Na América do Sul, um ano que começou com a realização da edição centenária da Copa América e que tinha tudo para ficar na história por razões positivas, ficou marcado pelas piores razões. O desastre aéreo de Antioquia que envolveu a comitiva da Chapecoense e vitimou 71 pessoas comoveu o mundo e relegou a questão desportiva para segundo plano, demonstrando o lado mais humanista do jogo.
Equipa do ano: Atlético Nacional

Foto: “FIFA”
O desastre aéreo que ceifou a vida à comitiva da Chapecoense constará em todas as revistas desportivas do ano. A vida sobrepõe-se a qualquer cor, ponto ou eliminatória desportiva e o mundo chorou a perda de uma equipa que voava com destino ao seu “Olimpo desportivo” com todo o mérito. Em Medellín, Colômbia, o Atlético Nacional aguardava a chegada da “Chape” para a disputar da primeira mão da final da Copa Sul-Americana, depois de já ter conquistado a Libertadores na primeira metade do ano. Depois do desastre, o estádio Atanasio Girardot encheu-se e foi palco de uma das maiores demonstrações de humanismo que o “desporto rei” alguma vez viu. A Chapecoense foi declarada campeã sul-americana, ideia que partiu dos responsáveis do Atlético Nacional, e a memória de todos os que perderam a vida foi devidamente homenageada. O Atlético Nacional nem sequer precisava de ter conquistado a segunda Libertadores da sua história para ser, indubitavelmente, a equipa do ano na América do Sul. O lado humano dos “Verdolagas” legitima a coroação daquela que passou a ser a “outra” equipa de Chapecó.
Revelação: Gabriel Jesus

Foto: “Tomas Cintra/Photopress/Estadão Conteúdo”
No Brasil, o ano ficou marcado pelo título de campeão brasileiro conquistado pelo Palmeiras. Mais de de duas épocas depois do seu último sucesso aos mais alto nível, numa travessia durante a qual até teve que disputar a Série B, o “Verdão” de São Paulo, liderado por Cuca, rubricou uma campanha notável, impressionante pela regularidade demonstrada. Do ponto de vista individual, brilhou Gabriel Jesus, avançado cujo talento não passou em claro a Pep Guardiola, técnico catalão que se encarregou de pedir à direção do Manchester City que investisse na sua contratação. 19 anos, 46 jogos, 21 golos e um papel preponderante no percurso rubricado em 2016. Gabriel Jesus foi a revelação do ano na realidade sul-americana – pese embora a saída de Gabriel Barbosa do Santos para o Inter de Milão – e é uma certeza no que diz respeito ao futuro da seleção brasileira, sendo que já se pode gabar de ter feito parte da geração que conquistou a medalha de ouro em casa, nos Jogos do Rio de Janeiro. Lucas Lima, do Santos, poderá ser a próxima grande transferência do futebol brasileiro para o “Velho Continente”.
Jogadores em destaque
Na hora de eleger quem mais se destacou do ponto de vista individual, importa olhar para a lista elaborada pelo diário uruguaio “El País”. O rol de nomes engloba alguns protagonistas de sempre como Carlos Tevez, Fred, Paolo Guerrero ou Robinho, mas também reúne nomes de atletas promissores como Gustavo Gómez (entretanto transferido do Lanús para o AC Milan), Franco Cervi (Benfica), Gabriel Jesus, Gabriel Barbosa, Lucas Lima, De Arrascaeta, Miguel Borja, Sebastián Pérez. Torna-se difícil destacar uma figura em particular, sobretudo numa realidade em que, contrariamente ao que acontece na Europa, não existe um lote de quatro, cinco ou seis jogadores que se destaquem claramente dos demais, algo que em parte se explica pelo facto de o futebol sul-americana continuar a viver muito de jogadores que regressam ao seu “porto de abrigo” após passagem pela Europa e de talentos emergentes que ainda se procuram afirmar.
Treinadores em destaque: Repetto, Rueda e Tite
A final da Libertadores representou um frente a frente entre dois técnicos que merecem ser destacados pelo trabalho desenvolvido em 2016. O uruguaio Pablo Repetto, recentemente anunciado como novo técnico do Olimpia, levou os equatorianos do Independiente del Valle até à final da competição de clubes mais importante da América do Sul, surpreendendo tudo e todos num contexto que, na realidade, costuma ser propício a este tipo de acontecimentos. Por trás da grande equipa do Atlético Nacional estás Reinaldo Rueda, experiente técnico de 59 anos que continua à frente do conjunto de Medellín. Os resultados de Independiente e Atlético falam por si só, mas foi o futebol jogado por uma e outra equipa que legitimam a entrada nestas contas.
Para Tite, 2016 foi “o” ano. Depois de ter demonstrado estar um passo à frente da concorrência enquanto treinador do Corinthians, assumiu uma seleção brasileira novamente “ferida de morte” em virtude do insucesso na Copa América e catapultou-a para patamares exibicionais que estão em conformidade com os pergaminhos de uma das seleções mais consagradas da história do futebol mundial. A “Canarinha” voltou a praticar bom futebol e assumiu a liderança do grupo de apuramento para o Mundial 2018. Também a nível de seleções, Juan Antonio Pizzi teve sagacidade suficiente para comandar o Chile rumo à revalidação do título de campeão sul-americano, após a saída de de Jorge Sampaoli para o Sevilha.
Boas Apostas!