O fim-de-semana começou com três possíveis candidatos ao título de campeão nacional e terminou com dois. Houve um que se perdeu pelo caminho.

Quem ia na frente, em frente continuou. Quem perseguia, em perseguição continua. Mas quem almejava uma remota hipótese de lá chegar, acabou por perder as forças e ficar pelo caminho, caindo, ainda por cima, no perigo que lhe chega pela aproximação de outros, levando a outra luta de outros lugares.

O SL Benfica recebeu e bateu, copiosamente, o Estoril-Praia, por 6 a 0, a maior goleada da época na Primeira Liga, e mantém a liderança isolada do campeonato.

O FC Porto recebeu e bateu, concludentemente, o Sporting CP, por 3 a 0, mantendo-se em perseguição ao líder da competição.

O Sporting CP perdeu com o FC Porto no Dragão e perdeu as hipóteses de ainda correr pelo título e, mesmo a luta pela entrada directa na Liga dos Campeões, ou seja, o segundo lugar, é já uma miragem.

O SC Braga foi ganhar 2 a 0 ao Rio Ave, a Vila do Conde, aproximando-se do Sporting CP a quem está disposto a disputar a última vaga para a Liga dos Campeões, mesmo que por eliminatórias.

A Primeira Liga não perdeu entusiasmo por estes resultados. Sofreu uma transformação de prioridades. Perderam-se umas coisas, ganharam-se outras. E no próximo fim-de-semana continuam as lutas. SL Benfica e FC Porto pelo título, Sporting CP e SC Braga pelo último acesso à Liga dos Campeões.

A Goleada da Temporada

A primeira equipa, das que disputam os lugares cimeiros da tabela, a entrar em campo foi o SL Benfica. Foi no Sábado, no Estádio da Luz, e contra o Estoril-Praia.

O Estoril-Praia vinha de uma série negra de maus resultados: 4 derrotas nos últimos 4 jogos. O treinador José Couceiro começa a ser contestado.

Mas o SL Benfica não se esquece que foi com um empate frente ao Estoril-Praia, na altura treinado por Marco Siva, actual treinador do Sporting CP, no Estádio da Luz, quando seguia em primeiro lugar na Primeira Liga, na temporada de 2012/2013, que começou o início do fim de um título. Com uma distância de 4 pontos, o SL Benfica deixou fugir o título nas 3 últimas jornadas, com esse empate caseiro frente ao Estoril-Praia e depois, com a derrota no Estádio do Dragão, na semana seguinte, com o tal golo de Kelvin já depois do tempo regulamentar.

Luisão

Desta vez foi Luisão que, com Jardel, Maxi Pereira e Eliseu, garentem uma defesa goleadora

Então, o SL Benfica estava avisado. E não deixou o resultado em mãos alheias: meia-dúzia. Mais que uma mão-cheia. A maior goleada do SL Benfica e da época. Sem nunca tirar o pé do acelerador.

Ao intervalo, a equipa de Jorge Jesus já vencia por 4 a 0.

À passagem do primeiro quarto-de-hora, Luisão, seguindo já uma tradição muito recente de defesas benfiquistas marcadores de golos, abre o marcador de cabeça e coloca o SL Benfica na frente, a vencer por 1 a 0. 10′ mais tarde, Sálvio, a responder a uma assistência de Lima, faz o 2 a 0. 7′ depois, é a vez de Pizzi marcar o 3 a 0, ele que tinha feito a assistência para o golo de Luisão. Quase logo no reatamento de jogo, 2′ depois do golo de Pizzi, é a vez de Jonas marcar o golo da praxe, para 4 a 0, resultado com que as equipas foram para o intervalo.

Quando se pensava que o SL Benfica ia tirar o pé do acelerador, ou que o Estoril-Praia se iria fechar atrás para não sofrer mis nenhum golo, quando o resultado já era demasiado volumoso, ainda não tinham passado os primeiros 10′, Jonas foi derrubado dentro da área e Lima, chamado a marcar a grande penalidade, não a desperdiçou e o resultado chegou ao 5 a 0. Perto do final do encontro, ainda tempo para Jonas bisar no jogo, respondendo a um centro de Ola John, o brasileiro fechou o marcador com o 6 a o.

Este jogo que opôs o SL Benfica ao Estoril-Praia foi muito intenso da parte benfiquista, mas muito mal perdido por parte do Estoril-Praia, com muitas alterações face às equipas que tem apresentado. José Couceiro a tentar alterar o rumo dos acontecimentos dos últimos jogos, terminados com a derrota, e que já começam a tornar perigosa a vida dos estorilistas que estão somente 7 pontos acima da linha-de-água.

Este resultado também serviu, ao SL Benfica, para colocar em sentido os seus mais directos adversários que iriam jogar no dia seguinte, garantindo-lhes que se lhe queriam roubar o lugar, teriam de suar bastante que as águias não estavam ali para brincadeiras. Foi, aliás, esse o sentido com que se observou o jogo, que  o SL Benfica não estava ali para brincar, principalmente em dia de aniversário (o SL Benfica comemorava 111 anos de vida) e de entrega dos prémios Cosme Damião, distinção do universo desportista benfiquista.

No próximo fim-de-semana o SL Benfica desloca-se ao Arouca, jogo difícil contra uma equipa que está a precisar de pontos como de pão para a boca, estando 2 pontos a cima da linha-de-água e a querer sobreviver.

O Direito do Mais Forte à Vitória

Depois de terem visto o líder do campeonato cumprir o seu jogo com uma vitória por 6 a 0 no dia anterior, FC Porto e Sporting CP entraram em campo conscientes de que, quem quisesse continuar em jogo não poderia, por nada, perder aquele jogo.

Mas a verdade é que só uma das equipas entrou em campo. A outra ausentou-se para morada incerta.

O FC Porto entrou forte e determinado a não dar espaço aos leões. E foi assim desde que Artur Soares Dias apitou para o início do encontro. O FC Porto tomou as rédeas do jogo e quis mostrar a quem quis ver que é candidato ao título e que não quer deixar o caminho livre ao SL Benfica. O Sporting CP foi uma sombra de si próprio. Vítima do jogo de Quinta-feira, da sua impossibilidade de ter levado de vencida os alemães do Wolfsburg ou do seu presidente?

Criatian Tello

Diga-se o que se disser, este foi o jogo de Cristian Tello

Este FC Porto, agora que Julen Lopetegui se estabilizou, é muito forte e muito perigoso. Uma linha defensiva subida e muito consistente que raramente deixa passar o adversário, e onde começa logo a pressão atacante sobre a defensiva adversária. Finalmente a mostrar aquilo que toda a gente garantia desde o início da época, que este dragão era a melhor equipa do campeonato, uma das melhores equipas portistas dos últimos anos e que, se não for campeão, a responsabilidade é do seu treinador que passou o início da época na experimentação e a deixar fugir os adversários.

O Sporting CP, por outro lado, a mostrar que é uma equipa curta, demasiado jovem e inexperiente. Marco Silva, que tem tido os seus adversários internos, mostra que é um grande treinador pelo que tem feito com uma equipa que não é grande, que é muito jovem, repleta de jogadores jovens, portugueses e formados na Academia. Alguma vez, esta época, o Sporting CP deveria começar a pagar essa ousadia. Foi ontem. É verdade que o jogo da Liga Europa de Quinta-feira fora desgastante e, o mais terrível, foi não ter servido para nada (o contrário do pragmatismo de Jorge Jesus que saberia escolher entre um jogo e outro), e que o Sporting entrou no Dragão pressionado pela vitória gorda do seu rival da Segunda Circular, pela proximidade do SC Braga e por um FC Porto que desde o início que não permitiu quaisquer veleidades. Durante toda a partida, o Sporting CF fez um único remate à baliza de Fabiano. Um verdadeiro desastre. Uma inexistência.

Mas como se não bastasse as mazelas e insuficiências leoninas, a excelência do FC Porto esteve bem patente no jogo superlativo feito por Cristian Tello, o jogo mais perfeito do espanhol desde que chegou a Portugal, e que se traduziu no fantástico hat-trick que, rezam as crónicas, desde 1977, quando António Oliveira espetou 3 golos ao Sporting CP, que não havia um goleador capaz de tamanha façanha. Mas já este ano este Sporting CP tinha perdido outra vez por 3 a 0, com o Vitória de Guimarães, o que motivou uma guerra de palavras entre treinador e presidente. Não deixa de ser bizarro que na véspera deste importante encontro, Bruno de Carvalho deixe de poder ir para o banco, e entre em guerra com um jogador titular, Jefferson, que acaba castigado e afastado da equipa principal. E tem de se dizer que foi pelo lado de Jonathan Silva, o substituto de Jefferson, que o endiabrado Tello entrou para matar.

Enquanto o FC Porto tem agora uma semana para degustar o jogo de ontem e recuperar forças para o difícil jogo em Braga, onde o Sporting local não quererá largar pontos na sua perseguição ao Sporting CP, os homens de Marco Silva terão mais um importante encontro na próxima Quinta-feira, com o Nacional, na meia-final da Taça de Portugal. Único troféu que os leões podem ainda conquistar. E antes isto que nada. Estarão recuperados para esse jogo?

Boas Apostas!