Liga ZON Sagres – A 20ª jornada foi fatal para dois treinadores, deixando um terceiro em situação periclitante. Jesualdo Ferreira sai de Braga sem provar a glória da passagem anterior, o mesmo acontecendo com Henrique Calisto, que se demonstrou algo inconformado com o seu despedimento. Por outro lado, Paulo Fonseca ficou num lugar de onde, ao que tudo indica, terá apresentado a demissão, não aceite por Jorge Nuno Pinto da Costa.

FC Porto Lenços Brancos

Lenços brancos nas bancadas do Dragão

Comecemos por aqui, já que o treinador do FC Porto tem sido tema recorrente da nossa análise. Depois de empatar em casa frente ao Eintracht Frankfurt, perder para o Estoril Praia foi uma gota de água que originou bastantes protestos da parte dos adeptos. Segundo consta, o treinador terá mesmo deitado a toalha ao chão, colocando o seu lugar à disposição do presidente, que no entanto preferiu mantê-lo, pelo menos, até ficar decidida a eliminatória da Liga Europa. Para lá dos problemas do plantel e das indecisões táticas que têm marcado o dia-a-dia dos Dragões na presente temporada, aparece à tona um problema de liderança no balneário portista que, numa leitura externa, não passará somente pelo treinador. Se assim for, a temporada do FC Porto poderá não ter um bom final à vista.

Jesualdo Ferreira SC Braga

Regresso infeliz de Jesualdo a Braga

Em Braga, Jesualdo Ferreira começou a perder logo quando foi eliminado da Liga Europa, no playoff, pelo Pandurii da Roménia. Nessa noite de quinta-feira, o veterano treinador português permitiu que se cortasse uma linha de ilusão que vinha puxando pelos adeptos bracarenses, habituados a lutar por lugares no topo da tabela e por fazer carreira na Europa. Num ano que é também de transição para os bracarenses, Jesualdo não deixou de apostar em diversos jovens, como é o caso de Tomás Dabo, Mauro, Núrio ou Kappel, na sua equipa principal, pensando naquilo que poderá vir a ser o futuro da equipa. Mas, para uma equipa que se vê como grande, não há futuro sem presente. Jesualdo Ferreira foi afastado e acaba de ser anunciado, para o seu lugar, Jorge Paixão. Com uma carreira passada pelas divisões secundárias e com experiências em Angola e no Qatar, este técnico recebe uma oportunidade merecida. O terreno parece estar preparado para que o SC Braga volte a ser uma equipa temida.

Paços de Ferreira vai pagando uma elevada fatura pela excelente temporada do ano passado. Henrique Calisto foi o segundo treinador a sair, depois de, também ele, ter sido incapaz de resgatar os pacenses do fundo da tabela. A haver um culpado na história do Paços desta temporada, esse está na figura do Presidente, que se permitiu sonhar com uma mudança de identidade. Ao colocar toda a pressão num possível sucesso europeu, quando esse caminho seria, obviamente, apenas um bónus para um Paços em reconstrução, acabou por exigir bem mais do que aquilo que poderia dar para formar um plantel competitivo. Perdido entre objetivos irrealistas, o Paços de Ferreira sente-se incapaz de sair do último lugar da tabela, quando, no papel, parece bastante superior a outras equipas que vão lutando pelo mesmo objetivo. Daqui parece poder-se tirar uma lição para a vida dos pequenos clubes: vale a pena sonhar, claro, mas fugir de uma identidade criada ao longo de temporadas é a pior forma de tentar materializar o sonho de crescimento.

Boas Apostas!