É preciso admitir, eu gosto de Planos B. É quando assumimos que o caminho inicial não leva a lado nenhum, respiramos fundo e, assumindo as fragilidades, recorremos ao nosso arsenal de pontos fortes. A escolha de Luís Castro, para substituir Paulo Fonseca à frente dos Dragões, foi exatamente isso. Recuperar as mais-valias que fazem a reputação e património do Porto – a organização, estrutura, modelo de jogo – e encontrar dentro de casa alguém sobejamente familiarizado com elas. Um homem da casa que agarrasse a oportunidade sem se sentir melindrado com o título de interino.
O que correu mal
Aqui tenho que fazer nova ressalva. Eu nem sou daquelas que viam em Paulo Fonseca a fonte de todos os males. Foi uma aposta que não deu certo. Às vezes no futebol, como em tudo na vida, basta bom senso. Como alguém me dizia há dias, não há como falhar quando se faz o que é simples muito bem. Se, depois de dominar o básico de olhos fechados, conseguir subir a fasquia, ótimo. Fonseca começou pelo fim, fez alterações desnecessárias e complicou(-se), como naquela história de insistir em dois médios defensivos em vez de um único trinco. Mas não partilho da indignação de alguns com a vinda de Licá e Josué para o Dragão.
Resumidamente porque aprecio a raça do segundo e acredito que o primeiro pode ser uma segunda linha bastante válida. O problema foi, depois de perder Moutinho e James, ter feito deles “as” contratações da temporada. E aqui, como diz o outro, reside o busílis da questão. O Porto entrou no modo “para quem é bacalhau basta”, ou seja, para ganhar campeonatos em Portugal não é preciso mais do que isto. Isto sendo um plantel curto, sem opções credíveis aos titulares. Uma decisão que ninguém acredita ter sido de Paulo Fonseca.
Homens da casa podem fazer milagres

Luís Castro impõe uma mudança de estilo no Dragão
Eu gosto de Planos B. Porque depois do delírio e ambição do A este é mais honesto, mais realista. E não menos entusiasmante. Luís Castro esteve à frente da academia de formação dos Azuis e Brancos durante sete anos, antes de assumir a equipa de reservas do FC Porto. Quem o conhece fala de um homem calmo, sério e sem necessidade de protagonismos. Muito direto na relação com os jogadores. Fez um longo percurso como treinador, desde o Águeda, mas o momento mais significativo foi a passagem por Penafiel, entre 2004 e 2006. Quando assumiu o banco dos seniores dos Dragões deixou os B’s na liderança da II Liga, ao fim de 32 jornadas. Tem um conhecimento aprofundado dos talentos que se têm estado a desenvolver por lá e como melhor tirar partido deles na equipa principal. Nos cinco jogos que leva como treinador do Porto deu oportunidades a Kelvin, Quintero, Diego Reyes, Ricardo Pereira, Herrera e Kadú, por exemplo. Juan Quintero, em particular, parece ter no novo técnico um forte apoio para finalmente mostrar o seu enorme talento. O pequeno colombiano chegou ao Porto no verão passado e logo deu um ar da sua graça. No jogo inaugural da Liga Portuguesa, frente ao Vitória de Setúbal, marcou o primeiro golo com a camisola dos Dragões um minuto após ter entrado em campo para substituir Defour. A lesão muscular que sofreu em finais de Outubro quebrou esse crescendo que vinha tendo na equipa Azul e Branca. Em Dezembro, quando voltou ao ativo, tinha perdido espaço no onze de Paulo Fonseca e foi o próprio Quintero a pedir para jogar com a equipa B, para recuperar a forma e ritmo de jogo.
Aconteça o que acontecer, sei que o Futebol Clube do Porto vai dar luta. E que tenho um treinador que conhece o plantel, não dispensa um posicionamento inteligente nem tem medo de arriscar. Eu gosto de Planos B e estou confiante.
Boas Apostas!