O Arsenal precisou de chegar à marcação das grandes penalidades mas foi, claramente, o justo vencedor do Community Shield. Mesmo sem os principais criativos, a equipa de Wenger voltou a mostrar que tem especial inclinação pelo troféu que abre a temporada. O Chelsea teve, a espaços, a eficácia cirúrgica que lhe reconhecemos. Mas a falta de Hazard deixou a equipa sem rasgo e umas sucessão de erros custou aos Blues a taça.

É só um troféu e o primeiro jogo da temporadada oficial mas o Arsenal mostrou garra sem as suas figuras mais criativas.

É só um troféu e o primeiro jogo da temporadada oficial mas o Arsenal mostrou garra sem as suas figuras mais criativas.

Arsenal mostra vitalidade sem Ozil e Alexis Sánchez

O Arsenal foi a jogo sem os seus elementos mais desequilibradores. Mesut Ozil, Shkodran Mustafi e Aaron Ramsey estavam todos com mazelas; Laurent Koscielny cumpria castigo; Alexis Sánchez, que chegou de férias mais tarde, ainda não atingiu a condição física necessária. Mas mesmo assim a equipa treinada por Arsène Wenger foi a que entrou em campo em Wembley com determinação de levar o troféu para casa. Danny Welbeck ainda não tem o ritmo próprio para fazer a diferença, Alexander Lacazette ainda está algo desgarrado, e Iwobi precisa de alguém que pense melhor o jogo ao seu redor. Tudo coisas absolutamente naturais no arranque da temporada. Compreensivelmente, o meio-campo não rende o mesmo sem a capacidade de construção e rasgo de Ramsey, Ozil e Sánchez. Xhaka e Elneny são bastante eficazes na face de contenção – estiveram irrepreensíveis no cerco a Willian e Pedro – mas depois não têm o dom de descobrir espaços de progressão.

Pouco depois da meia-hora, Per Mertesacker abriu o sobrolho em contacto com o cotovelo de Cahill e teve que ser substituído. Sead Kolasinac, o bósnio que os Gunners foram buscar a custo zero ao Shalke 04, entrou para ser o terceiro central e acabou por ser uma das figuras da tarde em Wembley. Não acusou a responsabilidade e sempre que a oportunidade surgiu tentou avançar no terreno, mostrando que não estava ali só para picar o ponto. Foi dele o golo que deu o empate e permitiu a decisão posterior nas grandes penalidades.

Kolasinac estreou-se em jogos oficiais, vindo do banco, e foi dele o golo que conduziu aos penáltis.

Kolasinac estreou-se em jogos oficiais, vindo do banco, e foi dele o golo que conduziu aos penáltis.

Chelsea murcho sem Hazard

É costume desvalorizar-se a Supertaça porque realmente é apenas um jogo, numa altura em que as equipas ainda estão em formação. Não conta de muito mas é impossível não avaliar o que se viu, sobretudo quando suscita apreensão. O Chelsea ressentiu-se tremendamente da ausência de Eden Hazard. E também de Diego Costa, já que estamos nisto, mas isso seriam outros quinhentos. O belga, ainda a recuperar da cirurgia que fez, ficou do banco a ver a exibição murcha dos companheiros. A espaços, os Blues mostraram aquela eficácia cirúrgica que lhes reconhecemos da temporada passada. Victor Moses foi providencial a aproveitar uma das pouquíssimas ocasiões que a equipa teve para marcar. Mas faltou criatividade para romper a linha defensiva do meio-campo adversário, esse talento particular que Hazard e tantas vezes faz a diferença. Michy Batshuayi não tem as características para vir buscar jogo ou interagir com os homens de trás. Álvaro Morata tem outra perceção dos espaços mas ainda precisa de tempo para se ambientar com os companheiros.

A saída de Matic também está a causar dificuldades. Kanté é um monstro mas Fàbregas não tem perfil, nem idade, para desempenhar as funções defensivas. Tiemoué Bakayoko pode vir a ser esse companheiro que Kanté precisa para dominar o miolo mas para já a nova contratação ainda recupera de lesão.

O Chelsea perdeu a Community Shield porque não fez o suficiente para igualar uma Arsenal consideravelmente desfalcado. E no fim acabou por cometer erros que saíram caros. A expulsão de Pedro foi determinante para que os Gunners chegassem à igualdade.