A história do jogo levou-nos de um período em que as defesas defendiam sobretudo o adversário (homem a homem) para passarem a defender sobretudo a sua baliza (defesa zona). Mas o aprimorar desta evolução tem transformado o posicionamento defensivo num sistema que passou a defender áreas de influência, preocupando-se, mais do que defender a sua baliza, em contrariar o desenrolar da ofensiva baseada nos pontos fortes do adversário.

Patrick Vieira

Uma vitória e um empate dão segurança a Patrick Vieira

No encontro deste fim-de-semana dos New York City, Patrick Vieira levou mais longe essa procura de defender as posições de força do adversário, abandonando em definitivo o que possa ser um esquema tático fixo. Foi até curioso entender que, nas redes sociais, quando foi apresentado o onze, muitos se tenham interrogado se estaríamos perante o regresso do W-M. Aceite como um 3-4-3, aquilo que os New York City fizeram foi, nas dinâmicas, bem para lá dessa definição.

 

 

No planeamento de Patrick Vieira, a sua equipa teria que se preocupar com três tipo de ameaça do lado do Toronto FC.

  • A principal, Sebastián Giovinco, avançado muito móvel, capaz de receber de costas para a baliza e arrancar em velocidade em direção ao golo. Para conter o pequeno italiano, Vieira utilizou apenas um defesa central – Jason Hernández – deixando aos dois pivôs defensivos – Bravo e Pirlo – a sobrecarga dos espaços preferidos de Giovinco. Com Bravo a perseguir Giovinco sempre que este recuava à procura da bola, não lhe permitindo a rotação, durante praticamente toda a primeira parte, Toronto só criou perigo a partir de bolas paradas. Foi aliás numa destas perseguições de Bravo que, conquistada a bola, se realizou a transição que deu o segundo golo do City.
  • No lado direito do ataque canadiano, Tsubasa Endoh trazia a fama de uma pré-temporada e de uma primeira jornada em que a sua velocidade parecia mesmo marcar uma diferença em relação ao passado de Toronto. Patrick Vieira destacou Matarrita como o “terceiro” defesa, mas não lhe pediu para fazer nada de diferente em relação à sua posição original de lateral-esquerdo. O costarriquenho controlou todas as iniciativas de Endoh, secando o japonês e obrigando-o a ficar “fora do jogo”. Não se registando, também, grandes subidas da parte de Beitashour.
  • Do lado esquerdo do ataque de Toronto, estava Jonathan Osorio, que é essencialmente um jogador que procura espaços pelo meio e, para o conter, Patrick Vieira deslocou o seu segundo central, Frederic Brillant, para ser uma espécie de lateral-direito interior, que conteve qualquer tipo de iniciativa de Osorio ou de Marky Delgado, o médio-centro que caía também nessa zona, transformando-se num segundo central quando Toronto começou, finalmente (já a perder por 0-2), a tentar um ataque mais organizado, mas ainda assim, sempre com mais preocupações nos dois médios do que em cobrir o avançado-centro.
Saida para o ataque

Posicionamentos médios dos elementos defensivos do New York City

Com este plano, Patrick Vieira colocou a sua equipa a vencer por 2-0 aos trinta minutos de jogo, e manteve superioridade até bem perto dos sessenta, quando a equipa de Toronto começou a tentar modificar os seus comportamentos e a posicionar-se de forma diferente no ataque. Sublinhe-se, que metade dos passes completados com sucesso por Giovinco foram-no a partir do lado esquerdo do ataque. Não chega a ser surpreendente que o golo do empate, marcado por italiano, tenha surgido num lance em que a formiga atómica, escapando à sua área de jogo primordial, acabou a disputar um 1v1 com Brillant.

Patrick Vieira não ganhou o jogo, mas parece começar a ganhar a batalha da credibilidade na MLS, algo que não tem sido fácil para treinadores estrangeiros.