O Sport Lisboa e Benfica, 17º lugar no Ranking de Clubes, e o melhor clube português, andou anos a tentar manter a estrutura da equipa para tentar ganhar o Campeonato. Quanto menos mexidas, menos alterações, menos revoluções, maior a estabilidade, e maior a capacidade para lutar, com calma e tranquilidade, pelo título.

Chegou finalmente a altura em que o Benfica tem de fazer dinheiro. Todos os anos eram vendidos um ou dois activos (como agora de diz) para tentar equilibrar as contas, mas pelos vistos, este ano, ano em que é campeão em título, ano em que terá de o defender, o dinheiro não chega. Vai daí, o clube da Luz está à beira da revolução. Segundo várias fontes, esta revolução não será alheia à situação no BES – Banco Espírito Santo, que seria parceira do Benfica. Daí, também, o fim do Benfica Stars Fund, o fundo para onde o Benfica encaminhava os seus activos.

As revoluções no Benfica nunca tiveram grandes resultados. Aliás, ainda hoje o clube está a pagar o preço da sua primeira grande revolução quando Artur Jorge foi convidado para treinar o clube encarnado e revolveu, por completo, o balneário. Ainda hoje o Benfica anda a pagar os erros desses tempos. Era bom que não voltassem ao mesmo.

Mas vejamos: sai o guarda-redes titular, dois defesas titulares, três avançados titulares e, provavelmente, dois dos médios, sendo que um deles era indiscutível no onze. Depois de ter saído o trinco da equipa a meio da época e o Benfica tivesse de se reinventar para não deitar tudo a perder – teve sorte, que os seus mais directos rivais também andaram em bolandas -, o Benficaa vê-se em vias de ter de se reinventar outra vez, e esperar que o seu treinador volte a fazer milagres com a quantidade de jogadores que, segundo parece, estão a chegar. Depois dos contingentes argentinos (com uruguaios), veio o contingente sérvio (com alguns croatas) e agora, segundo parece, voltou-se ao contingente brasileiro.

Na Baliza

De Oblak, que já foi vendido ao Atlético de Madrid por 16.000.000€, pouco haverá a dizer. Ganhou, por mérito próprio, a baliza do Benfica, mas protagonizou algumas cenas, no mínimo indecorosas, ao não se apresentar no Seixal em início de época, numa atitude que não é nova, tendo já acontecido no ano passado algo semelhante. Ficam Artur e Paulo Lopes. O primeiro parece já ter perdido a confiança do treinador. O outro é só o terceiro guarda-redes, e assim deve continuar a ficar.

Oblak

Oblak fugiu do Benfica para Madrid

O Benfica já anda a algum tempo à procura de um guarda-redes para ser titular. Muitos são os nomes que têm sido ventilados. Alguns desses já foram descartados. Júlio César (guarda-redes da selecção brasileira no Mundial e do Queen Park Rangers, que esteve emprestado ao Toronto, e que já tem 34 anos) e Diego Benaglio (guarda-redes da selecção suíça no Mundial, e que já passou pelas redes do Nacional da Madeira e está há vários anos no Wolfsburg), por auferirem salários demasiado altos para os cofres da Luz, já foram descartados. Mas continuam na calha outros nomes. Como Keylor Navas (o surpreendente guarda-redes da selecção costa-riquenha e uma das grandes e boas surpresas do Mundial, é do Levante, que pede entre 5 a 10 milhões de euros pelo passe, e segundo as últimas notícias já tinha sido negociado com o Real Madrid), Sergio Romero (guarda-redes da selecção argentina e vice-campeão do Mundial e que esteve emprestado pela Sampdoria ao Monaco, onde foi suplente, mas que tem um salário também elevado) ou Gullermo Ochoa (guarda-redes da selecção mexicana e outra das grandes surpresas do Mundial, que fora do Ajaccio, e está livre, mas tem meio mundo atrás de si).

Mas outros nomes, mais novos, mais desconhecidos, mas com muito potencial, têm sido avançados: Fraser Forster (guarda-redes do Celtic de Glasgow), Gerónimo Rulli (guarda-redes do Estudiantes), Jefferson Galvão (guarda-redes do Botafogo, mas já com 31 anos), Orestis Karnezis (guarda-redes da selecção grega e da Udinese, que esteve emprestado ao Granada), Timo Horn (do FC Köln) e Kiko Casilla (do Espanyol), entre uma série de grandes, ou potenciais grandes guarda-redes, à espera do momento certo, da altura devida. Mas não deveria o Benfica esperar tanto para uma posição chave, onde já não têm ninguém que convenha a Jorge Jesus.

Na Defesa

Na defesa, o Benfica vendeu um dos seus melhores jogadores, o central Ezequiel Garay, que esteve no Mundial ao serviço da selecção argentina, ao Zenit, por 6.000.000€, o que se acha manifestamente pouco para o jogador que é, e o que representava na defesa benfiquista e para o seu companheiro de posição, Luisão. Da mesma forma, o Benfica não accionou a clausula de opção do defesa esquerdo Guilherme Siqueira, que esteve no Benfica emprestado pelo Granada, e que assim acabou vendido ao Atlético de Madrid. Também vendeu o central Stefan Mitrovic, que passou pelo Benfica B, esteve emprestado ao Valladolid, e que acabou por ser vendido ao Friburg, por 1.800.000€ (tinha custado 1.000.000€), sem ter passado pela equipa principal do Benfica. Também saiu o ex-júnior Rony Santos, directamente para o Nacional da Madeira.

Garay

Garay saiu do Benfica, para o Zenit, por 6 milhões?

Ao mesmo tempo, o Benfica acabou por comprar o passe de Sílvio ao mesmo clube madrileno que comprou Siqueira. Mas o jogador está ainda em recuperação da lesão sofrida em Abril, e ainda não se sabe quando é que estará em condições de voltar a jogar. Para assegurar o lado esquerdo da defesa, o Benfica comprou também os passes do suíço Loris Benito, de 22 anos, e que veio do FC Zürich, e ainda Djavan, de 26 anos, do Corinthians Alagoano, mas que no ano passado já tinha representado a Académica da Coimbra por empréstimo do clube brasileiro. Tanto Benito como Djavan também podem jogar como médios, o que tem em conta a recuperação de Sílvio que seria, à partida, o titular da posição.

Para o lado direito da defesa, para o qual o Benfica conta com o uruguaio Maxi Pereira, há 7 anos no clube, e que esteve no Mundial ao serviço da selecção do seu país, o Benfica também contratou Luís Felipe, de 23 anos, ao Palmeiras. Ou o Benfica quer concorrência na direita, ou já está a antever uma possível saída de Maxi.

Dado como certo é o regresso de Lizandro López, que esteve emprestado ao Getafe, que fez uma grande época no campeonato espanhol e que esteve na lista de Alejandro Sabella para ir ao Mundial. Lisandro López é o jogador que vem colmatar a saída de Garay. Mas não estará sozinho, que o Benfica também foi buscar ao Ponte Preta, do Brasil, o central César de 21 anos. Luisão e Jardel continuam de águia ao peito. E, para já, Steven Vitória também.

No Meio-Campo

No meio-campo as coisas não estão muito famosas no Benfica. Desde a saída de Matic, em Janeiro, para o Chelsea de José Mourinho por 25.000.000€, que nunca mais houve um homem forte para o lugar, embora vários passassem por lá e, Fejsa, o jogador natural para o lugar, quando parecia querer conquistá-lo, lesionou-se, perdeu a parte final do Campeonato, e ainda não se sabe quando estará apto para voltar às suas funções de trinco. André Gomes é outro médio que o Benfica já vendeu e que, supostamente, vai jogar no Valencia. Mas também partiu Filipe Nascimento, directamente dos juniores para o Académico de Viseu. E emprestou Jorge Rojas ao Gimnasia.

EnzoPérez

Enzo Pérez, fica na Luz, ou não?

Entretanto o Benfica foi buscar ao Bahia, Anderson Talisca, um jogador ainda novo, com 20 anos, que pode ser um número 10, que falta na equipa. Um jogador que crie as jogadas de ataque, que pense o jogo. Também foi adquirir o jovem polaco de 19 anos, Pavel Davidowicz, ao Lechia Gdansk, mas que deve ir evoluir para a equipa B. Fala-se também no interesse, não negado, mas também não confirmado, em Juan Manuel Iturbe, do Verona, e que já passou pelo FC Porto, e de Emiliano Insúa, do Atlético de Madrid, e que já passou pelo Sporting, e que poderia vir na companhia de Joshua Guilavogui, médio francês que, este sim, o Benfica assumiu quer ter nos seus quadros.

Continuam também na equipa os jogadores André Almeida e Rúben Amorim, que estiveram, ambos, ao serviço da selecção nacional no Mundial, e que são polivalentes, actuando em várias posições no campo, inclusivamente na defesa, Sálvio e Sulejmani. Luis Fariña, jovem médio argentino de 23 anos, e que esteve emprestado ao Baniyas está, agora, de volta ao clube.

Entretanto não se sabe o que irá acontecer a Enzo Pérez, médio argentino e vice-campeão do Mundo, que renovou contrato até 2018, há pouco tempo, mas que poderá sair, falando-se, aliás, de um possível acordo com o Valencia, mas também de Manchester United e Juventus. Esta é contudo, e se a perder, a peça mais difícil de ser recuperada. Enzo Pérez era o pulmão do Benfica do título, um dos seus melhores jogadores, com características muito próprias que demoraram a ser lapidadas.

Mas parece que o meio-campo é a zona onde o Benfica tem mais indecisões e mais faltas se reconhece.

No Ataque

No ataque também houve/há muitas trocas.

O Benfica vendeu Rodrigo (em conjunto com André Gomes, a um fundo, e, supostamente, esse fundo irá levar os dois jogadores para o Valencia) e Lazar Markovic ao Liverpool, por 25.000.000€, um jogador que tinha chegado por 10.000.000€ (ao que consta, o Benfica só irá encaixar 12,5 milhões, o referente a 50% do passe). Também vendeu Derlis González, directamente do Benfica B para o FC Basel. Do Benfica B também saiu Manuel Liz para o Atlético Clube de Portugal. E também cedeu, por empréstimo, Funes Mori, ao Eskisehirspor.

Lazer Markovic

Lazer Markovic, no Liverpool, por 25 milhões

Entretanto, fala-se (fala-se sempre, mas depois continua pelo clube) na saída de Cardoso, de Gaitán e da possível venda de Ivan Cavaleiro (mas este, de qualquer forma, pouco provável).

Mas, ao mesmo tempo, já se dispôs a ir buscar novos jogadores, e fez regressar outros que estavam emprestados.

Os novos são Victor Andrade, um jovem brasileiro de 18 anos, do Santos, Derley, um brasileiro que jogou na equipa do Marítimo no ano passado, Daniel Candeias, que era do Nacional da Madeira e Kevin Friesenbichler, de 20 anos, que veio do Bayern Munique B (embora este jogador deva ser emprestado ou ir para a equipa B).

Regressam, mas sem garantias de ficarem na equipa, os avançados Nélson Oliveira, que esteve no Rennes, Franco Jara, que jogou no Estudiantes, Pizzi, que esteve emprestado ao Espanyol e Ola John, que jogou pelo Hamburg.

Entretanto continuam no Benfica, Djuricic e Lima.

E fala-se do interesse de Jorge Jesus em Bebé, do Manchester United, mas que tem sido constantemente emprestado (Besiktas, Rio Ave e Paços de Ferreira). Jorge Jesus acha que pode fazer de Bebé um grande avançado.

Que Onze?

E assim, que onze terá o Benfica para atacar a defesa do título?

O onze do ano passado era o seguinte: Oblak, Maxi Pereira, Luisão, Garay, Siqueira, Rúben Amorim, Enzo Pérez, Sálvio, Gaitán, Markovic e Rodrigo. Mais-coisa-menos-coisa, com uma-ou-outra alteração, esta era a formação do Benfica. Destes 11 jogadores, 5 deles já não são do Benfica (Oblak, Garay, Siqueira, Markovic e Rodrigo) e, dos restantes, 2 deles têm grandes possibilidades de sair (Enzo Pérez e Gaitán). Ou seja, dos 11 jogadores que faziam a equipa base de 2014, o Benfica perdeu, ou está em vias de perder, mais de metade dessa equipa. Ou seja, o treinador do Benfica tem de recomeçar quase do zero com uma equipa quase nova porque, as opções dentro do plantel, não são, nunca foram, primeiras opções para Jorge Jesus. Que teria um onze mais ou menos assim: Artur, Maxi Pereira, Luisão, Lisandro López, Sílvio (lesionado), Fejsa (lesionado), Rúben Amorim, Sálvio, Lima, Djuricic e Sulejmani.

Luisão

Luisão é agrande referência na defesa do Benfica e o seu capitão

Parece um onze pouco forte e consistente para quem pretende defender os títulos que ganhou no ano transacto (Liga, Taça da Liga e Taça de Portugal) e quer ir o mais longe possível na Liga dos Campeões. Até porque Jorge Jesus começa, já, a construir um nome importante na Europa.

Os próximos dias serão determinantes. A Liga Portuguesa começa a 17 de Agosto, ou seja, daqui a um mês. O Benfica, nas três primeiras jornadas vai receber o Paços de Ferreira, vai ao Bessa jogar com o recém-chegado Boavista e, depois, na terceira jornada, recebe o Sporting CP.

Mas já antes, a 10 de Agosto, o Benfica joga com o Rio Ave, a Supertaça Cândido de Oliveira, em Aveiro, no primeiro jogo oficial da época, e que representa o primeiro troféu em disputa.

No entanto, é já a 18 de Julho que o Benfica joga a Taça de Honra de Lisboa, com o Estoril. Dois dias depois é o segundo jogo, entre os vencedores e entre os vencidos.

Depois, a 26 de Julho, joga a Eusébio Cup, com o Ajax, na Luz. A 2 de Agosto também irá até Londres para defrontar o Arsenal e o Valencia, no Emirates Cup.

E a estas datas ir-se-ão colar outras, que possibilitarão as habituais experiências e a consistência real de um onze que, para já, o Benfica não tem.

Boas Apostas!