Vinte e quatro equipas, quarenta e seis jornadas, dois lugares de subida para a Liga NOS, cinco lugares condenados à descida ao Campeonato Nacional de Seniores – a Segunda Liga é o típico campeonato onde tudo (e o seu contrário) pode mesmo acontecer. Há tempo e jogos para a mesma equipa ser revelação e desilusão, há grandes nomes a morrer devagarinho, equipas tradicionais a lutarem pela sobrevivência no profissionalismo e projetos que encontram nesta prova o viveiro mais indicado para criar raízes. Esta é a antevisão (possível) de um dos campeonatos mais loucos da Europa.

O dia depois de teres descido de divisão

É seguro que no dia seguinte a terem confirmado as respetivas descidas de divisão, Gil Vicente e Penafiel se puseram a fazer contas sobre como seria o seu futuro. Ambas são equipas de contas certas (e isso poderia ser tema para um artigo completamente) diferente, o que as faz abordar com segurança a nova temporada. Para o conjunto de Barcelos, a aposta imediata não deverá passar pela subida de divisão, ou pelo menos isso parecem indicar os reforços da equipa. Serginho, guarda-redes que chega do Santa Clara é o nome mais sonante para substituir as muitas saídas verificadas neste grupo. Nandinho é um treinador da casa, vindo dos escalões de formação, e deverá também contar com tempo para crescer enquanto técnico.

João Martins Penafiel

João Martins será um dos líderes do Penafiel esta época

A história do Penafiel parece ser bastante diferente. Os penafidelenses tiveram uma passagem rápida pela Liga NOS e tudo indica que pretendem continuar no sobe-e-desce que lhes tem sido característico, forte demais para a Segunda Liga, frágeis em demasia para o confronto com os grandes. Entre os reforços, vários nomes com currículo neste campeonato, com Bata, Gonçalo Abreu, Tiago Barros, Diogo Melo, Yero ou Djibril na linha de frente, juntando-se ainda jogadores a quem a passagem pela divisão principal só pode ter feito bem. Carlos Brito apresenta-se como um líder natural para atacar a subida.

Outros cromos repetidos entre os primeiros

O Desportivo de Chaves ficou tão perto da promoção que arriscou a ficar marcado por uma espécie de trauma. No entanto, a contratação de Vítor Oliveira, o técnico que mais sucessos soma a promover equipas para a divisão maior, é um claro sinal de que esse trauma pretende ser ultrapassado o mais rapidamente possível. Com o técnico chegam também jogadores que podem ter um impacto imediato na equipa, como Braga, Luís Silva, António Filipe, Nélson Lenho, Ludovic ou Diogo Cunha. Equipa para começar a escapar à concorrência desde cedo, assim a dinâmica coletiva seja encontrada.

O Sporting da Covilhã foi outra das equipas que, no ano passado, conseguiu estar até perto do fim na luta da subida. Francisco Chaló sabe que não tem direito a grandes orçamentos e viu sair Erivelto, Traquina e Kizito. Mas com o regresso de Gui, o empréstimo de Mailó e o amadurecimento do restante plantel, esperará estar, pelo menos, entre o primeiro quarto da classificação. Quem pretende estar nesta luta é o Portimonense. Com um forte contigente brasileiro no plantel, José Augusto parece ter ovos para compor uma omelete. Entre as contratações conhecidas, o nigeriano Fidelis e André Carvalhas poderão ajudar a complementar o projeto algarvio.

Incógnitas ou até onde podem chegar os sonhos?

Estádio Varzim

Póvoa de Varzim, um dos terrenos mais complicados de visitar na 2ª Liga

O Varzim será das equipas mais aguardadas desta Segunda Liga. Apesar de ter, ainda agora, chegado do Campeonato Nacional de Séniores, é inegável que os poveiros vivem o seu clube com uma intensidade que contagia o que apresenta a sua equipa em campo. Começaram já a vencer na Taça da Liga, frente ao Chaves, e Quim Berto sabe bem que lhe exigem um campeonato a olhar para o topo. A contratação de Bruno Moraes dá um toque de Primeira Liga ao plantel aurinegro, mas é da adaptação ao ritmo de uma divisão superior (e com muitos mais jogos) que depende o sonho do Varzim.

O Freamunde andou, no ano passado, entre os primeiros lugares durante muito tempo, mas acabou por cair na reta final. O plantel era curto e Filó nem sempre encontrou soluções para a responsabilidade de ser líder. Este ano, o grupo está fortalecido com investimento e talento argentino, vendo também chegar alguns jogadores que são sinónimo de experiência nesta divisão, como Cafú, Rui Nereu, Pedro Pereira ou Ivan Santos, para além de contar com David Bruno emprestado pelo FC Porto. Quem sabe se não será este o ano dos Capões subirem de divisão?

Quem também conta com novos investidores é o Desportivo das Aves, outra das equipas históricas da Segunda Liga. Com Abel Xavier como novo timoneiro da equipa minhota, Vítor Alves, Tarcísio e Nélson Pedroso são reforços de grande monta, aos quais se junta a manutenção de Quim, que parte para a nova temporada com vontade de repetir o feito de ser reconhecido como o melhor guarda-redes da prova. É por isso que se conta este conjunto entre as potenciais surpresas desta Liga.

O universo B

Como que num campeonato há parte, as equipas B voltam a participar nesta Segunda Liga, embora este ano em menor número. O Marítimo B caiu para o Campeonato Nacional de Seniores e restam assim cinco conjuntos para lutar pelo título dos “bês”.

João Palhinha Sporting

Palhinha deverá continuar a ter muitos minutos na equipa B

O ano passado o Sporting terminou na frente e tudo indica que voltará a estar nessa luta, sob orientação de João de Deus. Benfica e FC Porto também mantém os seus timoneiros, Hélder Cristóvão e Luís Castro, num campeonato onde os prognósticos são sempre complicados, tendo em conta a rotação de jogadores (com descidas de jogadores da A para a B, com a entrada de juniores em momentos menos competitivos da competição de formação), sempre muito alargada nestes conjuntos.
Já para Braga e Vitória de Guimarães, este será um ano de grande exigência e sofrimento. Já no ano passado ambos os emblemas minhotos conviveram com os últimos lugares e, desta vez, com cinco equipas a caírem para o CNS, a história parece ser ainda mais complicada. Jovens jogadores a atuar sob o fio da navalha, até porque se é impossível uma equipa B subir, a descida é igual para todos os concorrentes.

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