Nove jogos disputados, cinco pontos de avanço, o Benfica é cada vez mais primeiro, podendo abordar o clássico do próximo fim-de-semana com total tranquilidade – aconteça o que acontecer, os encarnados vão manter-se em primeiro lugar. O Sporting empatou na Madeira, o FC Porto em Setúbal e, para as contas do pódio, o SC Braga vai vivendo a ilusão de se intrometer entre os grandes que lidam com problemas enormes para conseguir somar vitórias. Esta é a história de um dos fins-de-semana mais quentes do outono em Portugal.

Passo acelerado torna vitória fácil

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Gonçalo Guedes abriu o marcador

A dinâmica apresentada pela equipa encarnada vai-lhe permitindo somar vitórias atrás de vitórias e a receção ao Paços de Ferreira não foi exceção. Os pacenses tentaram a sua sorte, apresentando um onze que iniciava pressão no meio-campo adversário, mas poucas vezes conseguiram quebrar a construção de jogo dos encarnados. Problemática era a forma como a equipa de Carlos Pinto deixava espaço para a linha adiantada do Benfica que, quando acelerou o passo, chegou com facilidade ao primeiro golo. Os fogachos dos pacenses, em contra-ataque, não criavam problemas para a equipa de Rui Vitória, que cedo começou a gerir o seu esforço.

Gonçalo Guedes tinha marcado na primeira parte, Salvio e Pizzi fecharam o marcador a 3-0, num jogo onde o resultado poderia ter sido superior, caso o Benfica quisesse manter um ritmo mais elevado na saída para o ataque. Mas o jogo de Liga dos Campeões presente na agenda tinha mais peso do que uma eventual goleada e, a jogar antes dos seus rivais, não sabia ainda o Benfica que o resultado alcançado lhe permitiria ter uma vantagem maior do que aquela com que começou a jornada.

Na Madeira, nevoeiro é um estado de espírito

Ameaças meteorológicas são pouco perante a tempestade que afeta o Sporting. Apenas uma vitória nos últimos cinco encontros da Liga NOS pesam num conjunto que apostava tudo em discutir o título com o Benfica. Perante o Nacional, a mesma inércia que vem afetando as possíveis soluções para sair da crise, às quais se juntou uma grande penalidade falhada que não ajudou a clarear os espíritos dos jogadores.

A equipa sofre porque, apesar do talento disponível, jogadores como Markovic ou Joel Campbell não têm noções que de coletivo que lhes permitam desequilibrar. A falta de Adrien destapou as fragilidades do meio-campo leonino, mas é numa quebra de confiança que vai aumentando jogo após jogo que reside a explicação mais certeira para esta fase do Sporting. Jorge Jesus terá que encontrar, rapidamente, um ponto onde inverter a situação, de maneira a recuperar um grupo com sede de vencer no campeonato português.

O defeito não está no livro, está na leitura

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Dificuldades de construção

A caminho de construir um jogador à Porto, Nuno Espírito Santo terá ainda que juntar as peças para ter uma equipa à Porto. Difícil de perceber? O problema não está no livro, com um plantel que apresenta soluções para transformar a carreira na Liga NOS num percurso bem mais agradável do que está a ser o atual. Depois de uma vitória segura frente ao Arouca, os Dragões tropeçaram em Setúbal e até foi o Vitória quem esteve perto de se colocar em vantagem, num lance bem anulado pelo árbitro assistente.

A equipa de arbitragem esteve sob a mira dos protestos dos portistas, mas para muitos dificilmente se ultrapassará o facto de, com o marcador empatado a zero golo, Depoitre ter ficado sentado no banco. Sem dúvida que Nuno Espírito Santo tem as suas ideias para a equipa, mas a forma como as comunica para fora do grupo parece não estar a resultar. Sempre que se fecham espaços para o ataque dos azuis e brancos a equipa arrisca-se a uma letargia que lhe quebra a progressão. A cinco pontos do líder, o clássico já só servirá para experimentar uma aproximação, nunca uma ultrapassagem.