Mas o que é que se passa com esta Liga que está [quase] toda virada do avesso?
O que é que se passa com estas equipas nacionais em que a equipa que comanda a Liga, das candidatas, é a que denota mais dificuldades em ganhar, embora o faça? Em que as outras equipas tradicionalmente mais fortes estão sempre a escorregar? Em que as equipas habitualmente mais fracas estão a produzir milagres? E como é que, quase só com um terço do campeonato disputado, há 2 equipas que parecem irremediavelmente já fora desta Liga?
Ontem, Domingo, foi dia de muitas surpresas.
A já tradicional dificuldade benfiquista na Choupana transformou-se numa difícil vitória. O SL Benfica entrou logo a perder com um golo do Nacional marcado logo no primeiro minuto da partida, por Edgar Abreu, a castigar a desatenção da equipa visitante. Claro que, pouco tempo decorrido, Sálvio repôs a igualdade. Estávamos no minuto 7 e parecia que estava a nascer um grande jogo repleto de golos. Até porque, ao minuto 19, Jonas colocou, pela primeira vez, o SL Benfica em vantagem, a ganhar por 2 a 1. 3 golos em 20 minutos. Mas o que parecia que ia acontecer, não aconteceu.
Depois de se colocar em vantagem, o SL Benfica tentou segurar esse resultado. Não sem muita dificuldade, diga-se. A equipa está desequilibrada. Por vezes apática. E as alterações a que Jorge Jesus se ataca, não parecem favorecer a equipa. Na ausência de Eliseu e Sílvio (ambos lesionados), Jorge Jesus desencantou o multifacetado André Almeida para lateral esquerdo, que esforçado, lá foi dando mais-ou-menos conta do recado, com muitos sustos pelo meio. Mas na bancada, o treinador tinha Benito, o lateral esquerdo de raiz.
Mais inventou Jesus, se calhar a pensar que, na Choupana, seria necessário marcar golos, retirou Samaris e fez recuar Enzo Peréz para trinco. Isso obrigou Talisca a jogar mais recuado, num lugar que, percebeu-se, não é o seu, e não rende como devia.
Ganhou, por outro lado, ao colocar Jonas ao lado de Lima. De Lima, já se percebeu, estar de relações cortadas com o golo, mas joga, faz jogar, e ocupa as defesas contrárias. Como Jonas, até ver, se dá bem com o golo, foi uma dupla que acabou por funcionar: Jonas marcou o segundo golo do SL Benfica, o golo da vitória.
Mas no meio de tudo isto, também tem de se falar no papel de Rui Silva, o jovem guarda-redes do Nacional, que muito contribuiu para os golos benfiquistas. Foram bolas mal defendidas, em ressalto, que acabaram por entrar dentro da baliza, e dar a vitória ao adversário. E o SL Benfica agradeceu, pois acabou por vencer sem muito ter feito por isso. Ou seja, esta equipa do SL Benfica, tem vindo a galgar as ondas da sorte. Vamos ver até onde irão continuar, ou se a equipa arrepia caminho.
Os Empatas
Mas se o SL Benfica teve dificuldade em preservar os 3 pontos de uma vitória conseguida a ferros sobre o Nacional, o mesmo já não se pode dizer sobre os 2 pontos conquistados na Amoreira e em Alvalade. Foram simples e saborosos.
O Sporting CP não conseguiu levar de vencida um surpreendente Paços de Ferreira de Paulo Fonseca
Primeiro entrou em campo o Sporting CP, bastante motivado pela excelente vitória conseguida durante a semana perante o Schalke 04. Do outro lado estava o patinho feio do FC Porto da época passada. Apostado em garantir que houve equívocos quanto à sua pessoa, que o problema do FC Porto, afinal, reside dentro da sua própria estrutura, Paulo Fonseca entrou em Alvalade com 1 ponto mais que a equipa da casa. E trabalhou para que não fosse ultrapassado. E, no mínimo, mantivesse esse ponto a mais que o Sporting CP. Ao intervalo já vencia por 1 a 0, golo de Hurtado, aos 32′, com um remate forte e colocado, já dentro da área sportinguista.
A primeira parte do jogo foi, aliás, toda do Paços de Ferreira. O Sporting CP só muito a espaços lá conseguia criar perigo na baliza de Rafael Defendi.
Na segunda parte, e também beneficiando da expulsão de Sérgio Oliveira, que levou o Paços de Ferreira a jogar os últimos 20′ com menos um jogador, o Sporting CP foi sufocante. A equipa marca logo no reatamento do jogo, por intermédio de Fredy Montero e, a partir daí, só deu Sporting. Os leões entraram na segunda parte completamente virados para o ataque, com Fredy Montero, que entrara a substituir Carrillo, e Carlos Mané, que substituira William Carvalho, ambos ao intervalo, a juntarem-se a Nani e Slimani, e transformando a equipa do Sporting CP numa equipa muito atacante. Tanto que até a defesa foi melhor a atacar (Cédric e Jefferson), que a defender.
Aos 87′, Fredy Montero voltou a meter a bola na baliza adversária, mas o árbitro anulou o golo, alegando que Slimani, que teria tido influência no lance, estaria fora-de-jogo.
No final, 1 ponto ganho ou 2 pontos perdidos para o Sporting CP? É no dizer de Paulo Fonseca, o Paços de Ferreira deveria ter ganho o jogo. A verdade é que o Sporting CP vê o SL Benfica a afastar-se cada vez mais, e o Paços Ferreira a continuar à sua frente.
Novas alterações à equipa, e o FC Porto de Julen Lopetegui não conseguiu superiorizar-se ao Estoril
Sabendo já de todos estes resultados, entrou em campo na Amoreira, o FC Porto que, tal como o Sporting CP, teve uma boa semana europeia, tendo ir ganhar a Bilbau e carimbado, logo ali, a continuidade em prova na Liga Milionária. Foi assim, com alguma naturalidade, que os dragões se colocaram em vantagem no marcador, aos 20′, por intermédio de Brahimi. Mas afinal, vantagem de pouca duração porque, 7′ volvidos, é o Estoril a marcar, por Kuka, e a igualar a partida.
Durante quase toda a partida assistiu-se a um jogo bastante equilibrado, com o Estoril, com menos soluções, a fazer das tripas coração, até que, aos 81′, de grande penalidade, Tozé, por sinal antigo jogador do FC Porto descartado por Julen Lopetegui, marcou o segundo golo e colocou o Estoril à frente no marcador. Deve também dizer-se que esse golo levou a que, no túnel para os balneários, Tozé tenha sido apertado pelos jogadores portistas.
Já passava 4′ dos 90′ regulamentares quando Óliver, que entrara aos 82′, ou seja, depois de o FC Porto estar a perder, para o lugar de Maicon, marcou o golo que, dando o empate, do mal, o menos.
Este FC Porto de Julen Lopetegui continua à procura de si próprio. À frente, com Ricardo Quaresma, Brahimi e Jackson Martinez, as coisas ainda carburaram. Mas atrás, na defesa e mesmo no meio-campo, há indefinição quanto ao que fazer com a bola quando a têm nos pés. E, sem saber como responder à questão, Julen Lopetegui já tornou hábito referir-se à arbitragem quando não consegue ganhar. Mesmo que seja à arbitragem de jogos alheios, ou seja, desculpou o seu empate com a arbitragem do Nacional – SL Benfica que deu a vitória aos encarnados. Aos 26′, numa jogada entre Kuca e Casemiro, na área portista, os canarinhos da Linha reclamam grande penalidade. O árbitro deixou passar. Lopetegui não se lhe referiu.
As Surpresas
Surpresas, à jornada 10, já são muitas.
Com passinhos-de-lã, o Vitória de Guimarães é já o segundo classificado na Liga
O Vitória Sport Clube, o Vitória de Guimarães, está em segundo lugar, 2 pontos atrás do SL Benfica e 1 ponto à frente do FC Porto. Este fim-de-semana foi ganhar por 2 a 1 ao terreno do Arouca. O Vitória de Guimarães em 10 jogos já leva 7 vitórias, 2 empates e uma única derrota. 20 golos marcados e 8 sofridos. E já jogou com FC Porto e Sporting CP.
Entre o sétimo lugar do Sporting CP e o terceiro do FC Porto, estão o Belenenses, o SC Braga e o Paços de Ferreira.
O Belenenses, comandado por Lito Vidigal, está a fazer um campeonato como há muito não fazia. Está em quarto lugar depois de, também neste fim-de-semana ter ido ganhar, por 1 a 0, ao Moreirense. Deve dizer-se que, este Belenenses também tem tido a sorte do seu lado. No jogo de ontem, o Moreirense até foi sempre superior, especialmente na segunda parte, mas perdulário na hora de rematar. O Belenenses veria sorrir-lhe o golo da vitória quando, aos 89′ o árbitro assinalou uma grande penalidade e Tiago Silva não desdenhou a oportunidade.
O SC Braga também recebeu e derrotou, por 2 a 0, um já cada vez mais desesperado Gil Vicente que não consegue encontrar-se com as vitórias. É a única equipa da Primeira Liga que ainda não ganhou qualquer jogo. Quanto ao Braga, já vai com 5 vitórias, 3 empates e 2 derrotas, o suficiente para estar no quinto lugar e à frente do Sporting CP.
Logo atrás do SC Braga vem o Paços de Ferreira que fez uma decepcionante época na temporada anterior, assim como o seu treinador à frente da equipa do FC Porto, e que, agora, os dois juntos, estão no sexto lugar da tabela classificativa, com os mesmos pontos, as mesmas vitórias, os mesmos empates e as mesmas derrotas do SC Braga, e também à frente do Sporting CP, com quem empatou ontem, em pleno Estádio Alvalade.
O Gil Vicente ainda não conseguiu vencer esta época. Este fim-de-semana voltou a perder em Braga por 2 a 0
Mas surpresas também foram as vitórias caseiras de Vitória de Setúbal, sobre o Marítimo, e do Boavista, sobre o Penafiel, as duas vitórias por 1 a 0. As duas vitórias muito festejadas. A mesma terceira vitória para ambas as equipas. E ambas a tentar fugir aos últimos lugares.
Mas surpresas também são, porque muito cedo, a queda de Gil Vicente e Penafiel. São as surpresas negativas.
O Gil Vicente não conseguiu ainda conquistar uma única vitória. Está em último lugar, com 3 pontos. Tem 3 empates e 7 derrotas. Já vai no segundo treinador e não se sabe se ficará por aqui. A equipa está descrente. Frágil. E já muito dificilmente escapará à despromoção. Na Primeira Divisão desde 1990, com algumas descidas e subidas pelo meio, o Gil Vicente já ganhou título de primo-divisionário, e é com alguma surpresa que se vê o clube metido nestes preparos.
Já o Penafiel, que esta época subiu à Primeira Liga, também está em maus lençóis. 1 vitória, 1 empate e 8 derrotas. 6 golos marcados e 19 sofridos. Já vai, também, no segundo treinador da época. E está, à décima jornada, a ver o fosso entre si e o décimo sexto, o primeiro acima da linha de água, a alargar-se. Esperava-se mais de uma equipa que vinha com muita esperança para a nova temporada.
Boas Apostas!
