E quando menos o faria prever, volta Portugal a estar nas bocas do Mundo. Quanto mais não seja, pela estranheza do acto do qual ninguém estaria à espera. Não se lhe conheciam ambições políticas e, no entanto, ao olhar para a ideia por detrás da acção, até se pensa: faz sentido.
Luís Figo, o vencedor de uma Bola de Ouro, antigo capitão da Selecção de Portugal, craque que passou pelo Sporting CP, Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão, o, nas bocas dos adeptos catalães, peseteiro, candidatou-se à presidência da FIFA, com o beneplácito da Federação Portuguesa de Futebol.
O antigo internacional português veio, assim, juntar-se a Joseph Blatter, que se recandidata, a Michael van Praag, holandês, que já foi dirigente do Ajax, Ali bin Al-Hussein, jordano, príncipe, e actual vice-presidente da FIFA e Jerôme Champagne, francês, diplomata, que já foi dirigente da FIFA, na corrida para o mais alto cargo da toda poderosa organização do futebol mundial.
Um Trajecto
Luís Figo, que nasceu em Lisboa, em 1972, começou desde cedo aos pontapés na bola. A sua primeira equipa foi o União Futebol Clube Os Pastilhas, da Cova da Piedade. Mas depressa deu nas vista e, mais depressa ainda, foi para as camadas jovens do Sporting CP. Foi, aliás, ainda no Sporting CP que Luís Figo subiu aos séniores. Integrou a equipa principal dos leões entre 1989 e 1995. Nesse período de tempo, Luís Figo só ganhou uma Taça de Portugal e uma Supertaça Cândido de Oliveira, precisamente no último ano em Alvalade. No final da temporada de 1994/1995, Luís Figo muda-se para Espanha, mais concretamente para o Barcelona.

Foi no Real Madrid que Luís Figo ganhou os grandes troféus da sua carreira
Mas não foi uma mudança simples. Antes pelo contrário. O Barcelona acabou por ser um último recurso. Falava-se, ao longo da época, que o craque leonino iria assinar por um dos grandes clubes europeus. A verdade é que Luís Figo acabou por se ver no meio de uma disputa legal entre a Juventus e o Parma, por ter assinado pelos dois clubes italianos. Como consequência, o jogador ficou impedido de jogar em Itália pelo período mínimo de 2 anos. Expectante, o Barcelona acabou por aproveitar a deixa e contratá-lo.
Esteve em Barcelona durante 5 épocas, até 2000. E foi no Barcelona que Luís Figo começou a marcar bastantes golos, a fazer inúmeras assistências e a ganhar troféus. Durante o tempo em que esteve no Barcelona, Luís Figo ganhou dois Campeonatos Espanhóis, uma Supertaça de Espanha e, ainda, uma Taça das Taças.
Mas em 2000, volta a criar polémica, desta vez com a transferência do Barcelona para o rival Real Madrid, com valores recorde para a época, e que levou alguns adeptos do Barcelona a desesperar pela saída do ídolo que se tornou, então, inimigo a abater, a quem chamavam de peseteiro, e a quem arremessavam inúmeras coisas para o campo, inclusivamente, uma vez, uma cabeça de porco assada.
Foi, no entanto, no Real Madrid, que Luís Figo ganhou os maiores troféus da sua vida enquanto jogador de futebol. A começar logo pela Bola de Ouro que conquistou em 2000. Esteve em Madrid entre 2000 e 2005. Ganhou por 2 vezes o Campeonato de Espanha, 2 Supertaças de Espanha, uma Liga dos Campeões, uma Supertaça Europeia e uma Taça Intercontinental. Para além de ter marcados muitos golos e feito muitas assistências ao longo dessas 5 temporadas.
Tinha já 33 anos quando, consciente do muito que ainda conseguiria jogar, assina pelo Inter de Milão e, finalmente, consegue ir para o calcio que lhe tinha sido vedado no início da carreira. Pelo Inter ainda consegue ganhar 4 Campeonatos Italianos, 1 Taça e 3 Supertaças de Itália. No Inter, Luís Figo ainda se cruza com José Mourinho. Mas o jogador resolve pendurar as chuteiras no ano em que José Mourinho leva o Inter a conquistar a Liga dos Campeões.
Paralelamente aos clubes por onde foi passando ao longo da sua longa carreira (4 clubes), Luís Figo também produziu uma excelente campanha com a selecção portugues, ele que, juntamente com jogadores como Rui Costa e João Vieira Pinto, foi um dos campeões sub-20 no Mundial da categoria realizado em Portugal.
Um Político?
Depois de penduradas as chuteiras, Luís Figo continuou ligado ao Inter, em funções de direcção.
Para além da sua fundação, que tem o seu nome, FLF – Fundação Luís Figo, é também Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, embaixador da Stop TB Partnership, na luta contra a tuberculose, e é também representante do Inter de Milão, em vários eventos pela Europa, e membro do Inter Campus, um projecto de caridade do Inter de Milão.
Mas mesmo com estas representações a que Luís Figo está associado, nunca se lhe conheceu um desejo ou vontade política. É claro que foi o rosto publicitário do BPN. E que esteve envolvido no caso Taguspark de apoio a José Sócrates. De resto, Luís Figo tem tido uma vida muito lo-fi, sem grandes polémicas nem grandes intervenções.

Luís Figo é, ainda, o jogador português que mais vezes representou a Selecção Nacional
Nas ultimas semanas foi alvo da fúria de uma das irmãs de Cristiano Ronaldo por ter dito que, no seu tempo, jogou com futebolistas melhores que CR7 e Lionel Messi.
De qualquer forma, esta candidatura aparece agregando alguns apoios, desde logo, da Federação Portuguesa de Futebol, preponente da candidatura, do governo português e de muitos antigos jogadores que estão, neste momento, à frente de federações e clubes nos seus países.
Luís Figo parece congregar em si o desejo de mudança, o desejo dos intervenientes no futebol de modificar o estado das coisas e de colocar um dos seus à frente da organização mundial que rege os destinos do futebol.
Joseph Blatter é presidente da FIFA desde 1998, e este ano volta a candidatar-se. À corrida vão também dois elementos ligados às direcções da FIFA, Ali bin Al-Hussein e Jerôme Champagne. Michael van Praag aparece como o representante dos clubes, ele que foi dirigente do Ajax.
Isto tudo numa altura em que a FIFA se depara com alguns problemas e aos quais Joseph Blatter tenta fugir, mas sem sucesso.
Fala-se em corrupção. Desde há muito anos que se fala em corrupção no seio da FIFA, e que terá sido isso a levar o Campeonato do Mundo à Rússia e ao Catar. Também a forma como foi decidido o Melhor Jogador do Mundial de 2014, no Brasil, levantou muitas dúvidas (recorde-se que o escolhido foi Lionel Messi que não fez um Campeonato por aí além).
Luís Figo tem pelo seu lado a juventude, o facto de ser alguém de dentro do futebol e ter sido um jogador que deixou sempre boas impressões por onde passou, com excepção dos adeptos do Barcelona. Um factor muito importante é, segundo consta, o apoio de Michel Platini, o presidente da UEFA e reconhecido adversário de Blatter, que gostaria de ver o português à frente dos destinos do futebol Mundial.
A procissão ainda vai no adro, mas os portugueses e alguns lusófonos já olham para a candidatura de Luís Figo como se fosse a deles próprios. Teria a sua graça Portugal poder contar com um elemento na toda poderosa FIFA. Seria o nosso agente na FIFA.
Boas Apostas!