Os Houston Dynamo aproveitaram esta pré-temporada para fazer a primeira mudança de treinador da sua história. Dominic Kinnear era figura que fazia parte do património da equipa, desde que se tinha mudado de San Jose, tendo levado os Dynamo a dois títulos na MLS. Mas depois de duas épocas a falhar o playoff, o conjunto texano sentiu a necessidade de mudar.
A aposta passou por Owen Coyle, técnico com passado na Premier League, onde orientou o Burnley e o Bolton, mas a precisar de um novo desafio na sua carreira, depois de passagem sem sucesso no Wigan, a jogar no Championship. Nos primeiros encontros disputados, Owen Coyle apostou, claramente, naquilo que será a melhor herança recebida de Kinnear, um conjunto de jogadores muito experiente e rodado na MLS. Mas enquanto Coyle vai descobrindo o campeonato norte-americano, as duas primeiras jornadas revelam que o treinador está, também, à procura de um estilo. Olhamos para as duas caras dos Houston Dynamo neste início de campeonato.
Solidez a defender

Onze da 2ª jornada
Sendo uma preocupação recorrente nos técnicos das equipas da MLS, o sistema defensivo das equipas tende a apresentar algumas falhas. Isso acontece porque, primeiro, os defesas-centrais costumam ser elementos mais físicos do que técnicos, jogadores possantes, com capacidade para travar duras batalhas, mas lacunas em termos de organização. Para dificultar, há ainda o facto de, habitualmente, os laterais serem muito ofensivos.
Na partida inaugural, frente ao Columbus Crew, Owen Coyle confiou o centro da defesa ao espanhol Rodríguez, que acabado de chegar da Liga BBVA, onde representava o Espanyol, garantia alguma liderança. O jogador acabou por lesionar-se e Horst recuperou o lugar frente aos Orlando City. O problema da equipa foi mais notório no jogo da primeira jornada, onde Coyle tentou resguardar-se descendo ora Boniek Garcia ora Davis para completar uma linha com cinco defesas. Sarkodie é, entre os laterais, aquele que melhor se acomoda à posição de terceiro central.
Mas perante o Orlando City, Coyle já chegou mais atento aos espaços cedidos. Sarkodie e Beasley perderam muita liberdade para subir, aparecendo, ainda, Garrido mais preocupado com a marcação ao médio-ofensivo adversário, Kaká, em lugar de trabalhar no resguardar de toda a zona. Clark, defensivamente, não é um jogador tão cooperante. Foi desta forma que cresceu, e muito, a qualidade defensiva dos Houston Dynamo. A grande diferença esteve no guarda-redes. Depois de uma fantástica exibição na primeira jornada, Deric acabou por ser o carrasco da equipa, marcando um autogolo num lance onde cometeu um erro na reposição de bola no ataque.
Liberdade para criar, ou não?
A primeira jornada mostrou todo o potencial criativo que a equipa dos Dynamo poderá ter. Sinceramente, será por aí que se poderá esperar o melhor do conjunto de Houston. No lado esquerdo, não tendo muita velocidade, Brad Davis compensa isso com um pé esquerdo fantástico. Mais descaído na direita, Boniek Garcia é um perigo à solta. No entanto, procurando ter mais dessa criatividade no centro, Coyle chamou Miranda para a titularidade no segundo jogo. O argentino não tem a mesma rapidez de pensamento que o hondurenho, sendo um jogador bastante imaturo. Essa mudança acabou por fazer perder o Dynamo em toda a linha.
A organização que mais favorece a equipa de Houston é que oferece espaço aos seus criativos. Destacando Bruin para se posicionar entre os centrais, os Dynamo podem aproveitar Barnes e Boniek Garcia, jogadores muito fortes no um para um e com grande capacidade de rasgar entre as linhas do adversário. No jogo com os Orlando City, Owen Coyle optou por entregar os seus criativos à fechada defesa do adversário, perdendo assim a capacidade para criar oportunidades.
Dinâmicas a rever

Barnes é o homem com mais golo nos Dynamo
Sem dúvida que o Houston Dynamo mais interessante foi aquele que se viu jogar na jornada inaugural. A forma como a equipa descia para defender, povoando bem a última linha, precisará de ser afinada na zona central mas revela imenso potencial. Essa mesma dinâmica de “acordeão” surgia no momento ofensivo, com os extremos a ocuparem espaços centrais, abrindo as faixas para as subidas de Sarkodie e Beasley. Sarkodie fez a assistência para o golo na jornada inaugural e voltou a conseguir uma oportunidade semelhante perante os Orlando City.
Owen Coyle aprendeu, também, que jogar para o resultado pode não ser um bom caminho para atingir o sucesso na MLS. Sendo óbvio que o técnico terá ainda que se adaptar a esta competição, a verdade é que conta com um plantel de grande qualidade e com capacidade para organizar o onze de maneiras diferentes. Barnes e Boniek Garcia prometem muito, se forem bem aproveitados, e Rodriguez deixou grande curiosidade para se acompanhar a sua evolução na Liga.
Uma equipa em reconstrução, feita para lutar pelo regresso ao playoff.
Boas Apostas!