E foi assim que passou por nós mais uma semana europeia, centrada, para já, na Liga dos Campeões por onde ainda andam FC Porto, Sporting CP e SL Benfica.
Com necessidades diferentes e obrigatoriedades para cumprir também diferentes, as equipas portugueses acabaram por conseguir resultados diferentes, em jogos que para uns foram mais fácil que para outros, sendo que alguns já estavam apurados para a ronda seguinte, e os outros teriam ainda de se guerrear pela presença na Europa para depois do Natal.
O FC Porto já estava apurado para os oitavos-de-final antes mesmo de entrar em campo na Bielorrússia, fruto das 3 vitórias e um único empate conseguido até ao momento. Julen Lopetegui que se tem dado tão mal com o campeonato nacional, tem conseguido impor-se na Europa, fruto, também, de alguma sorte com o sorteio que lhe colocou à frente Shakhtar Donetsk, Athletic Bilbao e Bate Borisov.
Já o Sporting CP, que vinha de uma saborosa vitória caseira sobre os alemães do Schalke 04, recebeu e bateu o Maribor, obrigatoriedade para quem quereria continuar na Europa. Mas se não resolve já o problema de apuramento para os oitavos-de-final, embora os mantenha em perspectiva, garante-lhes, para já, essa sim certa, a Liga Europa. Marco Silva tem recuperado algum terreno perdido com o empate na Eslovénia e a discutível derrota na Alemanha.
Quanto ao SL Benfica, último dos três a entrar em acção, e o que tinha a mais árdua tarefa pela frente, não conseguiu fazer aquilo a que estava obrigado. Mais uma vez, e debaixo de forte pressão motivada pela perca dos primeiros jogos, o SL Benfica não conseguiu vencer um jogo de primordial importância. Jorge Jesus voltou a mostrar algumas das suas debilidades.
O Porto
O FC Porto, mesmo com uma Europa melhor que a Primeira Liga, voltou a entrar adormecido para só se descobrir em campo na segunda-parte do encontro. O Bate Borisov já encaixou 22 golos, tendo só conseguido marcar 2. Ora, a primeira-parte portista, já por si de forte domínio, não conseguiu traduzir-se em golos. Este Porto entra frágil, mesmo quando, e de longe, a melhor equipa em campo. Mas mastiga, mastiga e não consegue engolir. Pois voltou a ser o mesmo. Dominou, dominou, mas não marcou.

Um FC Porto sem muita pressão, mas a suficiente para levar de vencida um fraco Bate Borisov
Desta vez até Ricardo Quaresma entrou de início e, ao contrário do que tem acontecido, não foi acutilante nem decisivo. Algo que se tornou habitual no jogador: tem tendência para ser fundamental quando entra já com o jogo em andamento, mas torna-se redundante quando entra na equipa inicial.
Mas toda a equipa entrou assim, um pouco amorfa. Muitos toques de bola, afastando o Bate Borisov do jogo, mas sem saber o que fazer com ela. Por vezes este Porto tem tendência para se tornar enervante. Não se entende para onde vai, nem para onde quer ir.
Na segunda-parte tudo se transformou. Desde logo com o golpe de mágica de Herrera, melhor e mais esclarecido jogador da partida, a abrir o marcador com um tiro certeiro fora da área. Isso foi quase logo pelo reinício da partida. E a partir daí, o jogo tornou-se logo ganho para os portugueses. Ao fim de uma hora de jogo, a equipa do FC Porto lá conseguiu aquecer contra o frio de Borisov.
E depois, depois de derretido o gelo de Borisov, Herrera, sempre ele, depois de marcado o golo da vantagem ainda se lançou às assistências, tendo sido dele os passes para os dois outros golos do FC Porto, o segundo marcado por Jackson Martinez e o terceiro por Tello.
Garantida a vitória, e ainda com um jogo por efectuar, mas a garantia dos oitavos-de-final e do primeiro lugar no Grupo, o FC Porto pode virar agulhas para a Primeira Liga, onde não tem andado tão bem, e preparar o jogo com o SL Benfica, esse sim de especial importância, no próximo dia 14 de Dezembro.
O Sporting
O Sporting CP, furioso com a injusta e injustificada derrota na Alemanha, tem vindo a tentar inverter o estado das coisas. Na Terça-feira protagonizou mais um grande passo nesse caminho.

Mesmo com uma hora de paragem ao intervalo por falta de luz, não foi suficiente para retirar o brilho à vitória sportinguista
Os leões receberam, e bateram, os eslovenos do NK Maribor, com um categórico 3 a 1, cujo golo do adversário foi marcado pelo próprio Sporting, na figura do seu defesa Jefferson.
Esta vitória leonina teve o condão de apurar a equipa para a Liga Europa, tendo, ainda, a possibilidade de continuar para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões para o qual existe uma miríade de resultados possíveis com os quais o Sporting pode contar, seja a ganhar, empatar ou até mesmo perder e, mesmo assim, continuar em frente.
Vivendo a caricatural falta de energia em Alvalade, que obrigou à interrupção do jogo durante 1 hora na segunda-parte, nunca a vitória esteve em dúvida. Nani, que se tem revelado um verdadeiro abono desta equipa (e que falta tem ele feito a Louis Van Gaal!), foi, mais uma vez, o mágico que tornou este, num jogo afinal bem simples. E culminou essa sua prestação com mais um golo de sua autoria.
Um pouco como Julen Lopetegui e o seu FC Porto, Marco Silva também se tem dado bem melhor com os ares da Europa que da Primeira Liga. No campeonato nacional, este Sporting está em oitavo lugar e acumula mais empates que vitórias. Já no seu Grupo da Liga dos Campeões, mesmo com os desaires vividos, a equipa olha para cima e só vê o Chelsea de José Mourinho.
Esta equipa que Marco Silva tem gerido o melhor que é possível, não é grande nem grandiosa, no entanto, tem dado o corpo ao manifesto, e isso viu-se na anterior recepção ao Schalke 04 e agora ao Maribor. O jogo, sem ter sido fabuloso nem intenso, foi suficientemente capaz e esforçado para merecer o que acabou por conseguir. Este Sporting dedica-se a procurar o melhor caminho para ser feliz. E tem conseguido encontrá-lo. Jogando como um todo. Apostando em ser equipa.
O Benfica
O SL Benfica foi o último dos portugueses a entrar em acção na Liga dos Campeões e foi o primeiro a ser afastado sem apelo nem agravo. Nada a fazer, a culpa é toda da equipa encarnada e do seu treinador. Sejamos honestos, embora o Benfica tivesse sido mal derrotado no jogo de ontem, onde foi mais incisivo e acutilante que o Zenit, não tendo conseguido, no final, acertar com a finalização, foi no jogo da Luz contra o Zenit e no empate no Monaco que esta equipa assinou o seu afastamento da Liga dos Campeões e dos seus milhões.
Na verdade, ontem o SL Benfica, mesmo não tendo entrado muito bem no jogo, entrou a bloquear o Zenit e a mandar no meio campo. Do Zenit pouco se viu, André Almeida anulou o Hulk, mas do SL Benfica também pouco mais se viu durante a primeira parte.

André Almeida conseguiu parar o Hulk, mas o SL Benfica foi insuficiente para o Zenit
Mas no reatamento, os comandados de Jorge Jesus entraram decididos a vencer o jogo. Lá na frente andava perdido o solitário e ausente Lima. O avançado tem andado arredado dos golos mas também dos jogos. O Benfica dá a sensação de, cada vez que joga com o Lima, de jogar com um jogador a menos. E também não houve o superlativo Talisca que costuma haver.
Embora o trio argentino estivesse a funcionar (Enzo Pérez, Sálvio e Nico Gaitán), uns mais que outros, o resto da equipa ia arrastando-se um pouco pelo campo. O Benfica dominava o jogo, mas fez pouquíssimos remates à baliza. E quem não remata não marca, e quem não marca, sofre.
Esta parece a sina de Jorge Jesus. Garante não ter equipa para todas as frentes (mesmo quando as já teve), e arrisca-se, outra vez, a prescindir de umas e a não conseguir as outras.
É que ainda não chegou ao Natal, a fase de grupos ainda não chegou ao fim (o SL Benfica ainda tem de defrontar o Bayern Leverkusen na Luz) e a equipa já está fora da Europa (este ano nem há direito à Liga Europa). A 14 de Dezembro, o SL Benfica recebe o FC Porto, importante jogo que pode colocar tudo em nova perspectiva. O SL Benfica está obrigado a ganhar e a alargar o fosso para o FC Porto porque, se perde, e se o FC Porto se aproxima dos encarnados, estes já mostraram que não lidam bem com a pressão. E Jesus, depois de ter sido afastado da Europa, e dos milhões que lhe vem acoplado, pode ver-se afastado, ou pelo menos acossado, do caminho para a revalidação do título, façanha que o SL Benfica percorre há muitos anos.
Este Benfica e o seu treinador estão sem grande margem de manobra.
Aos portugueses vale-lhes o bom trabalho de FC Porto e do Sporting CP na Europa. E esperar que continuem assim.
Boas Apostas!