À 21ª jornada, FC Porto e Benfica voltam a separar-se na frente da Liga Zon Sagres. Depois dos Dragões se terem ficado pelo empate a zero no Estádio de Alvalade, o Benfica ultrapassou as dificuldades impostas pelo Beira-Mar e ganharam por 1-0.
Ficou tudo a zero
Jogo estranho para o FC Porto em Alvalade. A equipa de Vítor Pereira era considerada a grande favorita para o clássico, perante um Sporting frágil a todos os níveis. A ausência de João Moutinho deixava uma nota sobre o que poderia fazer a equipa sem um jogador que funciona como motor central do onze, e podemos até começar por aí. Defour teve uma exibição esforçada, mas não consegue ser um substituto à altura de Moutinho – se formos justos, é impossível que alguém o consiga neste momento. Isso acabou por obrigar Lucho González a sair muitas vezes dos terrenos onde se sente mais confortável, para além de lhe exigir um esforço físico que o argentino não conseguiu oferecer. Em resultado deste espartilhamento do meio-campo, Izmaylov e Varela nunca tiveram a bola como estão habituados, deixando o Porto entregue a uma imagem de desconforto.
No entanto, os Dragões, que tiveram a bola durante mais de 60% do tempo de jogo e fizeram 6 remates à baliza adversária, acabaram o jogo com algum alívio por não terem perdido. Jesualdo Ferreira apostou tudo na organização defensiva da sua equipa. Colocou Eric Dier como médio interior esquerdo, Adrien a equilibrar na zona oposta e Rinaudo a limpar a intermediária como é seu costume. Miguel Lopes e Joãozinho apostaram, sobretudo, nas missões à retaguarda. A missão passou por ocupar todo o espaço onde o FC Porto pudesse criar perigo. Matar à nascença as iniciativas azuis e brancas. A tática resultou, sobretudo porque sem Moutinho, e com James ainda muito abaixo da sua forma habitual, o Porto perdeu a capacidade de inventar soluções dentro de campo.
Ricky Van Wolfswinkel acabou por ser o avançado em maior destaque. Por duas vezes, encontrou-se frente a frente com Hélton. Na primeira parte, o remate saiu denunciado, com o brasileiro a estirar-se para uma boa defesa. Na segunda parte, o holandês enrolou a bola e não conseguiu ultrapassar o guarda-redes que estava já fora da área. Um golo do Sporting não seria uma consequência justa para o que aconteceu na partida – se olharmos às estatísticas, o remate de Van Wolfswinkel na primeira parte foi mesmo o único que os Leões fizeram à baliza – mas a opção de Jesualdo era, sobretudo, não perder. Perante o limbo em que se encontrou, Vítor Pereira acabou por aceitar o empate como um mal menor. Sai desta jornada em 2º lugar, mas a depender apenas de si próprio para voltar a ser campeão. Algo que se manterá à prova até à penúltima jornada, quando receber o Benfica no Dragão.
A figura da semana
No início desta temporada, Cícero esteve perto de ser dispensado pelo Paços de Ferreira. O avançado não marcava golos na Liga Zon Sagres desde 2005/06, quando saiu do SC Braga para o Dínamo de Moscovo, e passagens pelo Vit.Guimarães e Rio Ave não tinham tido qualquer resultado. No entanto, Paulo Ferreira manteve o guineense no plantel e, neste momento, é ele a grande referência ofensiva dos pacenses, com quatro golos nas últimas quatro partidas.
Frente ao Vitória de Setúbal, Cícero não só marcou, como também o fez em grande estilo. Primeiro parando no peito um passe de André Leão para finalizar sem hipóteses para Kieszek. Depois, finalizando uma fabulosa jogada em tiki-taka da equipa do Paços. Com esta vitória, o Paços garante mais uma semana na 3ª posição da tabela, esperando pelo que o SC Braga fará hoje em Olhão. É isso que pode agradecer ao avançado.
Beira-Mar agiganta-se frente ao novo líder
O Benfica precisava de vencer para se isolar na frente da Liga Zon Sagres e venceu. Este será o resumo do que aconteceu ontem que mais interessará aos encarnados. No entanto, a exibição do Benfica não deixará de levantar algumas questões sobre o momento que a equipa atravessa. Os primeiros minutos foram do Benfica, que conseguiu chegar ao golo muito cedo, depois de Hugo ter tocado a bola com o braço dentro da sua área. Cardozo assumiu a grande penalidade e pôs os encarnados na frente. Durante o resto do tempo de jogo, no entanto, foi o Beira-Mar quem apresentou mais argumentos para sair a sorrir do Estádio Municipal de Aveiro.
Costinha está a fazer a sua estreia como treinador de futebol e consegue, para já, injetar alegria e confiança no seu conjunto. Rúben Ribeiro assumiu as despesas do jogo, segurando muito bem a bola e proporcionando oportunidades à dupla do ataque, com Yazalde e Abel Camará incansáveis na procura do golo. Os aveirenses não dispuseram de oportunidades flagrantes, mas tiveram mais posse de bola e levaram o seu esforço até ao minuto final da compensação, obrigando Jorge Jesus a tomar opções mais defensivas, chamando Carlos Martins e André Almeida para os lugares de Cardozo e Sálvio, de forma a não fazer perigar o seu último reduto.
Os encarnados chegam à frente cumprindo o que lhes pedia, mas fazendo-o sem brilho. A acumulação de partidas parece não ser tão fundamental quanto o peso da responsabilidade. Ontem era mesmo obrigatório não falhar. Mas Jesus sabe, também, que dois pontos de vantagem não lhe garantem uma caminhada fácil para o título. Daí que nas próximas semanas terá que continuar a encontrar a vitória, na esperança de garantir uma vantagem suficiente perante o seu principal adversário.
Quem quer ir à Europa?
Marítimo e Rio Ave perderam pontos na luta por um lugar europeu. Os madeirenses não conseguiram vencer o Moreirense, em casa, acabando a partida com um empate a uma bola. Os vila-condenses receberam o Estoril e vêm-no ficar a apenas um ponto, depois da derrota por 0-2. Enquanto isso, o Nacional foi ganhar a Barcelos e o Vitória de Guimarães pode também, em caso de vitória, aproximar-se dos lugares da frente. É apenas uma vaga para seis equipas (se aqui juntarmos o Sporting) que irão levar a reta final da Liga Zon Sagres a lutar por uma presença na Liga Europa. A discussão, depois deste fim-de-semana, ficou ainda mais em aberto.
Boas apostas!