda.
O eterno favorito
Nadal não está ao seu melhor nível. Ele fala de recuperar sensações e muitos dizem que o espanhol precisa mesmo desta vitória em Madrid. Mal não faria. No entanto, Madrid é só uma etapa no percurso, o grande objetivo continua a ser Roland Garros. O que Rafa precisa, realmente, é de jogar, de estar em competição, diante de bons adversários, para recalibrar, como agora está em voga, o seu ténis. Mas convém refrescar a perspetiva. É verdade que perdeu diante de David Ferrer e Nicolas Almagro, nos quartos-de-final de Monte Carlo e Barcelona, coisa nunca antes vista. Mas Nadal continua a ser o líder do ranking ATP, com um registo de vitórias consecutivas e títulos, sobretudo em terra batida, que não deixa qualquer dúvida quanto ao seu estatuto de favorito absoluto. E se as chances do espanhol são muito boas em decisões à melhor de três, à melhor de cinco só mesmo Djokovic pode rivalizar com ele.
À espreita
E chega a vez do pretendente, a figura que vem de trás mas que, desde o início da época vem escalando o top. O agora número um suíço, Stanislas Wawrinka, depois de ter vencido o Open da Austrália e o torneio de Monte Carlo, de ter sido capaz de se superiorizar a Nadal, Djokovic e Federer, pensa, com legitimidade, porque não? Ainda que ele diga que ainda está muito longe do nível dos dois homens que encabeçam o ranking, o momento de indefinição de um e a lesão de outro abrem possibilidades únicas. Ele sabe disso, e por essa razão, após o evento monegasco, optou por resguardar-se e treinar. Espera-o desafios muito duros e para ter alguma chance de chegar a Paris em condições de roubar a coroa ao espanhol tem que estar na sua máxima força. Neste momento não há dúvidas, Stanislas é quem está a praticar o melhor ténis, é o mais consistente e seguro tenista do Top 5, e por isso mesmo ele surge como favorito em Madrid, logo a seguir ao campeoníssimo Rafa.
E não podemos esquecer que haverá outro suíço a tentar a sua sorte, Roger Federer. A jogar como há muito não o víamos, com energia e convicção, Federer já venceu o torneio do Dubai e está mortinho por conquistar o seu primeiro título Masters 1000 da temporada. Tanto em Indian Wells como Monte Carlo esteve perto. O antigo número um tem-se dado bem com a altitude de Madrid e não se anteveem dificuldades de maior, pelo menos até às meias, onde as probabilidades o apontam como adversário de Nadal. Será desta?
Agora ou nunca
É excitante fazer a antevisão deste Madrid Open. O espectro alarga-se, há mais opções e possibilidades. E mesmo que não seja para vencer o troféu, há aqui muita qualidade com margem para surpreender aqui ou ali. Andy Murray, sorrateiramente, volta aos courts depois de uma pausa. Quase ainda não competiu em terra batida e continua sem se decidir por um treinador mas não é por isso que o devemos descartar já. E porque não Kei Nishikori, o japonês mais rápido que a própria sombra? Acabou de vencer Barcelona e já entrou em competição em Madrid, batendo Ivan Dodig em dois sets. Ou Grigor Dimitrov? O búlgaro anda a ver se fura o Top 10 e esta pode ser a sua oportunidade. Não faltam motivos de interesse, para acompanhar o Masters de Madrid partida a partida.
Boas Apostas!