O Manchester United – Real Madrid desta época ficará na história da Liga dos Campeões por ter sido uma eliminatória onde as duas equipas estiveram equilibradas até ao minuto final. Os espanhóis venceram por 2-1 em Old Trafford e seguem na competição, ainda que José Mourinho tenha afirmado, no final do encontro, que “a melhor equipa perdeu”.
Desempate por cartão vermelho
Depois de em Madrid o Manchester United ter segurado um empate graças a uma fabulosa exibição de De Gea, na noite passada, Alex Ferguson montou a sua equipa para impedir que o Real conseguisse marcar. Cleverley e Carrick ficaram com a missão de tapar espaços entre linhas, enquanto Welbeck, Ryan Giggs e Nani exerciam pressão sobre a dupla de médios espanhóis, impedindo a saída de bola em condições. Com esta opção, o Real Madrid ficava como que seco no ataque. Xabi Alonso e Khedira não conseguiam lançar a transição, Ronaldo, entalado entre o meio-campo e Rafael (que o seguia para todo o lado), não tinha espaço e o jogo desenrolava-se perante um encaixe tático que não dava a nenhuma das equipas a vantagem sobre o adversário.
O primeiro rombo neste jogo equilibrado aconteceu logo no início da segunda parte. Welbeck atrapalha-se com a bola na área adversária, esta sobra para Nani que, num centro tenso, vê o esférico tabelar num colega e encontrar Sérgio Ramos que, involuntariamente, coloca a bola na própria baliza sem hipótese de defesa para Diego López. Ambas as equipas mantiveram o seu jogo, já que o Real continuava a precisar de um golo para se manter na eliminatória. Aos 56 minutos, o Manchester United prepara-se para sair para o contra-ataque quando Nani lança a perna para tentar dominar a bola, atingindo Arbeloa em pleno voo. O árbitro turco entendeu mostrar o cartão vermelho ao português, por jogo perigoso, e de repente a eliminatória abria-se para que os bancos tomassem as suas opções.
Rapidez de pensamento
José Mourinho demorou três minutos a retirar Arbeloa e a colocar Modric. Estando o Manchester United com menos elemento a pressionar na saída do ataque, o português dispensa o lateral-direito, claramente o elemento mais frágil do onze do Real, chamando o croata, que vai ocupar o lugar de cérebro da equipa. Ainda que não esteja a fazer uma boa época em Espanha, Modric aproveitou o regresso a Inglaterra para mostrar que tem velocidade, técnica e visão de jogo para mudar partidas. E, já agora, capacidade de remate. Num lance em que foi afastando os defesas adversários até encontrar espaço para chutar, Modric fez o empate aos 66 minutos.
Alex Ferguson continuava a olhar para o jogo na procura de entender que movimento fazer para deter o domínio adversário. Enquanto isso, Higuain e Ozil fizeram uma triangulação no canto direito da área, o argentino libertou-se para centrar e, perante a passividade de Rafael, Cristiano Ronaldo lançou-se para, com a parte de fora do pé, colocar o Real Madrid a vencer por 2-1. O português quase pediu desculpa pelo golo, não o festejando por respeito ao adversário que tanta importância teve no lançamento da sua carreira. José Mourinho teve ainda tempo para fazer mais uma troca, chamando Pepe para o lugar de Ozil e organizando, de novo, a sua defesa com quatro elementos, antes de Alex Ferguson começar a mexer na sua equipa. Quando o escocês o fez, já a eliminatória estava perdida.
Diego López, o homem do jogo
Perante a descida do Real Madrid no terreno, Ferguson colocou Wayne Rooney no lugar de Cleverley, à procura de maior presença no ataque. O avançado inglês tinha ficado, surpreendentemente, no banco, e entrou quando já pouco podia adiantar ao jogo. A estratégia do escocês de deixar Rooney e Kagawa no banco parecia, ao intervalo, estar a resultar na perfeição, mas no final do encontro parece claro que abdicar dos principais jogadores num encontro decisivo é desperdiçar valor que podia ter sido utilizado de outra forma.
Nos minutos finais, o Manchester United conseguiu fazer uma série de remates à baliza adversária, equilibrando o número de tentativas de golo, mas todas elas pararam na parede construída pela fabulosa exibição de Diego López. O guarda-redes que acabou de chegar ao plantel deixou assim a sua marca no percurso europeu do Real, mostrando-se à altura da ambição de uma equipa que parte agora em busca de um título que lhe foge há mais de dez anos. No final de uma eliminatória onde nenhuma equipa foi visivelmente melhor do que a outra, o Real Madrid mostrou ser quem tem mais armas para alcançar a vitória na Liga dos Campeões.
Boas apostas!