Fernando Santos é, hoje, um homem feliz.
Não daquela felicidade suprema de ser pai, ou ser campeão, ou de fazer algo fantástico e transcendente em prol da humanidade. Mas feliz porque vai conseguir continuar à frente da Selecção de Portugal depois de o Tribunal Arbitral do Desporto, lhe ter reduzido o castigo de 8 jogos de suspenção, para 2.
O seleccionador português vai, assim, falhar o banco nos jogos de qualificação para o Europeu, contra a Sérvia no próximo Domingo, dia 29 de Março, e contra a Arménia, a 13 de Junho. A partir daí, Fernando Santos é um seleccionador a 100%, livre de castigos e sanções, livre de se sentar no banco durante os jogos, e livre para trabalhar a sua selecção para que seja uma das finalistas do Europeu de 2016, em França.
O treinador português chegou a afirmar que, caso não lhe fosse reduzida a pena, teria de ponderar a sua presença à frente da selecção nacional, pois achava que não estariam reunidas as condições para dar à selecção o que esta precisaria.
Portanto, depois das notícias de hoje, Fernando Santos já não precisará de ponderar a saída da Selecção de Portugal, e empenhar-se, a fundo, para dar aos portugueses aquilo que eles irão exigir de si: o apuramento para o Europeu 2016 e passar a fase de grupos da Fase Final.
Um Grupo de Trabalho com Novidades
Antes ainda da tomada de decisão sobre o castigo aplicado a Fernando Santos, este fez saber qual a lista de convocados para o próximo jogo de qualificação, no próximo Domingo, dia 29 de Março, no Estádio da Luz, em Lisboa.

A excelente época de Ventura levou-o à Selecção, uma das poucas boas surpresas
E dessa convocatória sairam os seguintes nomes:
Guarda-redes: Rui Patrício; Anthony Lopes; Ventura.
Defesas: José Bosingwa; Cédric Soares; Bruno Alves; José Fonte; Pepe; Ricardo Carvalho; Fábio Coentrão; Eliseu; Antunes.
Médios: William Carvalho; Tiago; André Gomes; João Mário; João Moutinho.
Avançados: Cristiano Ronaldo; Ricardo Quaresma; Nani; Vieirinha; Danny; Éder; Hugo Almeida.
Algumas, poucas, surpresas, e algumas incompreensões.
Começando pelo início, é de supor que as redes sejam entregues a Rui Patrício, como vem sendo hábito. Mas, como também já vem sendo, infelizmente, hábito, Rui Patrício tem vindo a dar algumas, e importantes, fífias, com enorme impacto no resultado na sua equipa, o Sporting CP. Anthony Lopes, o titular da baliza do Lyon, actual líder da Ligue 1, o campeonato francês, era de esperar ter uma oportunidade. Mas tal não deve acontecer. Quanto a Ventura, é um prémio pela excelente época que está a fazer no Belenenses, mas não deve passar da convocatória.
Na defesa pode questionar-se a quantidade. Não é, contudo, uma novidade de Fernando Santos. Já Paulo Bento e, antes dele, Carlos Queirós, gostavam de ter muitos defesas à mão-de-semear. Temos em crer que algumas destas convocatórias são só para agradecer a história, fazer as pazes e partirem em paz, cada um para o seu lado, com uma bela história em conjunto. Porque não se percebe a convocatória de José Bosingwa. Não que esteja em causa o valor do jogador. Mas não há melhor? E com futuro? José Bosingwa tem 32 anos e está longe do que já foi. Por outro lado Cédric Soares, a quem se perspectiva um grande futuro, e tem merecido a confiança de Marco Silva, está em plena ascensão. É previsível que seja dele, o lugar.

O último jogo da Selecção Portuguesa, foi em casa, com a Arménia, e constou de uma magra vitória por 1 a 0
Do outro lado, o esquerdo, estão convocados Fábio Coentrão, Eliseu e Antunes. Sendo certo que Fábio Coentrão é o dono do lugar, não chegava uma opção de substituição? Porquê 3 jogadores para uma posição que tem tido um mesmo jogador desde que o jogador do Real Madrid conquistou o lugar?
4 centrais é para melhor prevenir. Bruno Alves e Pepe serão os titulares. Ricardo Carvalho prepara o adeus (será, talvez, uma convocatória como a de Bosingwa?) e José Fonte um prémio pela época que tem vindo a fazer em Inglaterra.
No meio-campo, os óbvios e obrigatórios. William Carvalho e Tiago e João Mário e João Moutinho e, até, André Gomes. Tudo jogadores com provas dadas no clubes e na selecção. Mas parece uma escolha um pouco curta. Rúben Amorim ainda anda à procura da forma depois de tanto tempo lesionado.
No ataque, mais velhas surpresas. Se os extremos são do melhor que o país já produziu, como Cristiano Ronaldo, Nani, Ricardo Quaresma e Vieirinha, se a 10 temos só uma opção, boa e óbvia, com Danny, não é sem alguma surpresa que vemos a ponta-de-lança Éder e Hugo Almeida. Éder tem sido uma sombra do que prometia vir a ser. Chegou-se a falar do interesse do SL Benfica. Mas os últimos tempos não têm sido simpáticos para o avançado do SC Braga, nitidamente a passar ao lado de uma grande carreira. Quanto a Hugo Almeida, nada que não tivesse já sido dito inúmeras vezes. Um jogador lento, que não é um matador, e que nos últimos tempos tem tido uma vida futebolística errática, tendo passado pelo Cesena, em Itália, mas não tendo conseguido impor-se e estando, agora, desde Janeiro, nos russos do Kuban Krasnodar.
E volta-se à mesma questão: não há pontas de lança em Portugal?
A Qualificação
Mas com mais ou menos ponta de lança, com mais ou menos despedida de jogadores, Portugal vai entrar em campo no próximo Domingo para ganhar o jogo.

Depois da tempestade, a bonança. Fernando Santos, com assunto do castigo resolvido, agora é só pensar no apuramento
A vitória caseira perante a Sérvia, é um passo de gigante em direcção à França do Europeu de 2016.
Este é também o mote lançado por Fernando Santos, numa altura em que já sabia do levantamento do castigo, numa tentativa de voltar a chamar os adeptos da selecção aos estádios, os mesmos que se foram afastando nos últimos tempos de Paulo Bento.
Fernando Santos sabe que a Selecção não fará sentido sem os portugueses. É uma operação de charme, sem dúvida, mas que é necessária. É preciso que Fernando Santos não comece, também, com invenções e teimosias que, por vezes, tendem a ser norma nos treinadores, numa tentativa vã de garantir um grupo coeso e respeito à força.
Esta não é, decerto, a maneira de Fernando Santos.
Mas já todos sabemos que as coisas só funcionam se houver vitórias. Para já, sobre a Sérvia. Lá mais para o fim da Primavera, sobre a Arménia.
É que temos contas a ajustar com a França.
Boas Apostas!