Novak Djokovic – Thanasi Kokkinakis (Roland Garros)
Por momentos a terra estremeceu em Paris, diante da possibilidade do número um mundial se ter lesionado. Mas a nuvem passou e Novak voltou a ser a força dominante do costume. No caminho para o Grand Slam de carreira atravessa-se agora o adolescente australiano que foi a sensação da segunda ronda, ao recuperar uma desvantagem de dois sets a zero. Se tudo correr de acordo com as expetativas Djokovic vai vencer, talvez até por sets diretos. Mas dado o carácter aguerrido de Kokkinakis, esperam-se pontos espetaculares e muita, muita luta.
Quem, como eu, acompanhava o encontro entre Novak Djokovic e Gilles Muller assustou-se ainda antes do número um mundial pedir a entrada do fisioterapeuta do torneio em court. É que dá medo ver a forma como Nole joga. Tudo tão incrivelmente bem feito, tudo tão certo e aparentemente sem grande desgaste. E o problema não é a fraca oposição, o veterano luxemburguês fez o que pode, mas o sérvio está tantos furos acima! Foi uma surpresa enorme quando se percebeu que ele estava a sentir dor, ninguém diria a vê-lo bater as pancadas. Durante uns instantes, enquanto era assistido em court, houve burburinho. O que seria desta edição do Roland Garros se o inegável favorito se visse obrigado a abandonar o torneio? Mas a sombra passou, Djokovic voltou a jogo e fez o de sempre. Foi a sua vigésima quarta vitória consecutiva, em sets diretos e com direito a trinta e cinco winners. Se é assim quando está a sentir desconforto, imaginemos o que será se estiver a cem por cento (6-1, 6-4, 6-4).
No final do encontro, Nole desvalorizou o problema na virilha. Não parece ser nada sério, foi apenas uma sensação desagradável durante certo tempo, e o sérvio atribuiu o problema à alteração das condições do court, que se foi tornando mais pesado e escorregadio.
O adversário do líder do ranking na terceira ronda será um adolescente de dezanove anos que ontem teve uma tarde épica. Thanasi Kokkinakis bateu o compatriota Bernard Tomic em cinco sets, na sua primeira participação no quadro principal do Grand Slam francês (3-6, 3-6, 6-3, 6-4, 8-6). Só por si isto seria impressionante mas acrescentemos uns pozinhos. Numa partida que durou quase três horas e meia, Kokki esteve perdeu os dois primeiros sets e muitos – Tomic inclusive – pensou que a coisa estava praticamente decidida. Mas, fiel ao seu carácter aguerrido e confiante de que estaria em melhor condição física do que o adversário, Kokkinakis não desistiu e foi dando a volta à eliminatória. No derradeiro parcial ainda sofreu uma queda aparatosa, que o obrigou a recorrer aos dois temos médicos, e forçou Tomic a desbaratar uma vantagem de 5-2 nesse set, salvando três match points para garantir a passagem à terceira ronda do Major de França. E marcar encontro com Djokovic. Esperemos que a anca dorida não cause limitações.
Kokkinakis é um jogador que gosta de arriscar, das bolas a tocar na linha. Sabe que pode falhar redondamente, se as coisas começam a não funcionar, mas tem a confiança de que serão mais os sucessos que os desaires. É também interessante perceber a sua capacidade de aprendizagem. O confronto de quinta-feira foi o terceiro de 2015 entre os dois australianos. Em janeiro, em Brisbane, Tomic venceu em sets diretos (7-6, 6-1). Em Indian Wells, Kokki, à laia de aviso, já não saiu de mãos a abanar e roubou o seu parcial (6-4, 4-6, 6-4). Há terceira, foi de vez.
Djokovic e Kokkinakis nunca se defrontaram antes e só numa ocasião, já há três anos, bateram umas bolas no aquecimento, em Brisbane. O australiano até confessou que já treinou com os outros grandes nomes e tinha muita vontade de o fazer com o número um do mundo, só que nunca se proporcionou. Agora vai ter a sua oportunidade.
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