Finalizada a primeira jornada da Liga NOS, com recordes de assistência nos estádios e com a emoção em alta em cada partida, já ninguém terá dúvidas de que estamos perante um campeonato que será vivido a doer. Não são só os três grandes – todos eles vencedores nesta jornada – quem se atira para trinta e quatro jornadas de intensa competição. Outras equipas houve que demonstraram não ir deixar de lutar por uma posição no alto da tabela classicativa, enquanto o equilíbrio nas contas da manutenção pode ser também de assinalar.

Fracos sinais de desequilíbrio

Se olhando aos resultados finais vemos que os maiores desequilíbrios se registaram nas partidas disputadas no Estádio do Dragão e da Luz, para quem observou as partidas, não se pode dizer que ambos os resultados tenham sido justos. Verdade que o Vitória de Guimarães atravessa um complicado início de temporada, com Armando Evangelista a ter dificuldades para arrumar as peças que terá para abordar o campeonato. Mas também parece de assinalar que, uma vez ultrapassado este início, a equipa terá um calendário onde poderá provar outra realidade.

Benfica Estoril

Estoril durou 70 minutos e acabou goleado

O Estoril Praia fechou a jornada na última posição, mas demonstrou que tem potencial para fazer algo mais nesta Liga. Durante 70 minutos, assustou o Benfica e criou oportunidades para chegar ao golo. Depois, ao ver-se a perder, Fabiano Soares mexeu na estrutura, mas a equipa não tinha já cabeça para mudar. Os golos acabaram por surgir devido à maior qualidade técnica do Benfica, mas ainda assim os canarinhos levam boas sensações para casa.

Nos encontros em que não participaram os grandes, destaque para a vitória do Arouca em Moreira de Cónegos. Lito Vidigal poderá estar a preparar-se para nova surpresa, revelando uma verdade que muitos preferem ignorar. Um modelo de jogo com ideias e identidade, numa Liga NOS muitas vezes entregue à sorte ou à qualidade individual de poucos jogadores, faz toda a diferença. Assim se comprovou com o Belenenses no ano passado e isso mesmo se poderá voltar a provar com os arouquenses. Pena que tenha sido Miguel Leal, outro dos bons técnicos da competição, a sofrer com este impacto logo a abrir.

Boas estreias

Vitor Paneira

Paneira deixa sinais positivos

Vítor Paneira também sai de posição reforçada nesta primeira jornada. O antigo jogador do Benfica fez a sua estreia na Liga NOS e não desmereceu toda a boa imprensa que teve na Segunda Liga e no Campeonato Nacional de Seniores. Como treinador, Paneira parece apresentar a mesma fibra do seu tempo de jogador, juntando-lhe a enorme experiência acumulada. Fazendo 50 anos esta temporada, o técnico do Tondela recorda-nos tempos em que era necessário fazer um tirocínio pelas divisões secundárias para alcançar o sucesso no topo. A experiência nunca é excessiva. A sua equipa conseguiu organizar-se muito bem defensivamente, beneficiando ainda de jogadores de boa craveira como Bruno Nascimento e Kaká. Ao mesmo tempo, sem se fechar excessivamente na defesa, manteve sempre jogadores muito disponíveis para o contra-ataque, com destaque para Murillo, que na sua apresentação aos portugueses demonstrou como precisa de espaço para fazer respirar o seu futebol.

Um outro jogador a deixar alguma água na boca foi o pequeno Román, do SC Braga, que arriscou a conquista de uma nova alcunha como “Messi da Pedreira”. Os bracarenses não tiveram vida fácil perante um Nacional da Madeira que, uma vez mais, demonstrou ser mais forte na forma como lê e reage ao jogo do que nos princípios adoptados pela equipa. Ainda assim, necessitou do pequeno espanhol para desequilibrar, revelando-se uma peça que poderá vir a ser muito importante para o sucesso do Braga nesta Liga.

Confirmações

Uma só jornada também parece ser o suficiente para confirmar ideias que vêm de outros campeonatos. Guedes, agora no Rio Ave, é um talento à procura do espaço ideal para afirmar a sua importância. Um golo e a jogada para outro devolveram aos vilacondenses a oportunidade de pontuar. Jorge Simão terá, em Paços de Ferreira, também um contexto ideal para crescer e se afirmar como treinador. Petit, no Boavista, vai vender muito caros todos os pontos que tiver que perder neste campeonato.

Pode soar estranho, mas a primeira jornada da Liga NOS conseguiu surpreender pela qualidade de jogadores, pelos golos e pelo entusiasmo da partida. Talvez seja a hora de, mais do que uma boa Liga tática (uma verdade, algumas vezes, deixada por comprovar), podermos apenas gozar do facto de termos uma boa Liga.