O Sporting CP cortou as relações institucionais com o SL Benfica. Nada de novo, portanto.
Desde que o Mundo é Mundo, desde que o verbo é, que as relações normais entre os dois clubes vizinhos da Segunda Circular lisboeta são inexistentes.
Por vezes intervalam esta inexisência de relações com algum compromisso que traz sempre alguma vantagem, ora para um, ora para outro e, normalmente, para atingir o FC Porto.
Desta vez o Sporting CP cortou as relações com o SL Benfica numa altura em que já está de relações cortadas com o FC Porto. E se calhar também com a Liga de Clubes, visto ter sido uma das poucas equipas que se afastou do projecto de resolução de um problema que teimava em se arrastar e para o qual o clube não apresentava soluções.
De todas as formas, passando por cima de todos os últimos problemas e das tormentas onde o Sporting CP se tem colocado por vontade própria, desde os discursos mais inflamados do seu presidente Bruno de Carvalho, com referências a nádegas e flatulências, até à novela (não havendo melhor descrição para o que se passou) em que se tornou uma guerra de poder entre Marco Silva, o treinador, e Bruno de Carvalho, o presidente, tendo até como figurante-participante, José Eduardo, um senador, passando pelas picardias entre Bruno de Carvalho, o presidente e eternamente reincidente, e a glória viva Manuel Fernandes, a gota de água que fez transbordar o copo sportinguista foi uma tarja utilizada por uma das claques do SL Benfica, durante o jogo de futsal entre as duas equipas, na tarde de Sábado, onde se aludia à morte de um adepto do Sporting CP, dizendo “very light 96“, numa clara alusão ao episódio de uma final da Taça de Portugal, no Estádio do Jamor, onde um very light lançado da bancada onde estava a claque benfiquista, foi matar um adepto sportinguista que estava numa outra bancada oposta.
No meio disto tudo, não se percebe como as claques continuam a ser defendidas pelos clubes. Ah, pronto, dão espectáculo durante os jogos, pois. São coloridos.
Os Pontos do Sporting CP
Vai daí, e o Sporting CP publicou um comunicado onde tece várias considerações sobre o relacionamento com o SL Benfica nos últimos tempos, em 7 pontos.
Primeiro começa por referir que o Sporting CP é uma instituição centenária, que sempre proclamou os valores da vida humana e a salutar prática desportiva, condenando todos os actos de violência dentro e fora dos recintos desportivos, dando como exemplo o facto de uma carrinha que transportava elementos do SL Benfica ter sido atacada junto ao Estádio José Alvalade e de imediato o clube se ter demarcado dessa acção.

A tarja da discórdia “Very Light ’96”
Em seguida referem a colocação da tarja com os dizeres “very light 96” numa referência óbvia ao very light lançado do lado dos adeptos benfiquistas e que vitimou o adepto sportinguista Rui Mendes, na final da Taça de Portugal entre o Sporting CP e o SL Benfica em 1996, no Estádio do Jamor.
Depois referem que os adeptos benfiquistas, no mesmo jogo, cantavam “amanhã há mais”, referindo-se ao jogo entre o Sporting CP e o SL Benfica que se iria realizar em Alvalade, no dia seguinte.
Continuam a queixar-se que o presidente do SL Benfica, Luis Filipe Vieira, estava no pavilhão a assistir ao jogo e nem ele, nem ninguém da direcção tomaram qualquer iniciativa para parar a provocação.
Vão depois afirmando que no dia seguinte, em pleno Estádio de Alvalade, elementos das claques do SL Benfica lançaram vários artefactos pirotécnicos para o meio dos adeptos do Sporting CP numa tentativa de repetir os acontecimentos de 1996.
E continuam afirmando que a família de Rui Mendes, o adepto falecido em 1996, não só perdeu o seu ente querido como agora teria de ver repetir os mesmo acontecimentos bábaros por parte de elementos do SL Benfica.
Terminam com uma queixa sobre uma comunicação do porta-voz oficial do SL Benfica que, em vez de clamar pela reprovação dos actos, veio somente classificar a posição do Sporting CP de folclorica.
Ad Aeternum
Independentemente das razões que assitem ao Sporting CP, ninguém é virgem nem impoluto nestas estórias todas que envolvem os dois clubes, e outros da Primeira Liga, sem dúvida.

A resposta sportinguista “Sigam o King”
Estiveram mal os adeptos do SL Benfica a chamar à liça, um episódio lamentável e que deveria ser lembrado, mas para não ser repetido.
Esteve mal a direcção do SL Benfica e o seu presidente, Luís Filipe Vieira ao não mandar retirar a tarja, numa clara provocação gratuita do adversário.
Está mal o Sporting CP ao não lembrar o grupo de adeptos do Sporting CP que segue o clube nos jogos grandes mas nem vai aos jogos, entrando em verdadeiras batalhas campais com os adversários.
Está mal o Sporting CP ao cortar as relações com o SL Benfica numa altura em que deveriam juntar-se para resolver os problemas que são comuns e não de um ou de outro clube.
Está mal o clube ao não fechar o fosso que continua a provocar acidentes.
Mas no fundo, está tudo como sempre esteve. O normal funcionamento entre os dois clubes é o corte de relações. A rivalidade é imensa. Mesmo já tendo sido maior. Não há muitos anos a pergunta era “és do Benfica ou do Sporting?” e a resposta tinha consequências. Não de vida ao morte. Mas era uma forma de fazer ou desfazer amizades.
O que não é normal é estarem de braço dado. E é isto a rivalidade. Não têm de ser amigos. Mas têm de se respeitar. E nisso, ambos têm estado mal.
Boas Apostas!