O FC Porto terminou a época passada em terceiro lugar, posição a que não está habituado. Pelo menos, nos últimos, muitos, anos.

Nos últimos 5 anos, o FC Porto foi campeão por 3 vezes, consecutivas. A época transacta correu mal. Muito mal. Uma aposta errada no treinador. Alguns jogadores mal avaliados. Uma desgraça. Mas parece que os responsáveis do clube detectaram o erro, a grande falha. E tentaram já emendar a mão esta época, apostando num nome que, não tendo grande currículo, tem grande prática na formação. Talvez seja o que o clube precisa. Formação e fazê-la render. Afinal, o que Sporting e, agora o Benfica, têm vindo a fazer. Mesmo que, às vezes, com pouco retorno.

A primeira grande contratação para a nova época foi, assim, Julen Lopetegui, que tem como missão recuperar o que Paulo Fonseca, supostamente, destruiu, ou, no mínimo, não soube fazer crescer e dar frutos, o que implica renovar toda uma equipa, abrir caminho para a Liga dos Campeões, e voltar a conquistar títulos em Portugal: a Liga, a Taça da Liga e a Taça de Portugal.

Para já, o FC Porto tem poucas saídas, algumas novas entradas e, no geral, ficou com o grosso da equipa que já vinha do tempo de Paulo Fonseca. Assumpção de que a culpa foi do treinador passado, ou querer fazer magia com a prata da casa no presente. É que, entretanto, mais a sul, a equipa detentora do título, o Benfica, está à beira de uma revolução do plantel, vendendo quase toda uma equipa campeã. Mas também é verdade que o FC Porto tende a fugir do mediatismo. Talvez seja por aí.

O FC Porto está a tentar encontrar nomes que entrem cirurgicamente na equipa, em vez da habitual carruagem de jogadores anónimos que depois são emprestados, vendidos, dados ou perdidos. Na teoria, pelo menos. É assim que chega ao Porto, Cristian Tello, directamente do Barcelona, por dois anos, e, para já, o nome mais sonante dos que estão a chegar para agitar o Olival. Entretanto, o FC Porto também já viu sair Fernando e Mangala, ambos para o Manchester City. Que os saiba substituir, é o que os adeptos desejam.

Na Baliza

Como tudo o que se constrói tem uma base, um início, o FC Porto não podia descurar a baliza. E é o que está a tentar fazer. Vamos a ver se o consegue. Estava, e está, bem apetrechado com Helton, a caminho da sua décima época como dono e senhor das redes portistas. Já deu muito ao clube, e provavelmente, também recebeu bastante. Já deu alguns fiascos, mas nada que outros grandes guarda-redes não tenham já dado, também. Mas Helton já vai nos 36 anos, e já está na hora de passar o testemunho. Antes que seja tarde.

Helton

Helton é ainda, aos 36 anos, a grande referência na baliza

Dai que não se perceba a aquisição de Ricardo, antigo guarda-redes da Académica de Coimbra, que o Benfica também chegou a desejar. Grande guarda-redes, Ricardo, com uma excelente época transacta ao serviço do seu anterior clube mas, com 32 anos. Não será o guarda-redes para substituir Helton, mas quando muito, o substituto que fica no banco. Se a ideia era pensar no futuro, foi um erro. Se a ideia era competir com o Benfica, não deixou, também de ser um erro

É que o FC Porto também lá tem Fabiano Freitas, 26 anos, e natural sucessor de Helton. Ou não. Por isso é que são amiúde as notícias que dão conta que o FC Porto está no mercado à procura de um guarda-redes de renome. Chegou, inclusivamente, a falar-se de Keylor Navas, numa altura em que também ele era associado ao Benfica. Parece, contudo, que Navas está a caminho do Real Madrid. Mas as notícias dão conta de que o FC Porto está ainda à procura de um guarda-redes que entre de caras na baliza portista. Ou chegou mesmo a hora da reforma de Helton, ou Ricardo vai ser emprestado, ou Fabiano não conta para a idealização do Porto de Lopetegui.

Mas para já, não há novidades. O FC Porto irá começar a época com Helton, ou Fabiano, e com Ricardo no banco. Ou não, que Lopetegui pode baralhar as cartas. E é preciso não esquecer Kadú, guarda-redes proveniente das camadas jovens, e da equipa B, que tem evoluído bem, mas que tem 19 anos. Mas às vezes a idade não é entrave.

Na Defesa

Na defesa, é onde as coisas parecem mais complicadas.

Bruno Martins Indi

Bruno Martins Indi prepara-se para ser a grande referência na defesa portista

Para já, o FC Porto ficou sem Eliaquim Mangala, que foi para o Manchester City por, qualquer coisa como, 40.000.000€. Entretanto, também Jorge Fucile partiu, em final de contrato, para o Nacional de Montevideo. Rolando está a protagonizar uma verdadeira novela, alegando salários e prémios de jogo em atraso para poder rescindir com o clube, motivos que terão estado na origem de cenas de pugilato, entre empresários, num hotel no Porto. Roma e Inter de Milão parecem ser os destinos de Rolando depois de sair do FC Porto.

O que fica para a defesa portista? Pouco. Muito pouco. Para já, Danilo para a direita e Alex Sandro para a esquerda. E acabadinho de chegar, o ganês, que esteve no Mundial, Daniel Opare, que chega do Standard Liège, e pode jogar nos dois lados da defesa. Para o centro, o FC Porto conta com Maicon, Diego Reyes e Abdoulaye Ba. Também estará a chegar a última aquisição, o guineense-holandês nascido em Portugal, Bruno Martins Indi, que também é central. E chegou também, da Universidad Chile, o jovem central Igor Lichnovsky, de 20 anos, mas que deve ir para a equipa B. E isto parece manifestamente pouco, e mais ainda para quem pretende atacar o título.

Entretanto, e como diariamente surgem novos dados, os últimos dão conta no interesse portista no jogador espanhol Iván Marcano, do Rubin Kazan, que esteve emprestado, na última época, ao Olympiacos. É central.

Há contudo alguma incerteza e uma certa fraqueza na defesa portista. Algo que ainda terá de ser colmatado, com certeza.

No Meio-Campo

Aqui, onde até abundam muitos nomes, também parece que é sítio onde o FC Porto pode vir a ter mais dores de cabeça. Em especial pela ausência de Fernando, que foi para o Manchester City, por 15.000.000€. E não se vislumbra um sucessor à altura. Nem de Fernando nem da tradição de grandes trincos que tem tido a equipa do FC Porto ao longo dos últimos, bastantes, anos. Fala-se, muito, no espanhol Asier Illarramendi, do Real Madrid, mas até ao momento não há nada de concreto. E o tempo acelera. Daí que não seja de estranhar que o lugar de trinco esteja, neste momento, nos pés de Rúben Neves, um jovem de 17 anos, que ainda está nos juniores, mas que Lopetegui está a usar na equipa para fazer face às faltas evidentes.

Juan Quintero

Depois de um grande Mundial, Juan Quintero prepara-se para agarrar o meio-campo do Porto

Como médios de perfil mais defensivo, o FC Porto tem Mikel Agu, o jovem da equipa B, João Graça, e os mundialistas Héctor Herrera (embora várias fontes refiram o interesse da Fiorentina) e Stefen Defour, mas deste já se fala, também, em sair para o PSV ou para o Dínamo Moscovo. Como médios de perfil mais atacante, o FC Porto pode contar com Carlos Eduardo, Josué e outro mundialista, o Juan Quintero. Mas também já foi adquirir Evandro, ao Estoril, e Óliver Torres, ao Atlético Madrid.

Parece que faltam nomes. Falta a quantidade com alguma qualidade. A época é grande e o FC Porto quer jogar em todas as frentes. E tem o play-off da Liga dos Campeões. Adivinha-se uma época muito grande e um pulmão muito pequeno para tanta aventura. Agora já se está numa corrida contra o tempo e contra os mais directos adversários. É que se o Benfica está a proceder a uma revolução na equipa base, pelo menos tem jogadores (se são os certos, é uma coisa para ver mais tarde).

No Ataque

É no ataque que o FC Porto parece estar mais bem apetrechado. E, ao contrário do normal, por onde parece ter vindo a construir a sua equipa.

Cristian Tello

Cristian Tello é o nome mais sonante deste Porto de Lopetegui

Manteve, ou está a tentar manter, o núcleo duro da época passada, e que era bastante bom, que incluía jogadores que estiveram no Mundial, como Jackson Martinez, Nabil Ghilas e Silvestre Varela. Para além de Ricardo Quaresma, Licá e Kelvin. Mas, ao que parece, Varela está a caminho do Besiktas e Jackson Martinez, desde o ano passado que o jogador está para sair, acabando por ficar, e agora não se sabe. De todas as formas, e para o que interessa neste início de época, Jackson Martinez é um dos melhores e mais importantes activos do FC Porto.

Mas Lopetegui também já foi presenteado com Sami, do Marítimo, e Adrián López, do Atlético Madrid. E já não conta, como já não se contava o ano passado, com Juan Manuel Iturbe, que esteve emprestado ao Verona que depois o comprou, à cerca de 2 meses, por 15.000.000€, e que agora o revendeu ao Roma por 29.000.000€.

No entanto, ainda tem Joris Kayembe, jovem belga-congolês, proveniente da equipa B, com 19 anos e uma boa margem de progressão. Da equipa B também veio Gonçalo Paciência, o filho de Domingos, também avançado e daqueles que costuma marcar golos.

E, por último, a, talvez, melhor aquisição portista, por empréstimo, por 2 anos, de Barcelona, Cristian Tello.

Que Onze?

E com a pequenez do plantel (sim, porque muitos destes nomes voltarão para a equipa B ou serão emprestados para rodar noutros clubes e ganharem, assim, algum traquejo competitivo, e outros, simplesmente dispensados), que onze poderá apresentar Lopetegui que dê mais garantias que os que Paulo Fonseca apresentou no ano transacto – e não se fala dos onze de Luís Castro porque foi um artificie que teve de trabalhar com a matéria alheia. Então, sim, que onze pode apresentar Lopetegui, com as incertezas e as dúvidas e os chegam-não chegam?

Ricardo Quaresma

Quaresma, o mais irreverente dos jogadores, com uma cultura de vitória

Mandando para o ar, poderia ser qualquer coisa como isto: Helton, Danilo, Maicon, Bruno Martins Indi, Alex Sandro, Rúben Nenes, Héctor Herera, Juan Quintero, Jackson Martinez, Cristian Tello, Ricardo Quaresma.

Mas este onze parece demasiado óbvio. E terá sido para isto que o FC Porto foi contratar Lopetegui. E será, também certo, que a aquisições portistas não se ficarão por aqui, onde existe muita juventude, demasiada juventude, para uma época que será grande, muito grande, comprida e desgastante. Assim a equipa deseje ir longe na Europa e com bom registo em casa.

Se o FC Porto quer recuperar a hegemonia do futebol português, ainda tem bastante trabalho pela frente, e um dos mais importantes é a construção de uma equipa que se queira vencedora.

E, desse ponto de vista, Ricardo Quaresma é capaz de ser o melhor elemento para dar alguma consistência e irreverência a uma equipa que quer se vencedora. Quaresma tem uma cultura de vitória. É só preciso semeá-la.

Boas Apostas!