O Sporting Clube de Portugal, uma das grandes equipas do país, que outrora dividia com o Benfica o gosto e a simpatia dos portugueses, viu a sua grandeza desaparecer pouco depois do Futebol Clube do Porto começar a cimentar a sua figura vencedora. Um país que era Benfica / Sporting, passou a ser Benfica / Porto. E isto deveu-se, em muito, ao facto do FC Porto ter começado a ganhar, a ganhar muito, e a ganhar bem, mas também, ao facto do Sporting ter sido atirado para fora das vitórias: o segundo, como se diz, é o primeiro dos últimos.

O Sporting, na época de 2013-2014 não esteve nas competições da UEFA.

Mas em 2014-2015, o Sporting, voltou não só à UEFA, como se qualificou para a fase de grupos da Liga dos Campeões.

O Sporting CP, depois de incontáveis anos de chumbo, está à procura do seu caminho, com alguma orientação.

A sua principal aquisição para a presente temporada, e na tentativa de manter o rumo conseguido com Leonardo Jardim que, no final da época passada rumou ao Mónaco, da Liga Francesa, mas deixou um clube com as esperanças renovadas, em segundo lugar na Liga Portuguesa e apurada para a Liga dos Campeões, foi Marco Silva, antigo jogador do Estoril-Praia, entre 2005 e 2011, que passou a treinador principal do clube na época de 2011-2012, e se manteve até à época passada, a de 2013-2014. Nesses três anos, Marco Silva subiu o Estoril à Primeira Liga e, nas duas épocas seguintes conseguiu a proeza de qualificar o Estoril-Praia para a Liga Europa. Agora, já na Liga dos Campeões com o Sporting, Marco Silva quer ir o mais longe possível na Europa, e tentar ganhar o título de Campeão Nacional com o Sporting, já nesta época de 2014-2015. Nas palavras e no desejo do próprio.

E como é que está a equipa que Marco Silva quer tornar Campeã Nacional da Liga Portuguesa?

Para já é quase certo que, comparado com Benfica e Porto, o Sporting é a equipa que, à priori, menos muda em comparação com a época transacta. O treinador ainda está a estudar a equipa, mas nada deve passar de pequenos ajustamentos para uma equipa que se reconhece ter conseguido bastante na época passada. Além de que o Sporting não tem muito dinheiro para gastar, o que obriga a uma compra muito selectiva e por jogadores a custo zero, ou quase.

Na Baliza

Rui Patrício

Rui Patrício não deve deixar o Sporting CP tão cedo

Na baliza, e se nada de muito extraordinário acontecer, e se ninguém se chegar à frente e oferecer uma boa proposta, que será, contudo, bem distante da clausula de rescisão de 40.000.000€, deve estar, como nos últimos anos esteve, Rui Patrício. Este é, de há vários anos, o titular indiscutível das redes sportinguistas. Nos últimos tempos, porém, já se tornou um pouco discutível. Algumas más prestações, alguns erros graves com influência nos resultados, seja ao serviço do Sporting CP ou da Selecção de Portugal, Rui Patrício já não é o indiscutível que era. Também por isso, deve continuar como número 1 do Sporting porque não chegará nenhuma proposta que convença os dirigentes do clube a abrir mão daquele que era, até não há muito tempo, a jóia da coroa da formação sportinguista dos últimos anos. Passada que está a euforia, e Rui Patrício já demonstrou que é um bom guarda-redes, mas não um fora-de-série, é muito provável que fique, e por muito tempo, em Alvalade. Os anos vão passando, e o brilho também. Mas é um grande defensor das redes sportinguistas. Era capitão de equipa, e segundo as últimas indicações, deve continuar como capitão.

Como número 2 da baliza sportinguista deve continuar Marcelo Boeck, que veio do Marítimo no final da época de 2011 e, desde então, tem passado o tempo entre a equipa principal e a B. Este ano deve ser o suplente de Rui Patrício, até porque Rui Patrício está de pedra e cal nas redes sportinguistas. No entanto, Marcelo Bock, tal como Rui Patrício, é um dos capitães de equipa do Sporting CP.

Como terceiro guarda-redes há-de ficar algum dos jovens guardiões que vêm das camadas mais jovens, ou da equipa B, como Guilherme Oliveira, Vladimir Stojković ou Luís Ribeiro.

Na Defesa

Na defesa está tudo na mesma, ou seja, se tudo correr bem, e o vice-campeão do Mundo, o argentino Marcos Rojo, a maior das estrelas defensivas do Sporting CP, continuar de leão ao peito, a defesa do ano passado, continua funcional este ano: à direita Cédric Soares, à esquerda Jefferson e como centrais, Maurício e Marcos Rojo. Um luxo que muito poucos conseguem manter. Se não se vender Marcos Rojo, e a tentação financeira do clube, e o desejo material e desportivo do atleta, a isso não obrigarem, é, com certeza, uma grande mais valia para Marco Silva. Poder contar com uma defesa que já tem provas dadas e que aprendeu a jogar junta é algo que os mais directos competidores do Sporting não vão poder ter. Uma mais valia para o Sporting e para o seu treinador.

Marcos Rojo

Marcos Rojo é o vice-campeão do Mundo do Sporting CP

Mas as posições foram complementadas dentro das possibilidades do clube. Para a direita da defesa, o Sporting SC foi buscar André Geraldes, de 23 anos, ao Istanbul, e que no ano passado tinha estado emprestado ao Belenenses, onde fez, de resto, uma boa campanha. Para a esquerda tem Mica Pinto, jovem, de 21 anos, da formação e que já passou pela equipa B. Para o centro da defesa, e como alternativa a Maurício e Marcos Rojo, ou até a tentar disputar um dos lugares, o Sporting ainda tem Eric Dier, a fazer uma boa pré-época, segundo consta, a querer dizer a Marco Silva que pode contar com ele para lhe dar boas dores de cabeça, e Paulo Oliveira, que o clube foi buscar ao Vitória de Guimarães, para além dos jovens Rúben Semedo e Tobias Figueiredo, jogadores da equipa B promovidos, pelo menos por agora, à equipa principal.

Mas a grande mais valia desta defesa da equipa de Marco Silva é a manutenção de um quarteto que já o ano passado funcionou tão bem. Assim o Sporting CP consiga mantê-lo para além deste início de época.

No entanto, e se calhar já a precaver uma eventual venda de Marcos Rojo, para tentar equilibrar as contas da equipa, o clube acabou de contratar o central Ramy Rabia, jogador egípcio do Al-Ahly, de 21 anos.

No Meio-Campo

No meio-campo, o clube afina pelo mesmo diapasão. Mas aqui ainda terá de dispensar alguns jogadores, por via das bastantes contratações que se fizeram.

William Carvalho

Se não sair, William Carvalho é o trinco

William Carvalho é o trinco. Foi-o na selecção nacional, e é-o aqui, no seu clube se, tal como Marcos Rojo, o Sporting não tiver de o vender e conseguir aguentá-lo, pelo menos, por mais um ano. Tem 22 anos e uma grande margem de progressão. Mas já é um nome seguro. Uma mais valia desportiva e financeira. Um jogador que já marca todo o terreno de jogo, com boa visão e excelente postura em campo.

Adrien Silva é uma espécie de número 10. Fez uma grande época o ano passado. Sonhava, e muito sonharam com ele, em ir com a selecção nacional ao Brasil. Não foi opção para Paulo Bento. Mas sê-lo-à para Marco Silva. Assim o espera Adrien. Assim justifica a época transacta.

Como médios mais defensivos, o Sporting ainda tem João Mário, irmão de Wilson Eduardo, que regressou depois de um ano de empréstimo ao Vitória de Setúbal, onde fez, também, uma boa época, o espanhol Oriol Rosell, de 22 anos, contratado aos americanos do Sporting de Kansas City, e que foi formado no Barcelona e o jovem Simeon Slavchev, de 20 anos, do Litex Lovech, da Bulgária.

Depois, como médios mais ofensivos, o Sporting ainda tem André Martins, o egípcio Shikabala e Vítor Silva, este já com 30 anos, que chegou o ano passado do Paços de Ferreira, e que parece não entrar nas contas do treinador, mas ainda é um pouco cedo para ser descartado. Ainda tem o escocês Ryan Gauld, de 18 anos, contratado ao Dundee United, mas que deve ir para a equipa B ou emprestado para poder jogar com regularidade. Tem também, e ainda, o brasileiro Wallyson Mallmann e o português Filipe Chaby, ambos ainda muito jovens.

No Ataque

Entretanto, no ataque, as coisas também se mantêm pelo melhor se, e mais uma vez se, o Sporting conseguir manter mais um mundialista que se portou muito bem, e subiu o mais alto que pode e enquanto conseguiu, manteve-se nas alturas: Islam Slimani. De jogador que nem era titular indiscutível no ataque sportinguista, Slimani passou a um dos maiores activos do clube, que Marco Silva quererá usar e abusar, pelo menos enquanto o clube o conseguir manter por Alvalade.

Islam Slimani

Com o Mundial que protagonizou, Islam Slimani tornou-se um dos mais importantes activos do Sporting CP

Assim, o Sporting pode atacar a Liga com o argelino Islam Slimani, uma das gratas surpresas do Campeonato do Mundo de 2014, no Brasil, com o colombiano Fredy Montero, que foi a sensação do início da época transacta, embora depois tivesse desaparecido um pouco, mas a qualidade está lá, com o espanhol Diego Capel, com provas já dadas, na Liga Portuguesa e no Sporting CP, e com o recuperado peruano André Carrillo que parece um outro jogador nas mãos de Marco Silva. Espera-se que assim continue.

A juntar a estes jogadores provenientes da época passada, Marco Silva ainda terá à sua disposição Junya Tanaka, um desconhecido japonês de 27 anos do Kashiwa Reysol, que alguns entendidos garantem ser uma das melhores contratações do Sporting e uma mais valia para a Liga Portuguesa, Heldon, um cabo-verdiano que jogava no Marítimo, para além, ainda, dos jovens provenientes da formação e/ou com passagem pela equipa B, como Carlos Mané, Iuri Medeiros, Ricardo Esgaio e Salim Cissé, que esteve emprestado ao Arouca e que agora retorna. Mas é possível que Mané, Medeiros e Cissé cejam cedidos a título de empréstimo, para rodar, porque não parecem estar nas preferências do treinador.

Entretanto, enquanto as coisas tentam solidificar-se, Wilson Eduardo foi emprestado ao Dínamo de Zagreb, da Croácia, e Diogo Salomão ao Deportivo de Coruña, de Espanha.

Que Onze?

Por questões financeiras, às quais não será alheio o caso BES, e o Benfica Stars Fund, o SL Benfica está a promover uma verdadeira revolução do plantel, não se sabendo, ainda, o que restará de uma equipa que foi campeã na época passada.

De repente cheio de dinheiro, também o FC Porto está a promover uma revolução do plantel com a aquisição de jogadores bastante caros e com salários elevados.

Fredy Montero

Fredy Montero quer replicar o bom início da época passada

O Sporting CP, ao contrário dos seus dois mais directos rivais, está a tentar preservar a espinha dorsal da última época, colmatando as faltas com jogadores bastante jovens, a custo zero e com salários não muito elevados. Ou seja, uma equipa sustentada, barata e com capacidade para lutar pelo título. Pelo menos é esse o desejo do técnico e do Presidente do clube.

Na época passada, o onze base sportinguista seria qualquer coisa como isto: Rui Patrício, Cédric Soares, Maurício, Marcos Rojo, Jefferson, William Carvalho, André Martins, Adrien Silva, Wilson Eduardo, Fredy Montero e Islam Slimani.

O onze que se adivinha para esta época não andará muito distante deste. Com alguma alteração pontual motivado pela saída ou por alguma entrada que possa cair logo na titularidade da equipa, o onze, para já, poderá ser qualquer coisa como isto: Rui Patrício, Cédric Soares, Maurício, Marcos Rojo, Jefferson, William Carvalho, André Martins, Adrien Silva, Fredy Montero, André Carrillo e Islam Slimani.

Qualquer semelhança não é coincidência. Mas vamos a ver se dá frutos. Até porque a aposta do clube é voltar a ombrear com SL Benfica e FC Porto pela disputa dos título nacionais e na alma do povo.

Boas Apostas!