É o que se espera de uma final da Liga dos Campeões, mas nem sempre acontece. Um jogo excitante, que coloque frente-a-frente duas equipas com carácter, que joguem bom futebol. Em campo queremos ter emoção, inteligência, entrega e talento. E tudo indica que iremos tê-lo. Real Madrid sonha com a décima taça, que há tanto lhes escapa. O Atlético, espera coroar uma temporada excecional com a vitória da prova de elite europeia, para juntar ao título espanhol conquistado no dramático confronto final com o Barcelona. Sábado, assim que caia a tarde, os olhos do mundo estarão fixadas no Estádio da Luz. E o que todos querem ver são os protagonistas, os homens que fazem a magia do futebol acontecer. Alguns deles só saberemos em cima da hora se alinharão, e em condições.
É por isso que ganham milhões
Ainda ontem, LeBron James, a estrela da NBA, instado a comentar o facto de Paul George ter jogado com sintomas de um traumatismo craniano, dizia: “Acredito que qualquer um dos jogadores nestes ‘final four’ fariam o mesmo. Sei que um traumatismo craniano é coisa séria mas estas são as finais da conferência.” Pela mesma ordem de razões, Cristiano vai jogar na final de Lisboa, esteja em que condição estiver. E o mesmo valeria para qualquer um dos outros – Pepe, Arda Turan, Diego Costa, Karim Benzema – se dependesse apenas deles. Arrisco a dizer, se estiverem a vinte e cinco por cento vão dizer que estão a noventa, para poder jogar. E só posso imaginar o que Xavi Alonso não daria para poder fazer o mesmo.
Aqui abro um parêntesis para manifestar a injustiça de ter jogadores essenciais afastados da grande final de uma competição destas por causa de amarelos. O castigo por um vermelho, ainda concedo, embora nem todos sejam iguais. Mas um amarelo, numa fase de jogo intenso, faz parte do jogo e é quase impossível de evitar. O afastamento de Alonso criou um problema ao Madrid, mas os adeptos do mundo inteiro perdem muito mais.
Se conseguem correr, jogam
Cristiano vai jogar, a não ser que o prendam muito bem preso. Vai jogar porque nenhum atleta de topo quer estar afastado das decisões, dos momentos que fazem história. Esta pode ser “La Decima” para o Real, e ele sonha desde menino ganhar a Liga dos Campeões com a camisola do Madrid. Felizmente, a lesão parece estar a dar tréguas. A estrela do Real tem-se poupado, fazendo trabalho condicionado. Tanto ele como Ancelotti já o deram como apto, a 100%. Na altura o treinador madridista deu a mesmo indicação de Gareth Bale, mas o galês nem tinha levantado grandes dúvidas.

Diego Costa e Cristiano Ronaldo: Encontro em Lisboa?
A incerteza mantém-se relativamente a Pepe e Benzema, dúvida essa que talvez só se dissipe no relvado, quando ambas as equipas entrarem. O caso do internacional português está complicado. Pepe tentou forçar a recuperação e a rutura voltou a dar sinais, o meia provável é que não esteja nas condições mínimas e seja Varane a ocupar o seu lugar no onze. Ainda que seja um elemento importante, a substituição está assegurada. Já a possível ausência do avançado francês obriga a repensar a formação inicial. Isso, aliado à falta de Alonso, limita ainda mais as opções do técnico.
Mover montanhas
Do lado do Atlético as coisas não estão mais fáceis. Diego Costa apostou tudo no tratamento experimental com placenta de cavalo, porque há uma final da Liga dos Campeões para disputar e ele só não entra em campo se estiver coxo. Depois de ser ter lesionado no jogo que decidiu o título espanhol, frente ao Barcelona, quase no início da partida, e de lhe ter sido dito que estaria fora de hipótese jogar nos próximos doze dias, ei-lo de volta. Hoje, véspera da final, pelo menos de volta aos treinos. Se vai jogar ou não, é ainda incerto. Mas vai tentar, disso estamos todos certos. As perspetivas de Arda Turan são mais animadoras. O problema na anca não o deve impedir de contribuir com a criatividade do costume nos movimentos ofensivos dos colchoneros. Talvez com um tudo-nada menos de intensidade.
A verdade, é que mesmo com as duas baixas – Costa e Turan – o Atlético foi capaz de vencer o FC Barcelona do jogo do título. Também na altura muitos desacreditaram, ao vê-los no banco. Mas Simeone reorganizou as tropas e hoje, são campeões de Espanha. As grandes equipas, os grandes jogadores – e a este nível só pode haver jogadores de topo – têm também essa capacidade de sacrifício e superação. Por isso é que estando a cem ou trinta e três por cento, quem conseguir correr vai jogar. Mesmo não estando no seu pico de forma, continuam a ser um perigo para o adversário. E tipos como Cristiano ou Arda Turan podem sempre surpreender-nos com uma exibição de luxo, porque neles a mente há-de sempre sobrepor-se à matéria.
Boas Apostas!