Portugal qualificou-se para os oitavos de final com uma sucessão de três empates. No final ganhou a vaga a albaneses e turcos, que tiveram adversários bem mais exigentes. A equipa das quinas passou sem vencer nem convencer. Mas agora é o mata-mata e os portugueses vivem para sofrer. No sábado vai defrontar a coqueluche do Europeu e para não ir para casa terá que se superar. Pode não parecer mas estar do lado errado das probabilidades dá-nos mais hipóteses. Vocês sabem do que eu estou a falar.

Portugal ultrapassou a fase de grupos sem vencer uma única partida. O suposto grupo acessível transformou-se imediatamente num cabo dos trabalhos e a seleção portuguesa não conseguiu fazer melhor que três empates frente à Islândia, Áustria e Hungria. Foi repescada como uma das melhores terceiras classificadas, ganhando por um fio a posição a Albânia e Turquia, também com três pontos, que estiveram integradas em grupos bastante mais desafiantes.

Conhecer as limitações

O selecionador português tem que fazer opções quanto ao meio-campo.

O selecionador português tem que fazer opções quanto ao meio-campo.

Demasiada ansiedade que, como os resultados não apareciam, passou a conviver com alguma frustração. Portugal não jogou mal. Tentou muito, mas com pouco critério e menos acerto ainda. A concretização foi um problema nas duas primeira jornadas – parece ter melhorado assim que enfrentaram uma equipa menos retraída – mas não foi o único. Os defesas portugueses suscitavam muitas dúvidas, à partida. Todos menos Pepe. E no final das contas o jogador do Real Madrid, o tal que era consensual, tem sido o menos fiável, o que se quer num defesa central. Raphael Guerreiro era inexperiente e afinal até se destacou. Ricardo Carvalho não está mais novo mas tem sido um dos defesas mais seguros do Euro 2016. Até Vieirinha, sendo melhor a avançar do que a defender, fez o seu melhor. Pelo contrário, Pepe tem querido resolver tudo sozinho, estar em todo o lado.

Puzzle do meio-campo

Mas o maior imbróglio está no meio-campo. João Moutinho não está em condições, é óbvio. No jogo com os húngaros o selecionador teve que reconhecer que não dava. Mas a entrada dupla de Renatos Sanches/ Ricardo Quaresma não funciona como opção inicial. É um excelente trunfo para fazer saltar do banco, mas parte a equipa em duas. A pergunta é esta: Fernando Santos tem coragem de jogar sem Moutinho? Talvez devesse ser o oposto: tem coragem de o pôr a jogar? João Mário rende mais no meio e pode ocupar a posição. A entrada de Adrien, que tantas vozes reclamam implicaria, alterar o losango. Mais natural seria usar Rafa numa das laterais, que dá também garantias na fase de recuperação, o que nunca será demais frente a adversários com maior capacidade ofensiva pelas alas, como a Croácia. Claro que há também a questão da condição física de André Gomes. Fez um bom primeiro jogo mas caiu bastante depois disso, imagino que por ter limitações físicas.

Portugal_conjuntoCristiano Ronaldo vai sempre ter direito a escolta. Nada a que não esteja habituado ou que não se esperasse. O capitão de Portugal ultrapassou aquela história do penálti falhado, acabou com a seca de golos e foi decisivo no resultado que deu o apuramento. A qualquer momento ele pode decidir a partida. Já se sabe que ter um jogador do nível de Ronaldo esvazia um pouca uma equipa, não adianta agora aquela conversa de estar demasiado dependente dele.

Portugal vai defrontar a Croácia no sábado consciente que o adversário tem o favor do momento. Mas essa condição, de lutar contra as probabilidades, é uma em que se sente confortável. Sétima presença num Europeu, seis consecutivas, sem nunca ficar pela fase de grupos. Nas quatro anteriores só por uma vez não foi às meias-finais ou além.

Boas Apostas!