Novak Djokovic – Dominic Thiem (Roland Garros)
Esta meia-final tem tudo para ser menos equilibrada mas nem por isso deixa de ter pontos de interesse. Novak Djokovic bateu Berdych em três sets para marcar presença na sua trigésima semifinal de um Major. Deu um passo mais em direção ao título que insiste em lhe escapar. Dominic Thiem lutou bastante para ultrapassar Goffin mas no fim provou ser o tenista com o maior leque de soluções. Chega, assim, à sua primeira meia-final de uma prova do Grand Slam e tem pelo menos garantida a entrada no top-10. O que vier a mais é lucro.
Até aos oitavos de final Novak Djokovic não andou a exibir o seu melhor ténis. Também não era preciso, com todo o respeito para Lu (6-4, 6-1, 6-1), Darcis (7-5, 6-3, 6-4), Bedene (6-2, 6-3, 6-3) e mesmo Bautista Agut (3-6, 6-4, 6-1, 7-5). Mas a passagem para os quartos de final é um momento determinante num torneio de categoria superior e esta quinta-feira o número um mundial não quis deixar os seus créditos por raquetes alheias. Derrotou Tomas Berdych (6-3, 7-5, 6-3) em sets diretos, e esse pormenor é muito importante para o que está para vir. Houve quem visse em certas atitudes que o sérvio teve no terceiro parcial algum nervosismo pela pressão do momento. Eu acho que foi mais ansiedade em fechar o encontro o quanto antes, em não desperdiçar oportunidades. A ameaça, mais do que a interrupção, era a de não saber quando poderia retomar a partida e fechá-la. Djokovic já está a pensar na final, é inevitável, e sabe a importância de chegar lá fresco e sem desgaste acrescido.
No ano passado Djokovic sucumbiu à pressão. Depois de anos à espera da sua oportunidade, derrotou Nadal logo nos quartos de final, Murray na semifinal e quando chegou ao jogo do título não conseguiu responder ao melhor nível ao desafio de Wawrinka, que não tinha nada a perder naquele dia. Roland Garros é a peça que lhe falta para completar o Grand Slam e desta vez o sérvio está de sobreaviso.
Foi o Rei da Terra Batida que o disse, Dominic Thiem há de vencer pelo menos uma vez o Roland Garros. Rafa sabe do que fala e quando defrontou o jovem austríaco fez-lhe este elogio. Aos vinte e dois anos Thiem é um tenista surpreendentemente completo. Mentalidade forte, maturidade e muita determinação aliam-se a capacidades técnicas impressionantes. Ele é forte no serviço e consegue fazer winners quer com a direita ou a esquerda. Não lhe faltam soluções e vê-se que ele trabalha muito isso. O estar preparado para recorrer a armas alternativas, consoante o adversário ou o momento o exijam.
O triunfo sobre David Goffin (4-6, 7-6, 6-4, 6-1) teve desde já uma dupla recompensa. A primeira é inerente, a presença na primeira semifinal de um torneio do Grand Slam. A segunda, que daqui decorre é entrada, pela primeira vez, no top-10 mundial. Aconteça o que acontecer esta sexta-feira, o sétimo lugar do Ranking ATP já não escapa a Thiem na próxima atualização. Aos vinte e dois anos, repito, é obra e vem premiar um ano tremendo que o austríaco está a fazer. Já conquistou três títulos em 2016 – em Buenos Aires, Acapulco e Nice – quase conseguindo fazer o pleno nas quatro finais que alcançou na temporada. Chegou aos oitavos nos três primeiros Masters 1000 da época – Indian Wells, Miami e Monte Carlo – e aos quartos de final em Roma, o que demonstra uma enorme consistência em provas de nível superior. Só Djokovic o bate no número de vitórias este ano (menos uma que as quarenta e duas do sérvio) e já leva cinquenta e uma partidas nas pernas.
2016 | Masters de Miami | Djokovic | 2 | 6 | 6 | R16 |
Thiem | 0 | 3 | 4 | |||
2014 | Masters de Shanghai | Djokovic | 2 | 6 | 6 | 2R |
Thiem | 0 | 3 | 4 |
Thiem enfrentou Djokovic em court por duas vezes e saiu sempre derrotado, sem conseguir roubar um set ao número um mundial. Mas se à coisa que se pode dizer é que o austríaco aprende e evolui depressa.