Cada semana com jogos da Liga dos Campeões são uma mais valia para quem gosta de ver futebol. De futebol ao mais alto nível. E, por vezes, tal como no cinema, cheio de suspense.

Quanto mais se avança na competição, quanto maior é a selecção dos melhores, quando se afunila a qualidade, os jogos podem ser (e numa grande parte, são), verdadeiras obras-primas onde, à competição desportiva, ao intuito de marcar o golo e de derrotar o adversário, se junta o bailado dos artistas.

A caminho dos quartos-de-final já estão duas equipas que, ontem, tiveram desempenhos diferentes. A derrota caseira de Real Madrid e a vitória, também caseira, de FC Porto. Duas equipas com prestações diferentes mas que seguem o mesmo caminho e que podem vir a encontrar-se na final. Se, por um lado, o Real Madrid é sempre um possível finalista e, na maior parte das vezes, um possível vencedor, Herrera, o médio do FC Porto que ontem marcou o segundo golo da sua equipa logo no início da segunda-parte, garantiu que, mais que os quartos-de-final, a equipa (pressupõe-se jogadores e técnicos) está já toda a pensar na final, mesmo sem saber qual o senhor que se segue.

Mas pelo que se viu ontem, no Dragão e no Santiago Barnabéu, tudo pode acontecer, seja a equipa portuguesa a golear nos oitavos-de-final, seja o todo poderoso Real Madrid a ser derrotado em casa, frente aos seus adeptos, e com o Melhor Jogador do Mundo em campo.

Um FC Porto Galáctico

Se ontem jogava a equipa dos galácticos, ela não estava em Madrid, como é habitual, mas sim no Porto.

O FC Porto veio de Basileia com um empate a 1 golo que, não dando margem de manobra, não dando garantias, era pelo menos uma esperança e uma vontade. Era já o início de qualquer coisa boa. Era o princípio de um caminho. E foi assim que, ontem, a equipa do FC Porto subiu ao placo do Dragão, com um caminho principiado, mas ainda com necessidade de concretização.

Ontem reapareceu o argelino Brahimi que, à passagem do quarto-de-hora, com um remate certeiro de um livre directo levou ao primeiro golo, à explosão no Estádio e à garantia que a equipa estava ali para continuar em frente.

Mas na primeira parte o FC Porto ficou-se por este golo de Brahimi. Não que não tentasse o golo. Sempre fora da área. Mas sem o conseguir.

FC Porto 4 - 0 FC Basel 2015

O FC Porto passeou mestria no Dragão, e Brahimi foi o grande mestre do jogo

Só à meia-hora de jogo o FC Basel fez o primeiro remate à baliza de Fabiano que, até então, era [quase] um mero espectador.

Antes deste remate do FC Basel, protagonizado por Streller, houve algo muito mais preocupante para a equipa da casa. Num lance fortuito, Fabiano e Danilo chocaram, o guarda-redes recuperou imediatamente, mas Danilo perdeu os sentidos. Teve de sair do jogo. Para o seu lugar entrou Martins Indi, finalmente de regresso à equipa. Mas o acidente não afectou a equipa.

De regresso do intervalo, a equipa vinha de pé quente e, ainda a equipa adversária não estava colocada no terreno, já Herrera, num grande remate bem colocado, aumentou a vantagem da equipa portuguesa.

10′ depois, é a vez de outro médio, Casemiro, também de fora da área, num potente e bem colocado remate, a fazer o 3 a 0 para a equipa do FC Porto e a, praticamente, sentenciar o jogo.

Se Paulo Sousa ainda acalentava algumas ilusões, elas desfizaram-se por completo. Julen Lopetegui estava ali para construir uma vitoria incontestada e incontestável. Não surpreendeu por isso que ainda antes do final do jogo, o camaronês Aboubakar, que substituiu o lesionado Jackson Martinez, aos 76′, fizesse o 4 a 0 final. Também este um grande golo, num potente remate fora da área.

Já passava dos 90′ regulamentares quando o FC Basel ainda foi a tempo de experimentar uma expulsão.Walter Samuel acumulou o segundo cartão amarelo e acabou expulso.

O FC Porto demonstrou, no jogo com o FC Basel, todo o seu potencial e a razão de estar entre a elite dos melhores 8 clubes europeus que irão disputar os quartos-de-final. E Julen Lopetegui parece estar a mostrar ter aprendido a lição. Ganhou um meio-campo que ontem esteve muito bem, dominou o jogo e pressionou o adversário (Casemiro, Herrera, Evandro e Brahimi). Poucas mexidas na equipa, que passou a ganhar rotinas. E a ganhar jogos.

Um Galáctico Pouco Real

Enquanto em Portugal, o FC Porto goleava os suíços do FC Basel, em Espanha, no jogo entre o Real Madrid e o Schalke 04,  haveria de acontecer ainda muito mais golos. Se no Dragão houve 4 golos, no Santiago Barnabéu houve 7. Não foram foi todos na mesma baliza.

Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo empatou o jogo por duas vezes, e igualou Messi como o Melhor Marcador da Liga dos Campeões, mas não foi suficiente para a noite

E por mais estranho que possa parcer, a equipa da casa não foi a vencedora e, por isso, não foi a equipa que marcou mais golos. No entanto, acabou por beneficiar do resultado conseguido na primeira-mão, na Alemanha, onde foi ganhar por 2 a 0.

O jogo de ontem só veio confirmar a má forma em que está atolada a equipa merengue. E desta vez não foi Cristiano Ronaldo a puxá-la para baixo, antes pelo contrário. CR7 foi um combatente incansável que marcou 2 golos, e por duas vezes conseguiu voltar a empatar o jogo que tendia para os alemães. Tudo isto na primeira-parte do encontro.

No regresso depois do intervalo, Benzema conseguiu colocar o Real Madrid, pela primeira vez no encontro, à frente no marcador. Mas foi sol de pouca dura. 4′ depois o Schalke 04 voltaria a empatar o jogo, com golo de Sané.

Já perto do final do encontro, Huntelaar conseguiu fazer o 4 a 3 para a equipa alemã e o impensável aconteceu: no últimos minutos de jogo, em pleno Santiago Barnabéu, o Real Madrid todo metido à defesa, a tentar fechar todos os caminhos que podessem permitir ao adversário sair de Madrid com o apuramento para os quartos-de-final. Um verdadeiro sufoco. É que bastaria mais um golo ao Schalke 04 para se fazer escândalo. Nas bancadas, os adeptos assobiavam a equipa da casa. O Real Madrid sentia-se acossado, pelos adeptos e pelo adversário.

No dia em que Cristiano Ronaldo apanhou Lionel Messi no topo dos Melhores Marcadores da Liga dos Campeões, ambos com 75 golos marcados, e em que se tornou o Melhor Marcador das Provas Europeias, com 78 golos, o Real Madrid viveu uma noite de verdadeiro inferno que só não foi pior porque acabou por se apurar no limite para os quartos-de-final.

No final, Carlo Ancelotti, consciente da fraca figura frente aos adeptos, e que é um problema que não é de agora, afirmou: “Assim não iremos muito longe.” E tem razão. É que ele sabia que tinha acabado de perder contra uma equipa de Di Matteo, o treinador mais chochinho que andava pela Liga dos Campeões.

Boas Apostas!