Os Montreal Impact são uma das equipas com uma maior percentagem de nomes reconhecíveis para os adeptos do futebol europeu na Major League Soccer, mas neste início de temporada, isso parece não ser suficiente. Sendo verdade que a equipa de Frank Klopas se divide entre a MLS e a Liga dos Campeões da CONCACAF, onde disputará a segunda mão das meias-finais na próxima semana, levando de casa uma vantagem de dois golos a zero, admira que existam tantas diferenças entre aquilo que a equipa apresenta entre jogos de diferentes competições.

Se na partida frente ao Alajuelense vimos um Impact muito enérgico e virado para o ataque, no encontro do passado fim-de-semana, frente ao Orlando City, ambos disputados no Estádio Olímpico de Montreal, perdeu-se essa velocidade de jogo e o resultado final acabou por ser um empate, mais um, para uma equipa que ainda não ganhou ao fim de três jogos disputados no campeonato norte-americano. Com a equipa concentrada em garantir a presença na final da Liga dos Campeões da CONCACAF, olhamos para os pontos fortes e fracos deste conjunto.

Meio-campo em câmara lenta

Montreal Impact

Onze do Impact frente ao Alajuelense

Nigel Reo-Coker, Marco Donadel e Ignacio Piatti poderiam ter feito parte de um qualquer onze de uma equipa europeia. Os três têm histórias nos campeonatos mais competitivos e todos conjugam uma capacidade técnica acima da média daquilo que se costuma ver neste campeonato. Ignacio Piatti é o típico organizador de jogo argentino que joga sentado a observar a melhor maneira de fazer um passe decisivo. Donadel é uma espécie de cola de ataque e defesa, forte também na procura de espaço para o remate. Reo-Coker, por sua vez, estará mais perto do buldogue inglês, territorial e duro perante quem se atrever a surgir na sua frente.

Infelizmente, para o Montreal Impact, este trio, sobretudo nas partidas da MLS, joga em câmara lenta. Ofensivamente conseguem até criar espaços e algumas oportunidades, compensando a falta de velocidade com a inteligência e a leitura de jogo, mas demasiadas vezes deixam espaço nas costas para que o adversário explore o contragolpe ou o ataque rápido. As coisas pioram quando o adversário se chama Kaká. Esta terá sido a maior fragilidade de uma equipa que também pode culpar as lesões e as seleções para explicar outras fragilidades.

Sem Cameron Porter, que não jogará mais esta temporada, os Impact perderam o seu avançado mais rebelde, capaz de sair da sua posição e balançar com Piatti no rasgar das defensivas adversárias. Sem o internacional belga Ciman, foi-se parte da consistência defensiva, que apenas entregue a Soumaré, carece de mobilidade na forma como encara o adversário e, sobretudo, fica bastante limitada na saída de bola.

Muita gente promissora

Toia Cabrera Montreal Impact

Toia e Cabrera em momento defensivo

A montra da Liga dos Campeões da CONCACAF tem sido a melhor maneira de olhar para aquilo que este Montreal Impact pode ser. E, dentro desse quadro de sinais presentes de um futuro mais atraente, existem alguns nomes que podem vir a ter toda a importância no futuro da equipa canadiana. Os dois laterais são bons sinais disso mesmo. Na direita, o argentino Víctor Cabrera é um pulmão, capaz de se integrar perfeitamente no ataque, seja pela faixa, sendo progredindo para o espaço central, enquanto consegue cobrir bem, defensivamente, a sua linha. Nessa tarefa, o outro lateral, o esquerdino Donny Toia, precisará de melhorar o seu enquadramento, mas será também uma peça muito útil no equilíbrio da equipa, pela forma como consegue transpôr a qualidade técnica para as suas funções de lateral. Dois elementos a rever.

Outro jogador que continua a dar sinais de promessa é Dilly Duka, um extremo-esquerdo de origem albanesa que já está na sua sexta época de MLS. Duka parte, originalmente, do lado esquerdo, mas é um jogador que também aparece muito bem no centro do meio-campo, apoiando as dinâmicas da linha mais adiantada. Não sendo um jogador de fintas, Duka proporciona equilíbrio e intensidade numa linha intermédia que já deu sinais de precisar desse clique em algumas partidas. Apesar de não ter jogado esta semana, Duka será, seguramente, um elemento fundamental na estratégia de Klopas para alcançar o sucesso na MLS. O facto de na partida da primeira mão, frente ao Alajuelense, ter utilizado Duka a fechar defensivamente na faixa, mas a ocupar uma posição central no ataque organizado, demonstra que inteligência tática é uma força a aproveitar em mais partidas.

Frank Klopas parece cumprir, com os jogadores que tem à sua disposição, uma imagem de marca das equipas canadianas da MLS, proporcionando um futebol mais artístico e técnico. Esse facto acaba, algumas vezes, por limitar a capacidade de choque e luta da equipa, algo que sem Porter acaba por se notar ainda mais intensamente, dado que os Impact não têm um ponta-de-lança mais físico no plantel. Com o crescimento de referências entre os jogadores norte-americanos, Klopas poderá, no entanto, aspirar à luta pelo playoff. Deverá ser por esses territórios que acabaremos por ver o Montreal Impact mais vezes, ao longo do ano.

Boas Apostas!