Foi sem surpresa que se viu, a partir do banco, a selecção ser comandada por Ilídio Vale. Algures, num dos camarotes do Estádio da Luz, Fernando Santos tentava ver o jogo. De castigo, não ia sentar-se no banco, junto com a equipa técnica da Selecção Nacional, neste jogo contra a Sérvia, nem no próximo, contra a Arménia. Mais tarde queixar-se-ia que não ter conseguido ver o jogo em condições. Fernando Santos queria ter estado lá em baixo, junto ao relvado, a sentir a pulsação do jogo, ver as peças, poder mexer-lhes. No entanto, garantiu, no final do encontro, ter 200% de confiança em Ilídio Vale.

Por outro lado, foi com alguma meia-surpresa que se viu voltar alguns elementos mais antigos da selecção aos seus respectivos postos. Menos Ricardo Carvalho, mais José Bosingwa.

Na ausência de Pepe, e tendo já feito um jogo anteriormente, era de se esperar que Ricardo Carvalho fosse o possível substituto, mesmo estando lá José Fonte, uma nova aposta da selecção pelo excelente trabalho que tem executado no Southampton FC, da Premier League. De qualquer forma, José Fonte acabaria por entrar em jogo à passagem do primeiro quarto de hora para substituir, precisamente, Ricardo Carvalho, lesionado, 4 minutos depois de ele próprio ter marcado o primeiro golo de Portugal e ter aberto o marcador.

A maior surpresa foi, contudo, a inclusão, no onze inicial, de José Bosingwa, especialmnte por estar também, no banco, Cédric Soares.

Houve ainda outras surpresas, que se prenderam com a utilização das peças no tabuleiro de jogo. Fábio Coentrão apareceu mais à frente, no corredor esquerdo, deixando a defesa para Eliseu. A trinco, Fernando Santos colocou Tiago, ajudado por João Moutinho que recuou um pouco mais naquele que tem sido o seu terreno preferido de jogo. A 10 jogou Danny, mas não houve ponta-de-lança, pelo menos fixo, tendo sido uma posição a ser utilizada, em várias alturas por vários jogadores. Cristiano Ronaldo e Nani, os extremos, acabavam por inflectir para o interior e tornavam-se os avançados da equipa.

Fábio Coentrão

Fábio Coentrão com uma noite muito positiva, fora do seu lugar de origem, marcou um golo e deu outro a marcar

No início do jogo, muitas faltas, de parte a parte.

A Selecção de Portugal apareceu mais incisiva e a dominar o jogo. Até à altura do golo, Portugal não deu mesmo oportunidades à Selecção da Sérvia para pegar no jogo e foi com alguma naturalidade que Portugal inaugurou o marcador. Na sequência de um pontapé de canto, os centrais subiram e Ricardo Carvalho acabaria por fazer o primeiro golo do jogo. 4 minutos mais tarde acabaria por se lesionar e ser substituido por José Fonte.

Depois do primeiro golo, pareceu que Portugal tinha o jogo controlado e que seria com alguma naturalidade que o segundo golo surgisse. Mas a verdade é que o tempo foi passando e esse golo não aparecia. E a Sérvia ia conseguindo equilibrar o tabuleiro.

Até ao intervalo o jogo acabou por se situar muito a meio-campo e perder o brilho inicial. Tornou-se muito faltoso. Rematou-se bastante, mas sem norte.

O intervalo acabou por chegar na altura certa para provocar uma pausa e obrigar as duas equipas a rever o seu esquema de jogo. Não estavam a funcionar. Estavam demasiado encaixados um no outro, provocando muita luta, mas pouco futebol. Nas bancadas, no entanto, era o bruá de cada vez que a selecção das quinas fazia um remate mais perigoso em direcção à baliza.

Querer É Poder

No regresso, ambas as equipas pareciam renovadas e, de facto, parecia que vinham com vontade de alterar o estado das coisas.

Mas afinal, depressa acabou por voltar à toada da primeira parte do jogo, com muitas faltas a serem provocadas por ambas as equipas.

À passagem do primeiro quarto-de-hora da segunda parte, e à semelhança da primeira, no seguimento de um pontapé de canto, a Sérvia chega ao golo através de Nemanja Matic, o antigo jogador do SL Benfica, a rematar com força para o fundo da baliza de Rui Patrício, num golo de belo efeito que se irá rever vezes sem conta.

Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo demonstrou ontem que a crise que o tem assolado em Madrid, não veio com ele para Lisboa

Mas não chegou a haver tempo para se sentir o balde de água fria que este belo golo sérvio poderia ter sido. Nem a selecção portuguesa teve tempo para acusar o golo do empate e começar a sofrer com o nervosismo de se ter deixado enredar no jogo adversário porque, 2 minutos mais tarde, Fábio Coentrão acabaria por marcar golo, o segundo de Portugal, e voltar a colocar Portugal à frente no marcador.

Cristiano Ronaldo desmarca João Moutinha, que acaba por servir Fábio Coentrão que só tem de meter a bola na baliza de Vladimir Stojkovic.

A partir do momento em que Portugal recupera a vantagem, passou a controlar bastante bem o jogo e nunca, em momento algum, a Sérvia se agigantou de forma a poder assustar a selecção nacional.

A defesa manteve-se segura, com algum medo de risco por parte de Eliseu, talvez a parte mais fraca de uma linha forte.

No meio campo, Tiago e João Moutinho fizeram um jogo muito sóbrio, fechando muito bem a zona mais recuada, e começando sempre com boa cabeça o início dos ataques.

Na frente de ataque, e à falta de um verdadeiro ponta-de-lança, lá se ia revezando Cristiano Ronaldo, em muito boa forma, e Nani.

Até ao fim do jogo, ainda entraria Ricardo Quaresma, para o lugar de Fábio Coentrão, que manteria o lado esquerdo sérvio sempre em alerta, e William Carvalho, por troca com Danny, um pouco apagado, para fechar ainda mais a defesa portuguesa e evitar males de última hora.

Nani ainda teria nos pés a possibilidade de aumentar o marcador, com um grande remate ao minuto 88. Foi a última grande oportunidade do jogo.

Portugal apresentou-se em campo com a reesponsabilidade de ter de ganhar para poder chegar ao primeiro lugar do Grupo I. E assim fez. Acabou por ganhar à Sérvia com alguma naturalidade. E passou para primeiro lugar do Grupo.

Mesmo sem um ponta-de-lança, a selecção portuguesa foi-se aos golos com a defesa. Como diz o povo, quem não tem cão, caça com gato. E resultou.

Um Passo de Gigante

Com esta vitória, a Selecção de Portugal não garantiu o apuramento para o Europeu de 2016, mas deu um passo muito importante nessa direcção.

Bruno Alves

Foi com uma defesa bastante rigorosa que Portugal começou a criar condições para ganhar o jogo

Com todas as selecções do Grupo com 4 jogos, Portugal é a única com 3 vitórias e 9 pontos. Seguem-nos a Dinamarca e a Albânia, ambos com 2 vitórias e 1 empate e 7 pontos.

Os próximos jogos do Grupo irão opor a Selecção de Portugal à Selecção da Arménia, enquanto a Selecção da Dinamarca recebe a Selecção da Sérvia que, com a derrota de ontem está em maus lençõis, mas ainda não fora da corrida, o que vai dar ao jogo com os dinamarqueses, uma especial importância.

Depois de um início de apuramento desastroso, e que levou à substituição do seleccionador, a selecção portuguesa parece ter encontrado o seu rumo e, mais importante, ter reencontrado os seus adeptos que, ontem, no Estádio da Luz, não se cansaram de incentivar a equipa, e de acreditar, mesmo nos momentos que pareceram mais complicados.

Para já, Fernando Santos parece ter ganho uma equipa, e um público.

Vamos a ver os próximos capitulos.

Na próxima Terça-feira tem um particular com a Selecção de Cabo Verde, com um onze que não pode repetir os jogadores utilizados ontem. Dará para perceber quem estará na segunda linha.

Boas Apostas!