A certa altura interroguei-me: é Portugal a seleção mais azarada deste Euro 2016 ou é a Hungria a mais sortuda? Foi um jogo de loucos, numa jornada de loucos, e a seleção portuguesa apura-se para os oitavos de final no terceiro lugar do Grupo F, com três empates. Cristiano Ronaldo voltou a marcar numa partida com seis golos. À espera, nos oitavos de final, está a Croácia, equipa sensação que venceu ontem a Espanha.

Portugal

Apontada como favorita, Portugal apura-se no terceiro lugar do Grupo F, só com empates.

Portugal chegou a França com estatuto. Estando num grupo fácil, entenda-se sem pesos pesados, a maioria esperava que garantisse com facilidade a passagem à fase seguinte, no primeiro lugar do grupo. Nisto, só os portugueses estavam de pé atrás, desconfiados das facilidades. O empate no jogo de estreia, frente à debutante Islândia, refreou o entusiamo e a seleção portuguesa acabou por ir para o último compromisso da fase de grupos a precisar de fechar aí a qualificação. Podemos dizer que Portugal tira vantagem de um Europeu a vinte e quatro.

Portugal desata a marcar, e a sofrer

O grande problema da equipa das quinas nos dois primeiros jogos foi a concretização. Foi a seleção mais rematadora de todas as presentes em França nessas jornadas e marcou apenas um golo, o de Nani, frente à Islândia. Hoje, a pontaria esteve afinada. Marcamos três – Nani, a abrir, o dique, e Cristiano Ronaldo a quebrar a seca em dose dupla – mas sofremos outros tantos, algo ainda mais atípico desta seleção nacional. É certo que dois desses golos concedidos são infelicidades, resultam de um desvio na barreira e na perna de Nani. Mas a Hungria avançou como quis no lado esquerdo da defesa portuguesa e foram essas investidas que deram a proporcionar as situações de concretização.

Cristiano Ronaldo voltou a marcar, em dose dupla.

Cristiano Ronaldo voltou a marcar, em dose dupla.

O encontro exigiu enorme garra por parte dos portugueses. Não é fácil resistir a tantas reviravoltas quando se precisa em absoluto do resultado. Desgasta muito. Cada vez que Portugal achava ter dado a volta, a Hungria repunha a vantagem. As entradas de Renato Sanches e Quaresma mexeram com o jogo, acrescentando dinamismo e recarregando as pilhas. Sendo compreensível não é aceitável que uma seleção como a portuguesa se ponha a defender um empate com a Hungria a dez minutos do final.

Islândia baralha as contas

Aqueles que, como eu, assistiam à partida ouviram o apito final convencidos que Portugal tinha acabado de marcar encontro com a Inglaterra. Mas ao lado, a Islândia tocava-nos as voltas, com um golo nos instantes finais. Assim, os nórdicos asseguraram o segundo lugar do Grupo F, e serão eles a medir forças com os ingleses. A seleção portuguesa cai para terceiro lugar. Fica no lado certo do quadro – evita pesos pesados como Alemanha, França, Espanha ou Itália – mas cruza-se com um adversário pouco apelativo. A Croácia impressionou na fase de grupos, vencendo a bicampeã Espanha e relegando La Roja para o segundo lugar do Grupo D.

O Euro começa agora

O primeiro objetivo está cumprido, nisso Fernando Santos está certo. Passamos a fase de grupos. A partir de agora tudo é possível, num jogo de mata-mata. Talvez a Inglaterra fosse o adversário cero para Portugal, pelo historial dos confrontos nas grandes competições e até pelo estilo de jogo, mais aberto. Os croatas serão um desafio mais exigente. Mas a seleção que sobreviver a esse duelo terá caminho facilitado até à final. E a partir de agora quem quer chegar longe tem que se assumir. O Euro 2016 começa agora.

Boas Apostas!