O “derby” que divide a cidade de Milão ficou marcado por um conflito de eras. De um lado, Stefano Pioli participou no primeiro “derby della madonnina” enquanto técnico do Inter, ao passo que os adeptos do AC Milan ergueram um “tifo” em jeito de despedida ao proprietário Sílvio Berlusconi, icónico proprietário do emblema “rossonero” há mais de três décadas que se prepara para passar o testemunho a um grupo de investidores chineses. Na capital mundial da moda, o dinheiro asiático rege a atividade dos dois velhos rivais.

Foto: "Xinhua/Alberto Lingria"

Foto: “Xinhua/Alberto Lingria”

Se há ocasiões em que a justiça impera no futebol, este primeiro “derby della madoninna” disputado em 2016/17 é um belo exemplo. O empate a duas bolas reflete o equilíbrio entre as duas principais forças de Milão.  Em noite marcada pela estreia de Stefano Pioli, o Inter demonstrou velhos hábitos: Teve mais bola (65,6 por cento), completou mais passes (439) e manteve o sistema de “pressing alto”. O novo técnico “nerazzurro” mexeu em algumas peças, manteve boa parte da estratégia (a verdade é que ainda tem pouco tempo de trabalho) e apostou num 1x4x3x3. Jaison Murillo deu lugar a Gary Medel na defesa – primeiro elemento influente em construção que no entanto saiu lesionado aos 37 minutos – e Ever Banega foi relegado para o banco, cedendo a vaga deixada no meio-campo a Geoffrey Kondogbia, “mal amado” na era Frank de Boer. A equipa do Inter também se apresentou mais esclarecedi e objetiva no último terço do terreno, mas pouco eficiente na reacção à perda de bola, sobretudo a meio-campo. Se Kondogbia pode dar-se por satisfeito com a chegada do novo treinador dado que assumiu a titularidade, Ivan Perisic – em subrendimento nas últimas rondas – também reagiu bem aos novos ares, dado que foi o autor do golo que permitiu ao Inter empatar a partida já para lá dos 90. Os dois homens que atuaram nas “asas” da equipa do Inter – Ivan Perisic e Antonio Candreva – marcaram e demonstraram que podem ser aposta de Stefano Pioli, treinador que gosta de ter uma equipa bem guarnecida nos flancos.

O empate já para lá dos 90 foi um castigo duro para o AC Milan, equipa que esteve em vantagem no marcador por duas vezes (1-0; 2-1). A inspiração de Suso, jovem espanhol que tem crescido de dia para dia e finalmente encontra um espaço onde se possa impor, valeu dois golos à equipa que veste de vermelho e negro. No primeiro, bateu Donnarumma com um remate colocado em zona interior, enquanto no segundo deixou Miranda mal “na fotografia” ao driblar o defesa brasileiro dentro da área e atirar para o fundo da rede contrária. O AC Milan teve mais bola mas soube lidar com isso, destacando-se pela abordagem incisiva ao encontro. A formação “rossoneri” continua a ter as suas debilidades – demasiadas para assumir uma candidatura à conquista do “scudetto” – mas o trabalho de Vincenzo Montella é um primeiro passo para a reafirmação de um “gigante adormecido” representado por uma formação em crescendo, cada vez mais madura por sinal.

Boas Apostas!