Ainda irão correr rios de tinta até 2022. Faltam 8 anos, mas é já uma preocupação. Uma grande preocupação.
Depois da Rússia em 2018, o Catar em 2022. Depois do frio (não muito – é Verão), o calor (demasiado – é Verão).
Desde o início que o Campeonato do Mundo do Catar, em 2022, está a provocar os mais diversos problemas e a levantar as mais sérias dúvidas. Desde as afirmações de corrupção, com a compra de votos, até ao problema do calor no Verão do Médio Oriente, mesmo com garantias de ar condicionado no interior dos estádios, passando pela criminalização do consumo de álcool até às mortes durante a construção.
Já se percebeu, de há muito, que a FIFA é um Estado dentro dos outros Estados, e que as suas vontades são exigências, e que os seus pedidos são ordens. Mas não se livra de toda a polémica que a tem acompanhado nestes últimos anos, sob a presidência de Joseph Blatter, período em que económica, financeira e politicamente, a FIFA cresceu como não o tinha feito até aí. Pode, paralelamente a todos os problemas a que surge associado, dizer-se que a FIFA sob a égide de Joseph Blatter não só cresceu, desmesuradamente, como se tornou um império de sucesso. Toda a gente quer obedecer ao todo poderoso organismo. Daí que não seja de estranhar que durante o Mundial se possa vir a beber álcool dentro dos estádios num país árabe.
Os métodos mudaram. A FIFA percebeu como pode ser apetitosa. Como o seu Mundial pode ser um trunfo. Bastaria olhar com alguma atenção para o Campeonato do Mundo de 1978, na Argentina. Uma verdadeira escola. Provavelmente, o Mundial onde tudo aconteceu, e onde tudo começou a mudar.
Assim, da mesma forma que a FIFA quer levar o futebol aos grandes, emergentes e apetitosos mercados (como o da Coreia do Sul, em 2002, e com grande sucesso), também o quer levar a quem tem dinheiro para o pagar. Mesmo que em condições mais do que discutíveis.

Desde que o Catar foi escolhido para organizar o Campeonato do Mundo de 2022, que os problemas estão sempre a surgir
Pode pensar-se que, com o dinheiro que tem, e como o tem aplicado, e com o que tem construído, o Catar poderá organizar um Campeonato do Mundo de Futebol no meio do deserto em pleno Verão, com os mais espectaculares e fantásticos e acondicionados estádios. Mas será uma missão [quase] impossível, com 32 comitivas desportivas, mais os jornalistas e os espectadores. E uma imagem a transmitir para todo o Mundo.
Daí que já se discutam alterações. Não do local, depois do que já foi gasto no país para a colher a organização do Mundial de Futebol, e com o tempo a escassear para se ceder a organização a terceiros, e mesmo com a mais que provada compra de votos que favoreceram a candidatura do Catar, a FIFA tenta amortecer o impacto da escolha e começa a falar, alto e bom som, também para ela própria se consciencializar, que o Mundial de 2022 pode, e deve, ser durante o Inverno. Janeiro e Fevereiro ou Novembro e Dezembro de 2022 começam a aparecer como hipóteses de datas efectivas.
Mas não será fácil.
Há toda uma estrutura que funciona ao longo do ano, todos os anos, que será preciso alterar. E isto tem custos. Altos.
Os maiores e mais importantes campeonatos e ligas nacionais acontecem durante o período de Inverno (com excepção do campeonato russo e de outros escandinavos que param durante os meses mais frios de Inverno). Em Janeiro abre-se uma janela de transferência de jogadores. Os clubes estão a meio dos seus campeonatos nacionais. Na Europa, as provas da UEFA, a Liga dos Campeões e Liga Europa, entram nas suas fases mais competitivas e decisivas. E como se irá gerir os jogadores? É claro que estarão na mais perfeita das condições para enfrentarem um Campeonato do Mundo em pleno período de Inverno, mas como irão chegar, depois, aos seus clubes que tanto irão precisar dos seus contributos e são quem, final, lhes paga o salário?
Mas a FIFA, através do seu presidente, Joseph Blatter, já veio anunciar a criação de um grupo de trabalho que vai estudar o calendário de 2018-2022, para se averiguar a possibilidade real de mudar o Mundial do Verão para o Inverno. Michel Platini, presidente da UEFA, já veio a público dizer, também, que estaria disponível para pensar numa solução dessa natureza. Mas vamos ver se as alterações são possíveis, e se alguém as paga, e se os sponsors estarão pelos ajustes. Porque, afinal, tudo é sempre uma questão de dinheiro. E isso não falta à FIFA.
Entretanto, e paralelamente à tentativa e resolução de um problema que foi a própria FIFA a criar, pela cobiça dos petro-dólares, Joseph Blatter, que está com 78 anos de idade, veio anunciar, ontem, numa entrevista à organização do Soccerex, o congresso do futebol que está a acontecer em Manchester, no Reino Unido, que se irá recandidatar a mais um mandato à frente da FIFA. O sueco, que está a terminar o seu quarto mandato (está à frente da FIFA desde 1998), explicou que quer concorrer a um quinto mandato porque a sua missão ainda não está terminada.
Boas Apostas!