Filho de peixe sabe nadar. O famoso ditado português nunca fez tanto sentido.
Longe vão os tempos em que os filhos seguiam obrigatoriamente a profissão dos seus pais mas é algo que, ainda assim, sucede um pouco por todo o mundo. Famílias tradicionais de diversas funções mantêm essa tradição e o mesmo acontece no futebol.
Nesta peça vamos escrever sobre os raros casos em que pais e filhos tiveram oportunidade de pisar os mesmos relvados. São vários os exemplos de famílias ligadas ao futebol. A família Maldini, Cruyff, Laudrup, Lampard, Verón, Forlán, Schmeichel, entre muitos outros no futebol profissional. Em Portugal também são conhecidos pais e filhos que tiveram sucesso dentro das quatro linhas mas com uma diferença geracional bastante significativa o que fez com que nunca se tivessem cruzado em campo.
ADN de Craques
Em Fevereiro deste mesmo ano, Rivaldo craque brasileiro e campeão do Mundo em 2002 com Scolari entrou aos 55 minutos frente ao XV de Piracicaba, no Campeonato Paulista.
O antigo número 10 da Canarinha alinhou junto do seu filho, Rivaldinho, atacante do Mogi Mirim. A parceria no ataque não teve um desfecho feliz, o jogo terminou empatado mas a satisfação de Rivaldo e Rivaldinho falou mais alto do que qualquer resultado. Rivaldo com 42 anos, mais 22 que o filho, é o presidente do Mogi Mirim e garantiu que actuar com o seu filho foi um sonho tornado realidade.

Rivaldo é o presidente e ainda jogador do Mogi Mirim, do Brasil, e no início deste ano conseguiu jogar ao lado do seu filho Rivaldinho
O caso de Rivaldo não é único do Mundo como podemos constatar. Em 1996 o islandês Eidur Gudjohnsen, antigo avançado do Chelsea e Barcelona, viveu um dia irrepetível, entrando em campo para substituir o seu pai, Arnór Gudjohnsen, num amigável entre Islândia e Estónia. Nunca chegaram a jogar juntos já que a data marcada pelo presidente da Federação Islandesa, Eggert Magnusson, para esse feito estava agendada para o jogo oficial em casa frente à Macedónia mas Eidur, de 17 anos, lesionou-se num torneio Sub-18 e quando recuperou, o seu pai, de 34, já tinha pendurado as chuteiras.
Na Finlândia, Alexei Eremenko jogou ao lado do seu filho com a camisola do HJK Hensiki em 2003 mas a história não se ficou por aqui. No ano seguinte no FF Jaro voltou a jogar com um filho, desta vez a sorte sorriu a Roman Eremenko. O jovem que actualmente alinha no CSKA Moscovo tinha 17 anos quando se estreou na primeira divisão da Finlândia, junto do seu pai de 40 anos.
Os nomes continuam nos países nórdicos. Na Suécia, Henrik Larsson, de 42 anos, jogou ao lado do seu filho, Jordan, em 2013, na equipa da quarta divisão, Hogaborgs. O ídolo do Celtic e Barcelona sentiu-se orgulhoso do momento. Hoje em dia, Jordan de 17 anos joga no Helsingborgs do principal escalão.
Viajando até Inglaterra, no Stockport Country em 1950/1951, Alec Herd teve oportunidade de jogar com o seu filho, David. Alec foi campeão da Taça de Inglaterra e da Premier League com o Manchester City na década de 1930. Anos mais tarde, David mostrou que herdou o talento do pai e, ao serviço do rival, Manchester United, conquistou a Taça dos Campeões Europeus. No final dos anos 80, Ian Bowyer, lenda do Nottingham Forest, e o seu filho Gary Bowyer actuaram juntos pelo Hereford. Ainda no Reino Unido, na Irlanda do Norte, George Richard Eastham era jogador e treinador do Ards quando alinhou ao lado do seu filho, George Eastham no início dos anos 50.
No Novo Mundo, o avançado Carlos María Morales e o seu filho, Juan Manuel Morales, disputaram juntos uma partida da primeira divisão do Uruguai ao serviço do Montevideo Wanderers. Em 2008, o ídolo do Sporting, Beto Acosta, com 41 anos, jogou ao lado do seu filho Mickael, então com 17 anos. Ambos defenderam o Fénix da quarta divisão da Argentina.
Em Janeiro de 2011, o guarda-redes Cevellos actuou ao lado do seu filho num amigável entre a LDU e o Once Caldas. Ao contrário do pai, José Francisco Cevallos, equatoriano de 19 anos, joga como avançado e já passou pela Juventus, tendo inclusive dado nas vistas no Sul-Americano Sub-20. Em Dezembro de 2013, o mexicano Fernando Arce foi substituído nos descontos pelo seu filho, Fernando Arce Juarez.
Legado português

José Águas nunca jogou com o seu filho, Rui, mas jogaram ambos pelo SL Benfica, e pisaram o mesmo relvado, ao mesmo tempo, como nesta fotografia
Em Portugal não são conhecidos casos de pais e filhos que actuaram na mesma equipa mas existem famílias ligadas ao futebol. Falamos dos Pintos e dos Águas.
João Pinto brilhou ao serviço do Benfica e Sporting e foi uma referência do futebol português na década de 90 e início de 2000. O filho, Tiago Pinto, hoje com 26 anos procura cimentar o seu espaço no Rio Ave, depois de passagens pelo Trofense, Braga, Deportivo e Racing Santander.
José Águas foi o capitão do Benfica de 1961 e 1963, bicampeão europeu. Um ponta-de-lança de grande qualidade, possante e com uma grande presença na área, recorrendo muitas vezes ao jogo aéreo para escrever o seu nome na folha dos marcadores. José Águas foi 5 vezes eleito o melhor marcador do campeonato português. Rui Águas também passou pelo Benfica mas sem o sucesso do seu pai. O avançado mais novo da família Águas fez parte da equipa do Benfica que perdeu a Taça dos Campeões Europeus em 1988 frente ao PSV. Rui passou pelo Portimonense, Benfica, Porto, Estrela da Amadora e Reggiana mas foi nos encarnados que conquistou a Bola de Prata, referente ao melhor marcador do campeonato em 1992. Actualmente desempenha as funções de seleccionador nacional de Cabo Verde.
Boas Apostas!