Liga ZON Sagres – E, no final, o FC Porto venceu. Naquele que terá sido um dos campeonatos mais disputados de sempre, com os Dragões a ultrapassarem as Águias em cima da linha da meta, fica a questão sobre o mérito de quem vence e de quem perde. Mas os resultados são claros. O FC Porto é tricampeão.
A polémica que interessa é desportiva
Na derradeira jornada, faltava ao FC Porto vencer em Paços de Ferreira para não deixar dúvidas quanto ao seu título. Num jogo que acabou por ser tomado pela polémica sobre a arbitragem, os Dragões deixaram claro aquilo que demonstraram durante toda a temporada: a equipa portista nunca se deixou impressionar nem por adversários, nem por exigências de adeptos. Vítor Pereira queria ganhar e ganhou. Completou uma temporada sem derrotas, entrando assim na história com um dos poucos técnicos que o alcançou.
O FC Porto nunca mostrou ser a melhor equipa em termos de futebol jogado, da mesma forma que sempre esteve claro que não tinha o plantel mais forte. Se olharmos para as opções de Vítor Pereira percebemos que, muitas vezes, o técnico azul e branco teve que recorrer a jovens ou a jogadores da equipa B. Na reta final do campeonato, Kelvin transformou-se em herói, mesmo nunca tendo mostrado muito mais do que os golos que marcou frente a SC Braga e Benfica. Foi, sobretudo, uma equipa realista. Mas de uma realidade quase sem falhas e, é bom sublinhar, sem derrotas.
Ainda assim, parece certo que Vítor Pereira acabe por deixar a liderança do FC Porto. Gasta, até ao último pingo de suor, a ideia de futebol escolhida por André Villas-Boas (de quem Vítor Pereira foi um seguidor), a administração do clube sabe que nem todo o realismo do mundo serve para manter esta equipa em alta. Daí que, numa evolução na continuidade, se espera que chegue ao Dragão alguém que consiga dar outro perfume ao 4x3x3, sobretudo empolgando mais as bancadas, algo que Pereira teve dificuldade em fazer. A pressão, depois de um tricampeonato, não será grande. Haverá quem esteja disposto a falhar um ano na Liga em troca de mais espetáculo.
A aposta encarnada
O Benfica só saiu do estado de choque onde entrou no jogo com o Estoril na segunda parte do encontro frente ao Moreirense. A perder ao intervalo, parecia que mais um andar do edifício encarnado estava à beira de colapsar. Mas com Cardozo (quem mais) a empatar a partida, tudo se recompôs e o Benfica terminou a temporada em paz com os seus adeptos. Ao contrário do que aconteceu com o seu rival do Norte, os adeptos parecem estar com o seu técnico, apesar da falta de títulos. A forma de jogar atrativa e a presença na final da Liga Europa e da Taça de Portugal são suficientes para animar uma equipa que terá mais uma oportunidade de lutar pelo título no próximo ano.
Na verdade, a temporada encarnada ficou à beira do sucesso por uma questão de minutos. Não tanto por erros determinantes da equipa ou do treinador, mas porque, no futebol, tudo pode acontecer, mesmo quando um título ou um prolongamento parece o seguimento mais lógico. Repetir esta temporada garantiria, na maior parte dos anos, o título nacional e alguns sucessos europeus. É nisso que o Benfica vai continuar a acreditar.
As revelações e as desilusões
Amarelo foi a cor da Liga ZON Sagres. O Paços de Ferreira confirmou um lugar inédito no pódio, com direito a presença no playoff da Liga dos Campeões, enquanto o Estoril vai também estrear-se nas competições europeias, na Liga Europa. Para ambos, este é um passo bem largo, talvez maior do que as suas pernas. Em ambos os casos, também, deverão seguir-se remodelações nos plantéis, com a saída de alguns dos melhores jogadores. Mesmo que isso não prometa muito em relação ao sucesso de ambos nessas competições, o crescimento e o aparecimento de novos clubes, no panorama do futebol português, em posição para disputar estes lugares, é um excelente sinal. Em comum, Paços e Estoril têm o facto de terem as contas em dias e apostarem em jovens treinadores. Uma política que, ao dar resultados, pode inspirar os restantes concorrentes a optarem pelo mesmo caminho.
Entre as desilusões, o Sporting será a maior, já que completa aquela que é a sua pior época de sempre, terminando em oitavo lugar. Vários treinadores, excesso de jogadores a entrar e sair, uma direção totalmente transformada. O Sporting entra agora no ano zero do seu futuro. Tomar opções certas é urgente. Leonardo Jardim, como treinador, parece ser uma boa promessa. Outra desilusão, o Beira-Mar, que apesar do investimento estrangeiro, não foi capaz de manter um ritmo equilibrado durante o total da temporada. A mudança de treinador teve um impacto reduzido e, em último lugar, os aveirenses regressam à Segunda Liga, com algumas dúvidas a pairar sobre o futuro da SAD.
Com Belenenses e Arouca a serem as novidades do próximo ano, entramos agora no período do ano em que contratações e novidades serão diárias. A Liga ZON Sagres estará de regresso lá para agosto. Até lá!
Boas apostas!