Foi, num abrir e fechar de olhos, o melhor guarda-redes do SL Benfica desde que Robert Enke foi embora de Lisboa. Mas em estilo cometa. Assim como apareceu, estrelado, depressa desapareceu, num céu espanhol.
Quando Jan Oblak substituiu Artur Moraes, por lesão, ficou logo ali assente que aquele lugar pertencia, por direito e qualidade, ao esloveno que o SL Benfica tinha feito rodar por outros clubes com tão boas prestações e que naquela época tinha ficado, finalmente, no plantel.
Há muitos, muitos anos, que a baliza do SL Benfica não era tão bem guardada como o foi ao longo da segunda metade da época passada. Não havia sustos, medos, defesas tremidas, um jogo de pés “ai, Jesus!”. Oblak era a segurança nas costas da defesa. Luisão e Garay só tinham de se preocupar com o que vinha pela frente.
O SL Benfica sempre teve tradição de grandes guarda-redes. Desde Costa Pereira, José Henrique, o popularizado Zé Gato, Bento, Michel Preud’Homme e Robert Enke. É verdade que há/houve outros nomes que também guardaram bem a baliza encarnada, como Silvino, Neno, Quim ou Moreira, mas estes nomes não foram enormes. Foram, tão só, bons guarda-redes. A lista das excepções é curta. É por isso que são excepções. O esloveno foi uma dessas excepções.
Jan Oblak parecia ser, então, o descendente directo dessa linhagem excepcional. Agarrara a oportunidade e remetera Artur Moraes, depois de recuperado, para o banco de suplentes. Por alturas do Natal, o SL Benfica ganhou grande presente e, como tal, também o ofertou aos sócios e adeptos e simpatizantes. Os benfiquistas passaram a ter ali um novo herói.

Meia época titular no SL Benfica e garantia de um guarda-redes de excepção
Mas depois… Depois veio um problema de carácter.
Finda a época, entraram as férias. O prometido descanso. Ou foi sol a mais ou acompanhamento a menos ou promessas de futuras glórias, contas recheadas ou, ainda se ouviu, a pressão das máfias. Mas, Oblak desapareceu. Evaporou-se. Os responsáveis benfiquistas deixaram de saber do jogador. Reapareceu, depois, mais tarde, em Madrid. Queria ir para o Atlético. Forçou a saída. E o SL Benfica não teve outra solução. Abriu mão do jogador e recebeu 16 milhões de euros.
Mesmo com 16 milhões de euros na conta, aos benfiquistas caiu mal esta fuga desnecessária de Oblak. Hoje, ao contrário de ontem, são poucos os casos em que os jogadores permanecem uma vida, ou quase, num mesmo clube. Ainda por cima, se forem jogadores de excepção. O SL Benfica ainda pode gabar-se de poder contar com Luisão e Maxi Pereira, ao fim de tantas temporadas de águia ao peito. Portanto, Oblak, sabia, como sabia toda a gente, que mais tarde, ou mais cedo, sairia do clube, com destino a outro que pagasse mais, ou lhe prometesse um projecto desportivo ganhador, que estará nas ambições do guarda-redes e para o qual trabalhou, acredita-se.
O facto é que Oblak teve pressa. Pressa de sair. Mais tarde ainda veio dizer, numa entrevista, que viu tanta debandada do SL Benfica, que pensou que a equipa se estaria a destruir e que já não conseguisse ganhar nada nos anos vindouros. Em jeito de desculpa.
O que é que se passou, afinal, com Jan Oblak?
O que parece que aconteceu, é que Oblak quis dar um passo maior que a perna.
Em Madrid, ainda não conseguiu ser opção para Diego Simeone. Para o treinador do Atlético Madrid, o número um da baliza colchonera continua a ser o espanhol Miguel Moyà que, nem os seus 30 anos parecem servir a Oblak como pré-requisito para a reforma, sabendo-se da longevidade dos guarda-redes.
Na única vez em que Jan Oblak foi titular, no jogo da Liga dos Campeões, na Grécia, contra o Olympiacos, o Atlético Madrid perdeu por 3 a 2. E, segundo a crítica, Oblak não estaria isento de culpas, podendo ter feito mais do que fez. O certo é que Jan Oblak nunca mais voltou à titularidade e, no regresso à Liga dos Campeões, no jogo que o Atlético vai ter com a Juventus, Diego Simeone já veio avisar que o titular da baliza é Moyà.
Não se afigura nada fácil a vida de Oblak na capital espanhola, quando poderia ser um rei na Luz. Às vezes fazem-se opções erradas. Esperemos que não seja esse o caso de Oblak, até porque era um guarda-redes que dava gosto ver jogar. Por vezes os jogadores deveriam ponderar melhor as suas opções e perceber que há um tempo para tudo. E que tudo deve acontecer quando tem de acontecer. E que muito cedo é, às vezes, cedo de mais.
Boas Apostas!