Klopp resumiu muito bem a final de Kiev: uma lesão séria cedo, um golo de levantar qualquer estádio e dois erros clamorosos do guarda-redes que resultaram em outros tantos golos estranhos. Mas o que vai ficar para a história é que os Merengues, depois de uma temporada em sofrimento, cerraram os dentes quando chegou o momento de ganhar a décima terceira Liga dos Campeões, três das quais de seguida. Cristiano fala do Real no passado e gera o caos.
Hala Madrid!
Chamemos-lhe sorte de campeão ou mentalidade vencedora, a verdade é que o Real Madrid personifica a Liga Milionária. O clube espanhol conquistou no sábado passado o décima terceiro troféu na prova da elite do futebol europeu, de longe o mais galardoado de sempre na competição. O AC Milan, que vem a seguir nesta lista, tem praticamente metade (sete). Não foi a primeira tripla de uma equipa na Liga dos Campeões, Ajax e Bayern também o fizeram nos anos 70. O próprio Real conquistou as primeiras cinco de enfiada, nos anos 50, mas não há comparação possível quanto à dificuldade em vencer edições sucessivas no formato atual da competição.

Este golo de bicicleta será, certamente, o ponto mais alto da carreira do galês Gareth Bale.
Ainda por cima, os Merengues tiveram uma temporada para esquecer – à exceção deste final feliz – e passaram períodos francamente complicados, em termos de resultados e exibições nas provas espanholas. O título espanhol cedo ficou fora de alcance, na Taça do Rei foram eliminados nos quartos de final pelo Leganés, mas quando chegou a altura do vai ou racha na Europa, a equipa transmutou-se. Não é que o Real Madrid tenha, de um momento para o outro, começado a jogar um futebol espetacular. Mas veio ao de cima a confiança de quem sabe ser o rei destes grandes palcos. Alinharam-se os obstáculos, duríssimos, mas um a um foram sendo ultrapassados – PSG (3-1, 1-2), Juventus (0-3, 1-3) e Bayern de Munique (1-2, 2-2) – até à final de Kiev.
O homem do jogo foi o improvável Gareth Bale. Digo Improvável porque o galês começou o jogo no banco e só entrou já a segunda parte ia a meio. Quando pôs o pé no relvado, o jogo estava empatado, e Bale fez um golo de antologia, de costas para a baliza, a centro de Marcelo. Aquele golo embalou o extremo do Real – ele de quem se diz estar de saída de Madrid – para uma exibição de redenção. Aos oitenta e quatro, num remate de meia distância, fez o 3-1 e sentenciou a partida.
Nos festejos, Cristiano Ronaldo soltou uma exclamação que sou a despedida, falando da sua passagem pelo Real Madrid no pretérito e criou o caos nas redes sociais.
Liverpool destroçado

É inevitável pensar no que poderia ter sido esta final se Salah não fosse obrigado a sair tão cedo.
Jurgen Klopp resumiu na perfeição o final de Kiev. O Liverpool entrou muito bem na partida, pressionando alto e incomodando o adversário. Mas ao chegar à primeira meia-hora de encontro, Mohamed Salha embrulha-se com Sergio Ramos, cai mal e lesiona-se a sério no ombro. Lágrimas de dor e angústia, o egípcio é obrigado a sair, para susto tanto dos adeptos do clube como da seleção do Egipto. A equipa acusou o choque, ficou destroçada e o resto do primeiro tempo foi de sofrimento, com o Real a tentar explorar o desnorte, sem ser eficaz.
Quando, regressados do intervalo, pareciam esboçar uma reação, Karim Benzema coloca os Merengues em vantagem, aproveitando a primeira branca de Loris Karius, que literalmente lhe colocou a bola no pé. Mesmo assim, o carácter do Liverpool dava para Sadio Mané repor a igualdade cinco minutos mais tarde. Depois veio a obra de arte de Bale, mais um golpe baixo para a moral do conjunto inglês. Deu pena do Liverpool e não há como não ficar a pensar no que teria sido esta final se Salah não saísse de cena tão cedo.